Monalisa revela pela primeira vez "segredo tóxico" na sua pintura
Microamostra de obra foi analisada por pesquisadores e resultados mostram o uso de pigmentos tóxicos
A obra Monalisa, de Leonardo Da Vinci, revela mistérios que vão além do sorriso enigmático da figura retratada. Segundo pesquisadores, o pintor utilizou métodos e substâncias de pintura pouco convencionais em suas obras, como uma mistura de pigmentos tóxicos para pintar Monalisa.
Pesquisadores da França e do Reino Unido analisaram uma microamostra retirada de um canto escondido da Monalisa, empregando uma variedade de técnicas de difração de raios-x e espectroscopia infravermelha para identificar as substâncias utilizadas na obra.
A pesquisa foi publicada no Journal of the American Chemical Society, em 11 de outubro.
A equipe encontrou não apenas óleo e chumbo branco – como esperado – mas também o raro composto plumbonacrito (Pb 5 (CO 3 ) 3 O(OH) 2 ). Plumbonacrite é formado quando o óleo e o óxido de chumbo (II) (ou PbO) reagem juntos, sugerindo que o último composto foi usado por da Vinci.
O mesmo composto de PbO também foi encontrado em diversas microamostras retiradas da superfície de A Última Ceia, outra pintura famosa de da Vinci. No entanto, as únicas referências ao PbO nos escritos do artista italiano foram relacionadas a remédios para pele e cabelos.
“Leonardo provavelmente se esforçou para preparar uma tinta espessa adequada para cobrir o painel de madeira da Monalisa, tratando o óleo com uma alta carga de óxido de chumbo (II), PbO”, descrevem os pesquisadores na publicação do estudo.
Embora não esteja incluído nos seus registros, parece que da Vinci utilizou este óxido de chumbo(II) como camada de base, aponta o estudo.
A substância teria sido aquecida e dissolvida em óleo de linhaça ou de nozes por Da Vinci, produzindo uma mistura mais espessa e de secagem mais rápida do que as tintas a óleo tradicionais - uma receita que passou a ser usada por outros artistas.
A mesma substância plumbonacrita também foi descoberta na pintura A Ronda Noturna de Rembrandt, criada em 1642 – quase um século e meio depois da Monalisa. Isso sugere que o pintor holandês usou uma técnica semelhante à de Da Vinci.