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James Webb ajuda astrônomos a resolver 'morte cósmica' misteriosa de mais de 35 anos; entenda

Até então, não se sabia quais eram os elementos que existem por trás de uma supernova que se formou após a explosão de uma estrela, altamente densa, em 1987

23 fev 2024 - 20h17
(atualizado às 22h12)
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Uma equipe de astrônomos, com o uso do telescópio espacial James Webb, pode ter desvendado um mistério cósmico que já perdura 37 anos. Trata-se dos elementos que existem por trás de uma supernova (SP1987A), que se formou após a explosão de uma estrela azul, altamente densa, em 1987. O que os cientistas descobriram, e que foi divulgado na revista Science, é que estes objetos cósmicos, até então "escondidos" no universo em meio aos detritos da explosão, podem ser estrelas de nêutrons.

  • As supernovas são a fase luminosa de uma estrela que se explode. Em 1987, uma estrela localizada em uma galáxia próxima da Terra veio a explodir.
  • As luzes dessa supernova, a SP1987A, puderam ser vistas pelas pessoas a olho nu, na época. Mas, o material que se formou a partir dessa explosão era tão denso que os telescópios espaciais não conseguiam captar e registrar quais eram os elementos remanescentes da morte desta estrela, e que se encontravam no núcleo da SP1987A.

As hipóteses são que a partir da supernova esta estrela densa poderia se tornar uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Uma equipe de astrônomos conseguiu avançar nessa questão. Com o poderoso Telescópio James Webb, que tem a capacidade de "enxergar" em frequências infravermelhas, os cientistas encontraram luz de átomos de elementos químicos (argônio e enxofre) que só podem ter sido produzidos pela radiação emitida por uma estrela de nêutron.

Ou seja, não se trata ainda de uma descoberta definitiva, mas são fortes evidências — e inéditas — de que o elemento cósmico presente na SP1987A seja uma estrela de nêutron. A apresentadora do programa da BBC Sky at Night, Maggie Aderin-Pocock, chegou a dizer que os achados dos astrônomos são equivalentes a resolver um "mistério de assassinato".

Claes Fransson, da Universidade de Estocolmo, e principal autor do estudo, explicou a descoberta. "A partir dos modelos teóricos do SN 1987A, a explosão de neutrinos de 10 segundos observada pouco antes da supernova implicava que uma estrela de nêutrons ou um buraco negro se formaram na explosão", disse em nota publicada pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

"Com este observatório, encontrámos agora evidências diretas da emissão desencadeada pelo objeto compacto recém-nascido, muito provavelmente uma estrela de nêutrons", completou.

  • Para se chegar às evidências da presença da estrela de nêutrons, o James Webb foi capaz de encontrar elementos químicos fortemente ionizado, sobretudo argônio. Para se formarem, esses íons precisam de fótons altamente energéticos e que precisam ter uma origem.

"Para criar esses íons que observamos no material ejetado, ficou claro que deveria haver uma fonte de radiação de alta energia no centro do remanescente SN 1987A", disse Claes Fransson. "No artigo discutimos diferentes possibilidades, descobrindo que apenas alguns cenários são prováveis, e todos estes envolvem uma estrela de nêutrons recém-nascida."

Como os achados ainda giram em torno das evidências, as pesquisam continuam. De acordo com a Nasa, os cientistas que investigam a supernova "espera que o estudo em curso forneça mais clareza sobre o que exatamente está a acontecer no coração do remanescente SN 1987A".

"Esperamos que estas observações estimulem o desenvolvimento de modelos mais detalhados, permitindo, em última análise, aos astrónomos compreender melhor não apenas a SN 1987A, mas todas as supernovas com colapso do núcleo", diz a agência espacial dos Estados Unidos.

Estadão
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