Nova espécie de caracol "cabeludo" é encontrada em âmbar de 99 milhões de anos
Perfeitamente preservada em âmbar de Myanmar, uma minúscula nova espécie de caracol com cabelos na concha foi encontrada por cientistas
Uma nova espécie de caracol terrestre "cabeludo" foi encontrada perfeitamente preservada em âmbar — é um espécime de 99 milhões de anos, da era Mesozoica. O nome científico recebido pela criaturinha foi Archaecyclotus brevivillosus: em latim, "brevis" significa "pequeno", e "villōsus" significa "peludo". Ela foi descrita em um artigo na revista científica Cretaceous Research.
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A descoberta do fóssil foi feita, inicialmente, em 2017, em uma mina de âmbar no Vale de Hukawng, em Myanmar. Com microscopia clássica e tomografia micro-computada de raios-X em 3D, foram tomadas as medidas do animal, que tinha 26,5 milímetros de comprimento, 21 milímetros de largura e 9 milímetros de altura. Os micro-cabelos que povoam a concha tem de 150 a 200 micrômetros de comprimento.
Caracóis cabeludos e suas vantagens
Ao todo, foram 8 espécies de Cyclophoridae encontradas em âmbar de Myanmar, 6 delas com os pequenos capilares na superfície das conchas. A característica é formada na camada mais proteica da concha, não sendo tão incomuns tanto nas espécies extintas de caracóis terrestres quanto nas atuais, aliás, em diversas famílias diferentes do animal. A evolução convergente desses cabelos sugere que haver uma vantagem evolutiva em crescê-los nas conchas.
Acredita-se que os cabelos melhorassem a habilidade dos gastrópodes de se segurar em caules e folhas de plantas, algo observado nas espécies modernas. Além disso, eles podem ter um papel na regulação de temperatura dos bichos, já que permitem a aderência de pingos d'água em suas conchas.
A mesma característica pode ajudar a evitar a erosão pelo solo e serapilheira acídicos, enquanto serve como camuflagem e talvez até mesmo ajudando na escolha de parceiros. Como a maioria das espécies de cicloforídeos com cabelos nas conchas foi encontrada em âmbar do Cretáceo em Myanmar, os cientistas creem que o local seja a terra ancestral dos caracóis terrestres.
É possível, ainda, que os pelos tenham sido parte da terrestrialização dos gastrópodes, durante o período Mesozóico, já que a transição dos caracóis da água para a terra ocorreu entre 252 e 66 milhões de anos atrás, segundo a ciência. O material orgânico seria normalmente desintegrado no ambiente de Myanmar, o que confere ao âmbar um papel enorme na preservação de espécies antigas como essas.
Mais de 2.000 espécies únicas ao período Cretáceo já foram encontradas em ótimo estado de preservação no âmbar do país, como um raro caracol vivíparo, preservado com um filhote recém-nascido. À medida que tais fósseis vão sendo encontrados, a ciência vai preenchendo as lacunas no conhecimento, podendo estudar a fisiologia de espécies há muito extintas.
Fonte: Cretaceous Research
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