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Neandertais cruzaram com linhagem humana desconhecida antes de nos encontrar

Nova pesquisa comparando genoma de neandertais com o de populações africanas modernas mostrou que a espécie já tinha DNA de Homo sapiens antes de cruzar conosco

17 out 2023 - 21h04
(atualizado em 18/10/2023 às 11h16)
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A migração dos humanos modernos para fora da África até a Europa e Ásia, há cerca de 75.000 anos, os levou a encontrar com neandertais, outra espécie humana, e a se miscigenar com eles. A maioria dos descendentes de europeus carrega genes destes extintos primos evolutivos, e, segundo descobrimos recentemente, também os latinoamericanos. Outra pesquisa, no entanto, é o foco aqui — mostrando, agora, que neandertais já tinham genes de Homo sapiens quando encontraram os imigrantes africanos.

Foto: Erich Ferdinand/CC BY 2.0 / Canaltech

A descoberta foi feita ao comparar o genoma dos Homo neanderthalensis com os de populações modernas da África subsaariana, trabalho realizado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia. Como se acredita que a miscigenação entre as espécies aconteceu majoritariamente na Eurásia, seria inesperado encontrar ancestralidade africana em seus genes — mas, para a surpresa dos cientistas, foi exatamente isso que encontraram, mais precisamente, 6% do genoma neandertal havia vindo de H. sapiens.

Os neandertais descenderam de nós?

Como esses genes da nossa espécie chegaram aos neandertais antes da miscigenação? Os cientistas não sabem a respostas, mas trazem algumas teorias. É possível que alguns H. sapiens tenham migrado para a Eurásia, se miscigenado com os H. neanderthalensis e voltado para a África. Ao mesmo tempo, pode ser que alguns ancestrais de neandertal tenham acasalado com populações primitivas de humanos na África, antes de se mudar definitivamente para a Europa e Ásia.

A evolução dos hominídeos tem se provado cada vez mais distante dessa clássica imagem — nossos ancestrais se reproduziram entre si, geraram caminhos evolutivos sem saída e voltaram a se misturar até chegarmos no ponto atual da evolução (Imagem: DEA Picture Library)
A evolução dos hominídeos tem se provado cada vez mais distante dessa clássica imagem — nossos ancestrais se reproduziram entre si, geraram caminhos evolutivos sem saída e voltaram a se misturar até chegarmos no ponto atual da evolução (Imagem: DEA Picture Library)
Foto: Canaltech

Segundo os pesquisadores, descobrir essa linhagem desconhecida de humanos no genoma neandertal é muito interessante para pesquisas futuras — o achado dá uma lente diferente para olharmos a evolução humana. É mais um lembrete de que o processo evolutivo não é linear e simples, tendo muitas ruas sem saída, idas e voltas de DNA e bastante seleção natural envolvida.

A ciência não tem sequências de DNA de fósseis humanos de uma época onde a antiga miscigenação teria ocorrido, então identificar essas sequências "misturadas" vai iluminar uma evolução humana das mais primitivas na África. Os H. sapiens se miscigenaram bastante com espécies próximas, como os neandertais e denisovanos, que também se reproduziram entre si.

Apesar de termos sido compatíveis com estes "primos" a ponto de poder gerar descendentes, não quer dizer que os híbridos tenham apresentado apenas vantagens. O novo estudo também descobriu que muito do DNA humano nos neandertais ficava em regiões não-codificadas, o que quer dizer que a seleção natural estava tentando se livrar dos nossos genes no genoma da espécie, já que não ajudavam na adaptação.

Nossos ancestrais deram origem a muito mais do que duas espécies humanas diferentes, que cruzaram entre si diversas vezes, como fica claro no genoma neandertal — ficamos tão diferentes que nossos híbridos não tinham muitas vantagens para sobreviver na natureza (Imagem: PxFuel/Domínio Público)
Nossos ancestrais deram origem a muito mais do que duas espécies humanas diferentes, que cruzaram entre si diversas vezes, como fica claro no genoma neandertal — ficamos tão diferentes que nossos híbridos não tinham muitas vantagens para sobreviver na natureza (Imagem: PxFuel/Domínio Público)
Foto: Canaltech

Alelos de neandertal podem funcionar muito bem neles, mas colocá-los no genoma humano também pode causar problemas. Tanto nós quanto a espécie extinta eliminamos, aos poucos, os alelos respectivamente recebidos. Segundo os cientistas, nos quase 500.000 anos desde que as espécies de humanos se diferenciaram dos ancestrais, ficamos tão diferentes que nossos híbridos não se saíam tão bem — uma mostra clara que estávamos bem longe na estrada para nos tornarmos espécies distintas.

Fonte: University of Pennsylvania, Current Biology

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