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Mesmo em meio à seca, Tailândia celebra o Ano Novo com "guerra de água"

15 abr 2016 - 06h11
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A Tailândia comemora nesta semana a chegada do Songkran, o Ano Novo budista, um festival cujo protagonista indiscutível é a água, e no qual a popular brincadeira de encharcar amigos e estranhos acontece sem parar, apesar de o país sofrer uma das piores secas das duas últimas décadas.

Passar pela Silom Road, a principal avenida de Bangcoc, nestes dias e sair ileso - ou melhor, seco - é uma verdadeira façanha. Centenas de pessoas protagonizam uma batalha campal armadas com pistolas de brinquedo com as quais disparam água a torto e a direito para comemorar o Songkran, a festa que marca o fim da época seca e o início das chuvas da monção.

Sutthikarn elabora a estratégia de tiro com suas três amigas antes de seguir a multidão. Ela usa uma pistola de água colorida e protege os olhos com grandes óculos, parecidos aos usados por soldadores.

"Neste ano, vamos gastar menos água, por isso usamos pistolas menores e estamos controlando muito a água que disparamos. Claro que para os agricultores é injusto a gente esbanjar tanta água, mas a tradição é assim. A única coisa que podemos fazer é adaptar e gastar o mínimo possível", comentou.

A seca, que afeta 27 das 77 províncias do país, fez com que o governo anunciasse em março políticas restritivas para o uso da água durante o Songkran em vários pontos do país, com a intenção de economizar bilhões de litros.

Os amigos Chainarong e Anucha, que vieram das províncias de Pathumthani e Ayutthaya, - ambas seriamente afetadas pela falta de água - não sentem remorso por usar esse bem para se divertir.

"Afinal de contas, Bangcoc tem água de sobra, não é como as áreas agrícolas de onde viemos", disse Chainarong, que se mostrava incrédulo com o cumprimento das restrições.

O bairro dos mochileiros - mais conhecido como Khaosan Road - ou a mencionada Silom Road são alguns dos pontos da capital que estão afetados, têm toque de recolher - a partir das 21h - e neste ano um dia a menos de festa, que agora dura apenas três ao invés dos quatro de anos anteriores.

No entanto, um porta-voz do governo anunciou que existe água suficiente para comemorar o Songkran. Talvez essa afirmação se deva ao medo de deixar de receber os 15.827.499.481 de bahts (quase R$ 160 milhões) que a Autoridade Turística da Tailândia calcula arrecadar com a chegada de 500 mil visitantes durante as celebrações.

Wallop Suvarndee, conselheiro do governador de Bangcoc há 12 anos, diz que irá avaliar o estado da seca no país, mas ressaltou que o toque de recolher em Silon "será cumprido sim ou sim" para poder limpar as ruas e reestabelecer o tráfego.

Embora não tenham sido anunciadas as punições para aqueles que descumpram os horários estabelecidos, alguns como a jovem Palm e seus amigos estão determinados a cumprir as regras.

"As normas existem para cumprirmos. Às 21h vamos para outro lugar e, se não encontramos mais a festa, iremos pra casa", declarou Palm, com tom responsável.

Tradicionalmente, o Songkran representa para os locais uma festa familiar para espalhar água sagrada sobre imagens de Buda, um ritual que antigamente era utilizado para pedir aos deuses que a chuva abençoasse as colheitas de arroz. No 2016 do calendário gregoriano, a Tailândia está comemorando a chegada do ano budista número 2559.

Segundo especialistas, Vietnã - "que vive sua pior seca em 90 anos"-, Mianmar, Laos e Camboja também estão tomando medidas para contornar a escassez de água, que não lhes permitiu cultivar arroz.

Os meteorologistas assinalam que o fenômeno "El Niño" - que aquece as águas na parte leste do oceano Pacífico e as esfria na parte oeste provocando inundações ou secas em função da posição geográfica - é o principal responsável pela instável situação no sudeste asiático.

EFE   
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