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Missão DART, o plano da Nasa para desviar asteroides

A agência espacial americana deu detalhes sobre o lançamento da nave DART, com a qual espera atingir e desviar um asteroide chamado Didymos B para testar técnicas de defesa da Terra

9 mai 2019 - 12h01
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A sonda vai atingir Didymos B, o menor de um sistem binário de asteroides
A sonda vai atingir Didymos B, o menor de um sistem binário de asteroides
Foto: Johns Hopkins Applied Physics Laboratory / BBC News Brasil

É algo que até agora só vimos em filmes de ficção científica, mas a Nasa, agência espacial americana, planeja tornar realidade: atingir um asteroide para desviá-lo de sua rota.

A missão se chama DART, sigla em inglês para Double Asteroid Redirection, ou redirecionamento de asteroide duplo.

A nave vai atingir um pequeno asteroide chamado Didymos B, que orbita um maior, o Didymos A. Nenhum deles está em rota de colisão com a Terra nem apresenta nenhum tipo de risco para o planeta, mas a ideia é testar o sistema de defesa para que ele seja funcional caso algum tipo de ameaça seja detectada.

O choque deve desviar a órbita de Didymos B, e a mudança em sua trajetória será medida pela Nasa.

A missão está planejada para ser lançada em meados de 2021, e o impacto deve acontecer em setembro de 2022.

Acertando o alvo

A nave também tem um instrumento a bardo chamado DRACO, um sistema de navegação óptico que vai captar imagens do astro e ajudar a sonda a acertar o alvo.

Os cientistas também vão lançar uma pequena sonda em forma de cubo chamada LICIACube, projetada pela agência espacial italiana, que vai registrar o impacto.

Usado para observar os asteroides, o VLT fica na montanha Cerro Paranal, no Chile
Usado para observar os asteroides, o VLT fica na montanha Cerro Paranal, no Chile
Foto: J.L. Dauvergne & G. Hüdepohl ESO / BBC News Brasil

Guiar a DART até Didymos B não é tarefa fácil. Antes de calcular a trajetória da nave, foi preciso compreender o comportamento do sistema binário de asteroides.

Para isso, uma equipe internacional de astrônomos coordenada pela pesquisadora Cristina Thomas, da Universidade do Arizona, nos EUA, vem observando os objetos celestes desde 2015.

As pesquisas mais recentes foram feitas no deserto do Atacama, no Chile, com o Very Large Telescope (VLT), cujo nome em inglês significa literalmente "telescópio muito grande".

O VLT, na verdade, é um conjunto de quatro telescópios instalados no alto da montanha Cerro Paranal. Eles fazem parte do sistema European Southern Observatory (ESO), ou Observatório Europeu do Sul.

"O sistema Didymos é muito pequeno e está muito longe, nós o vemos somente como um ponto de luz", diz Andy Rivkin, um dos pesquisadores da equipe DART.

"Mas podemos obter os dados de que precisamos medindo o brilho desse ponto de luz, que muda quando Didymos B passa em frente a Didymos A ou se esconde atrás dele."

As observações ajudaram os cientistas a determinar a posição exata de ambos os asteroides e o tempo de impacto para maximizar a alteração na órbita de Didymos B depois do choque.

Rocha sólida ou areia

Os cientistas ainda não têm certeza sobre a composição do asteroide
Os cientistas ainda não têm certeza sobre a composição do asteroide
Foto: NASA / BBC News Brasil

No entanto, as observações até agora não foram suficientes para compreender totalmente os asteroides.

"Ainda estamos fazendo observações, não sabemos muito sobre sua composição e estrutura", diz Angela Stickle, da equipe de simulação da DART.

"Vamos antecipar e simular uma ampla gama de condições e prever possíveis resultados, para que, quando a DART se chocar com Didymos B, possamos entender melhor as medições dos instrumentos."

A composição do asteroide é uma informação essencial. Os cientistas ainda não têm certeza se o alvo é composto por rocha sólida, escombros mais ou menos soltos ou algo mais suave, similar à areia.

Uma superfície mais suave absorverá melhor a força do impacto e o desvio será menor do que se fosse uma rocha sólida, por exemplo.

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