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Moscas que acasalam menos morrem mais cedo, diz estudo

1 dez 2013 - 16h53
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Uma nova pesquisada conduzida por cientistas americanos descobriu que a falta de sexo prejudica a saúde e causa a morte prematura das moscas de fruta.

Os pesquisadores constataram que as moscas machos que eram estimuladas a copular, mas impedidas de fazê-lo, tinham sua expectativa de vida reduzida em 40%.

Por outro lado, aquelas liberadas para o acasalamento não só viveram mais como sofreram menos estresse.

A pesquisa foi publicada na revista científica Science.

No experimento, as moscas foram colocadas em proximidade com machos geneticamente modificados para liberar feromônios do sexo feminino.

Feromônios são hormônios usados por esses insetos para atrair um parceiro em potencial.

Porém, quando os machos secretavam essa substância, rapidamente atraíam outros machos, mas o sexo, por claros motivos biológicos, não ocorria.

Estimulados pelos hormônios mas impedidos de copularem, esses insetos mostraram níveis de estresse mais altos, uma redução em suas reservas de gordura e uma diminuição considerável de sua expectativa de vida.

"Nós observamos que essas moscas ficavam doentes em pouco tempo na presença desses machos 'afeminados'", explicou à BBC Scott Pletcher, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, co-autor da pesquisa.

Uma típica mosca da fruta vive aproximadamente 60 dias. Tal característica faz desses insetos um organismo ideal para estudar o processo de envelhecimento, uma vez que pesquisas já mostraram que os genes que regulam a esperança de vida de uma mosca guardam semelhanças com os dos seres humanos.

A equipe de Pletcher buscou investigar os neurônios envolvidos no envelhecimento. Uma substância química presente no cérebro, chamada neuropeptídeo F (NPF) - que previamente estava ligada à sensação de recompensa - foi considerado fundamental para o entendimento desse sistema.

Quando as moscas foram expostas em excesso aos feromônios femininos, mas não tinham oportunidade de acasalar, os seus níveis de NPF aumentaram.

O acasalamento manteria os níveis de neuropeptídeo F normais, mas quando eles se mantiveram altos, geraram consequências psicológicas danosas a esses animais.

Tempo de vida

O simples ato de reprodução normalmente reduz o tempo de vida de uma mosca entre 10% a 15%, mas a queda vertiginosa constatada por esse estudo surpreendeu os cientistas.

"Nesse contexto, o acasalamento pode ser muito benéfico, o que contraria as máximas até então existentes. Nossa pesquisa indica que o cérebro equilibra de alguma forma essa informação sobre o meio ambiente por meio de estímulos sensoriais", disse Pletcher à BBC News.

"Evolutivamente, a nossa hipótese é de que os animais estão fazendo uma aposta para determinar que o acasalamento vai acontecer em breve".

"Na prática, isso quer dizer que aqueles que preveem corretamente quando a cópula vai acontecer saem ganhando; produzindo mais esperma ou dedicando mais energia para a reprodução - e isso pode gerar consequências (se não acasalarem), acrescentou Pletcher.

Poder feminino

Timothy Weil, professor do departamento de zoologia da Universidade de Cambridge, que não esteve envolvido no estudo, afirmou que a pesquisa sugere que os machos menos bem sucedidos poderiam perder a corrida para transmitir seus genes.

"Sexo e comida são os dois fatores que mais influenciam o comportamento animal e a mosca fêmea parece ter o poder. Seria um caminho para as fêmeas selecionarem os melhores companheiros, uma vez que a saúde dos machos que não acasalam pode ser prejudicada", disse ele.

"A pesquisa indica que administrar essas mudanças fisiológicas é importante para a saúde do animal", acrescentou Weil.

Em um estudo à parte sobre lombrigas, também publicado na Science, a equipe descobriu que a presença de feromônios masculinos reduziu o tempo de vida das fêmeas.

Pletcher afirmou que essa descoberta foi encorajadora porque demonstrou que vermes e moscas têm "trajetórias semelhantes", assim como camundongos e primatas, segundo os testes que vêm sendo realizados.

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