Nobel de Física: descoberta de equipe do brasileiro César Lattes foi premiada em 1950
O físico foi o primeiro a fotografar a partícula que mantém o núcleo do átomo coeso, mas apenas chefes de equipe podiam receber o prêmio na época
Desde sua criação, em 1901, o Prêmio Nobel nunca premiou um brasileiro em suas seis diferentes categorias. Apesar disso, muitos brasileiros já foram indicados para consideração das instituições seletoras, alguns múltiplas vezes, e um deles é considerado "injustiçado" pela premiação: o físico Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes.
Em 1950, o inglês Cecil Powell recebeu o Prêmio Nobel de Física por "desenvolver o método fotográfico de estudo dos processos nucleares e descoberta de mésons feita com esse método". Powell era o chefe do grupo de pesquisa da Universidade de Bristol responsável pelos estudos, que Lattes integrava, mas a descoberta da subpartícula méson pi, que faz com que os prótons e nêutrons se mantenham unidos dentro do átomo, é atribuída ao brasileiro.
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Reconhecimento
César retornou ao Brasil em 1949 e se tornou um importante fomentador da ciência no País. Além de professor universitário por décadas, foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e desempenhou um papel importante na criação de iniciativas como o Conselho Nacional de Pesquisas (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq), a Escola Latino-Americana de Física e o Centro Latino-Americano de Física.
O físico, que nasceu em Curitiba e se formou em Física e em Matemática na USP, teve sete indicações ao Prêmio Nobel nas edições de 1949, 1951, 1952, 1953 e 1954; todas feitas por pesquisadores de outros países. Embora nunca tenha sido um laureado, sua importância na comunidade científica foi reconhecida por premiações como o Prêmio Einstein (1950), Fonseca Costa (1958), Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos (OEA) (1978), e o prêmio da Academia de Ciência do Terceiro Mundo (TWAS), em 1988.
Ele também recebeu muitas homenagens no Brasil, a mais conhecida sendo o uso de seu nome no sistema nacional que cadastra estudantes, cientistas e pesquisadores de todas as áreas, a Plataforma Lattes. César Lattes morreu em 2005, aos 80 anos.