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Maior telescópio espacial do mundo é lançado com sucesso; entenda

Sucessor do Hubble, James Webb custou US$ 10 bilhões e demorou 30 anos para ser construído; lançamento foi bem sucedido, mas ainda há desafios pela frente.

25 dez 2021 - 12h55
(atualizado às 19h16)
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Sucessor do Hubble, James Webb consumiu US$ 10 bilhões e demorou 30 anos para ser construído; missão foi bem sucedida, mas ainda há desafios pela frente
Sucessor do Hubble, James Webb consumiu US$ 10 bilhões e demorou 30 anos para ser construído; missão foi bem sucedida, mas ainda há desafios pela frente
Foto: NASA / BBC News Brasil

O telescópio James Webb, que custou US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) e demorou 30 anos para ser construído, foi lançado neste sábado (25/12) com a missão de mostrar as primeiras estrelas a iluminar o universo.

O aparelho foi levado ao espaço por um foguete Ariane a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.

Seu voo durou pouco menos de meia hora, com um sinal confirmando um resultado bem-sucedido obtido por uma antena terrestre em Malindi, no Quênia.

O Webb, que ganhou esse nome em homenagem a um dos arquitetos dos pousos da nave espacial Apollo na Lua, é o sucessor do telescópio Hubble.

No entanto, engenheiros ligados às agências espaciais dos Estados Unidos, Europa e Canadá construíram o novo telescópio para ser 100 vezes mais poderoso.

A decolagem era aguardada com um misto de ansiedade e nervosismo. Milhares de pessoas em todo o mundo trabalharam no projeto nas últimas três décadas e, embora o Ariane seja um foguete muito confiável, não há garantias nesse processo.

James Webb é tão grande que teve de ser dobrado para caber no nariz de seu foguete de lançamento
James Webb é tão grande que teve de ser dobrado para caber no nariz de seu foguete de lançamento
Foto: NASA/Chris Gunn / BBC News Brasil

O lançamento do Webb é apenas o início do que será uma série complexa de atividades iniciais nos próximos seis meses.

O telescópio está sendo posicionado em um caminho rumo a uma estação de observação a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra.

Ao viajar para esse local, o Webb terá que se desfazer de sua configuração 'dobrada' original de seu lançamento — como uma borboleta emergindo de sua crisálida.

Isso não será fácil, reconheceu o administrador da Nasa Bill Nelson: "Temos que perceber que ainda há inúmeras coisas que têm que funcionar e têm que funcionar perfeitamente. Mas sabemos que em uma grande recompensa há um grande risco. E esse é o propósito disso. Por isso, nos atrevemos a explorar."

No centro das capacidades da nova instalação está seu espelho dourado de 6,5 m de largura, quase três vezes o tamanho do refletor primário do Hubble.

A ótica ampliada, combinada com quatro instrumentos super-sensíveis, deve permitir aos astrônomos olhar mais fundo no espaço — e, portanto, mais para trás no tempo — do que nunca.

Foto registrada do topo do foguete Ariane enquanto Webb se separa para iniciar próxima fase de sua jornada
Foto registrada do topo do foguete Ariane enquanto Webb se separa para iniciar próxima fase de sua jornada
Foto: Arianespace / BBC News Brasil

Um alvo importante será a época das estrelas pioneiras que acabaram com a escuridão que teoricamente se apoderou do cosmos logo após o Big Bang, há mais de 13,5 bilhões de anos.

Foram as reações nucleares nesses objetos que teriam forjado os primeiros átomos pesados essenciais para a vida — carbono, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.

Outro objetivo geral de Webb será sondar a atmosfera de planetas distantes. Isso ajudará os pesquisadores a avaliar se esses mundos são habitáveis de alguma forma.

"Estaremos entrando em um novo regime de astrofísica, uma nova fronteira; e é isso que deixa tantos de nós animados com o Telescópio Espacial James Webb", disse Heidi Hammel, astrônoma planetária e cientista interdisciplinar da missão.

O processo de 'desenrolamento' leva cerca de duas semanas. O grande espelho de Webb então precisa ser focalizado. Os 18 segmentos que formam esse refletor têm pequenos motores na parte traseira que irão ajustar a curvatura.

"E o mais importante é que tudo tem que esfriar muito", explicou Mark Mark McCaughrean, consultor científico sênior da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

"Esse telescópio, na verdade, estará a menos 233 graus Celsius. Só então ele irá parar de brilhar nos comprimentos de onda infravermelhos além do visível onde queremos que ele funcione. E só então conseguirá tirar as fotos sensíveis do Universo distante, onde nasceram as primeiras galáxias e de planetas girando em torno de outras estrelas. Portanto, há um longo caminho a percorrer", acrescentou.

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