Médico brasileiro oferece tratamento sem comprovação científica por R$ 200 mil

O médico brasileiro Marc Abreu oferece tratamento sem nehuma comprovação científica para câncer, alzheimer, parkinson e outras doenças por R$ 200 mil por sessão. Os procedimentos são realizados em uma clínica na cidade de Aventura, na Flórida (EUA), e a maior parte dos pacientes é composta de brasileiros. 

O Fantástico, da TV Globo, exibido no domingo, 17, entrevistou Abreu e trouxe relatos de pacientes que que submeteram ao procedimento, sem obter nenhuma melhora. Além de relatos de pessoas que venderam a casa, o carro, fizeram vaquinha ou pediram empréstimos para conseguir pagar o tratamento e também não apresentaram melhoras. 

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Segundo a matéria, o médico Marc Abreu não desenvolveu estudos prévios de segurança, tampouco consegue explicar o funcionamento exato do aparelho responsável pela indução de sinais ao cérebro. Dario Rodrigues, médico e cientista, entrevistado pelo programa, presidiu a sessão de um evento na Califórnia no qual Abreu anunciou a suposta cura de câncer de um de seus pacientes. Segundo ele,ninguém no evento compreendeu a técnica apresentada pelo médico brasileiro. As informações apresentadas eram superficiais e sem respaldo científico. 

“Tem que ser feito um estudo com vários pacientes. Normalmente, a primeira fase de estudos clínicos tipo 5, 10 pacientes, talvez 20 pacientes em que os primeiros vão ser avaliados só para segurança”, explicou Dario Rodrigues. Segundo a matéria, Abreu não realizou nenhuma dessas etapas.  

"Quando eu penso que ele passou duas vezes por aquilo para nada...dói [...] Não é justo o que ele faz com o sentimento das pessoas, do doente e da família", disse Daisy Braun, irmã de ex-paciente de Marc Abreu, que faleceu em decorrência da Esclerose Lateral Amiotrófica.

A assessoria de imprensa do médico Marc Abreu repudiou as acusações feitas na matéria, ressaltando que "em momento algum, como repetido na reportagem, foi vendida a cura para doenças aos pacientes [...]e que após o tratamento, os pacientes são orientados a realizarem acompanhamento como em uma prática médica habitual no Brasil, com retorno à consulta", disse o comunicado enviado ao Terra.  

Tratamento 'milagroso'

Marc Abreu inventou um equipamento, aprovado pela Agência de Saúde Americana, que atua como um termômetro cujo objetivo é induzir sinais no cérebro, modificando as proteínas de choque térmico. O aparelho surgiu da descoberta do Túnel de Temperatura Cerebral, de 2003, feita pelo próprio Abreu. No entanto, a descoberta não foi publicada em revistas científicas e nenhum tipo de pesquisa foi feita sobre a sua segurança, funcionamento ou eficácia. O tratamento já é oferecido por Mac Abreu há 7 anos. Cada sessão custa em média R$ 200 mil reais, informou o Fantástico. 

Formação 

Formado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina, Marc Abreu, logo trocou o Brasil pelos Estados Unidos após a residência. Segundo o Fantástico, o médico se apresenta como pesquisador da Universidade Yale e como inventor de um tratamento inovador contra diversas doenças como câncer, alzheimer e parkinson.

A matéria confirmou que Abreu, na verdade, foi instrutor clínico em Yale, uma espécie de monitor de alunos que estão nos últimos anos do curso de medicina. Além disso, o médico só publicou quatro artigos científicos no decorrer da carreira e nenhum envolvia o suposto tratamento inovador. 

Leia abaixo a nota oficial do Instituto Médico BTT

O Instituto Médico BTT repudia e esclarece diversas inverdades exibidas na edição de 16 de julho do programa Fantástico, da Rede Globo. A matéria foi uma tentativa explícita de desmoralização, com viés opinativo, na qual foram descartadas e desconsideradas informações importantes prestadas pelo Instituto Médico BTT e dos seus pacientes que se submeteram ao tratamento de túnel térmico cerebral, na qual a equipe de reportagem do Fantástico foi convidada pelo próprio Dr. Marc Abreu a passar uma semana acompanhando dois tratamentos in loco na clínica localizada em Aventura, no estado da Flórida, nos EUA.

Em ambos os tratamentos citados anteriormente, os pacientes documentaram melhoras, além de relatarem restauração de funções anteriormente perdidas e comprovadas por testes padrões de análises motora, sensorial e cognitiva, antes e depois do tratamento, em que tudo foi capturado pela equipe de reportagem do Fantástico. Porém, nenhuma das imagens ou menção aos pacientes foram exibidas pelo programa dominical, incluindo muitas horas de filmagens nas casas desses pacientes, nas quais eles mostraram restauração de funções, mas que o Fantástico não as mostrou.

Por este motivo, um site em português do Instituto Médico BTT será criado, com todos os vídeos e trechos das entrevistas realizadas pelo programa de TV, exibidos na íntegra, além de depoimentos de pacientes, informações sobre o tratamento, entre outros, que também foram gravados pelo Fantástico, mas intencionalmente não mostrados na edição final levada ao ar. Em breve, todos poderão acompanhar a visita da equipe de reportagem do Fantástico ao Instituto, sem cortes, pelo site http://institutomedicobtt.com.

O Instituto Médico BTT reitera que o tratamento de túnel térmico cerebral (BTT na sigla em inglês para “Brain Thermal Tunnel”) é experimental, como detalhado e documentado no formulário preenchido pelo paciente antes de realizar o tratamento, com ampla base científica e resultados consistentes, além da tecnologia utilizada pelo Dr. Marc Abreu ser aprovada pela agência regulatória de saúde do governo federal dos Estados Unidos, a FDA, equivalente à Anvisa no Brasil. Em momento algum, como repetido na reportagem, foi vendida a cura para doenças aos pacientes. Importante ressaltar que após o tratamento, os pacientes são orientados a realizarem acompanhamento como em uma prática médica habitual no Brasil, com retorno à consulta.

No caso do Instituto Médico BTT, o próprio Instituto entra em contato para agendar consultas de acompanhamento para duas semanas, dois meses, seis meses e um ano após o tratamento. Em casos específicos, o acompanhamento é estendido para um período maior e, com base nesse acompanhamento, são definidas se existe a necessidade de novas sessões do tratamento para manutenção das melhoras.