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Morte de milhões de estrelas-do-mar pode ter sido por vírus

Agente infeccioso já existe há mais de meio século

21 dez 2014 - 10h11
(atualizado às 11h32)
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Milhões de estrelas-do-mar morreram durante os últimos meses no litoral do Pacífico, do Alasca ao México, em uma epidemia que está afetando ao ecossistema marinho e cuja origem poderia estar em um vírus, conforme os mais recentes estudos.

Em entrevista à Agência Efe, o pesquisador da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e coautor do estudo que aponta o vírus como o mais provável responsável pelo desaparecimento em massa destes animais, Peter Raimondi, diz que se trata de um agente infeccioso que existiu há mais de meio século.

"Não se trata de um vírus novo. Ele existiu e teve presença nesta costa há 70 anos. Está presente em animais de aquários e museus que foram capturados na época. O que tentamos entender agora é por que voltou tão forte nesses últimos meses", explicou Raimondi.

O atual surto, que já matou milhões de estrelas-do-mar no litoral do Oceano Pacífico dos Estados Unidos e arrasou a população desta espécie em algumas áreas, começou entre maio e junho de 2013 no litoral do estado de Washington.

A partir de então, se estendeu rapidamente para o norte e o sul, afetando Oregon, Califórnia, Alasca e o litoral oeste do Canadá e do México. As estrelas-do-mar afetadas perdem os braços e seus tecidos se enfraquecem até se desintegrarem totalmente.

O vírus identificado como suposto causador desta doença afeta com gravidade apenas às estrelas-do-mar, mas também vive em outros animais, como os ouriços-do-mar e os sedimentos. Contudo, os cientistas insistem em falar de "suposto" porque, embora tudo aponte para ele, as provas ainda são inconclusivas.

"Os ouriços-do-mar são portadores do vírus, mas não são afetados de forma virulenta. Se isso acontecesse poderia dificultar muito a fase de recuperação para as estrelas, já que significaria que o vírus continuaria presente no ambiente mesmo que não existam mais estrelas", ressaltou Raimondi.

De forma mais imediata, o desaparecimento em massa das estrelas-do-mar está aumentando muito a população de mexilhões e ouriços-do-mar, que fazem parte da dieta destes invertebrados. Ao mesmo tempo, a existência do vírus faz diminuir a população de outras espécies que acostumam se alimentar de estrelas. A questão afeta toda a biodiversidade da região.

"Acreditamos que foi o estresse causado por uma mudança no entorno o que desencadeou a volta mais forte do vírus", comentou o pesquisador da universidade.

Este estresse poderia ser resultado de fatores naturais, como a intensa seca crônica na Califórnia e grande parte do oeste dos EUA há três anos, ou derivado de atividades humanas, como a poluição e a superexploração do litoral. "Outra possibilidade é que tenha sofrido mutação, embora nossa principal teoria seja de que o surto atual esteja vinculado a um fator de estresse", destacou Raimondi.

Até que se descubra o que causou a situação, não será possível determinar com exatidão se este surto pode voltar a acontecer no futuro e vir a representar uma ameaça para outras regiões do planeta. Apesar de tudo, novas estrelas jovens estão aparecendo nas áreas devastadas pela epidemia.

Antes de morrer, as estrelas-do-mar macho e fêmea soltaram esperma e ovos, respectivamente. Isso levou à fertilização dos ovos na água e, agora, novos exemplares estão crescendo, dando esperanças para que o repovoamento possa acontecer.

EFE   
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