Maior telescópio espacial do mundo é lançado com sucesso; entenda
Sucessor do Hubble, James Webb custou US$ 10 bilhões e demorou 30 anos para ser construído; lançamento foi bem sucedido, mas ainda há desafios pela frente.
O telescópio James Webb, que custou US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) e demorou 30 anos para ser construído, foi lançado neste sábado (25/12) com a missão de mostrar as primeiras estrelas a iluminar o universo.
O aparelho foi levado ao espaço por um foguete Ariane a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
Seu voo durou pouco menos de meia hora, com um sinal confirmando um resultado bem-sucedido obtido por uma antena terrestre em Malindi, no Quênia.
O Webb, que ganhou esse nome em homenagem a um dos arquitetos dos pousos da nave espacial Apollo na Lua, é o sucessor do telescópio Hubble.
No entanto, engenheiros ligados às agências espaciais dos Estados Unidos, Europa e Canadá construíram o novo telescópio para ser 100 vezes mais poderoso.
A decolagem era aguardada com um misto de ansiedade e nervosismo. Milhares de pessoas em todo o mundo trabalharam no projeto nas últimas três décadas e, embora o Ariane seja um foguete muito confiável, não há garantias nesse processo.
O lançamento do Webb é apenas o início do que será uma série complexa de atividades iniciais nos próximos seis meses.
O telescópio está sendo posicionado em um caminho rumo a uma estação de observação a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra.
Ao viajar para esse local, o Webb terá que se desfazer de sua configuração 'dobrada' original de seu lançamento — como uma borboleta emergindo de sua crisálida.
Isso não será fácil, reconheceu o administrador da Nasa Bill Nelson: "Temos que perceber que ainda há inúmeras coisas que têm que funcionar e têm que funcionar perfeitamente. Mas sabemos que em uma grande recompensa há um grande risco. E esse é o propósito disso. Por isso, nos atrevemos a explorar."
No centro das capacidades da nova instalação está seu espelho dourado de 6,5 m de largura, quase três vezes o tamanho do refletor primário do Hubble.
A ótica ampliada, combinada com quatro instrumentos super-sensíveis, deve permitir aos astrônomos olhar mais fundo no espaço — e, portanto, mais para trás no tempo — do que nunca.
Um alvo importante será a época das estrelas pioneiras que acabaram com a escuridão que teoricamente se apoderou do cosmos logo após o Big Bang, há mais de 13,5 bilhões de anos.
Foram as reações nucleares nesses objetos que teriam forjado os primeiros átomos pesados essenciais para a vida — carbono, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.
Outro objetivo geral de Webb será sondar a atmosfera de planetas distantes. Isso ajudará os pesquisadores a avaliar se esses mundos são habitáveis de alguma forma.
"Estaremos entrando em um novo regime de astrofísica, uma nova fronteira; e é isso que deixa tantos de nós animados com o Telescópio Espacial James Webb", disse Heidi Hammel, astrônoma planetária e cientista interdisciplinar da missão.
O processo de 'desenrolamento' leva cerca de duas semanas. O grande espelho de Webb então precisa ser focalizado. Os 18 segmentos que formam esse refletor têm pequenos motores na parte traseira que irão ajustar a curvatura.
"E o mais importante é que tudo tem que esfriar muito", explicou Mark Mark McCaughrean, consultor científico sênior da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
"Esse telescópio, na verdade, estará a menos 233 graus Celsius. Só então ele irá parar de brilhar nos comprimentos de onda infravermelhos além do visível onde queremos que ele funcione. E só então conseguirá tirar as fotos sensíveis do Universo distante, onde nasceram as primeiras galáxias e de planetas girando em torno de outras estrelas. Portanto, há um longo caminho a percorrer", acrescentou.