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Novas descobertas no canal do Panamá mudam história da América

A descoberta dos fósseis revela que as américas do Norte e do Sul se uniram há 10 milhões de anos, e não há 3,5 milhões como se pensava até agora

26 abr 2013 - 19h13
(atualizado às 19h40)
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O istmo centro-americano se fechou há 10 milhões de anos e não há 3,5 milhões como se pensava até agora, revelam achados nas obras de ampliação do canal do Panamá, uma descoberta que revolucionará os livros de História, anunciaram fontes especializadas nesta sexta-feira.

"A maior parte da paisagem no Panamá se formou há 10 milhões de anos. Antes, acreditava-se que a paisagem tinha se formado há 3,5 milhões de anos", afirmou durante entrevista coletiva Carlos Jaramillo, cientista colombiano do Instituto Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI, na sigla em inglês).

Segundo os resultados das pesquisas feitas pelo STRI, as Américas do Norte e do Sul se uniram há 10 milhões de anos, quando emergiu o istmo centro-americano e acabou com os 400 quilômetros de oceano que separavam a região da Colômbia.

Até agora, os cientistas acreditavam que esta união continental teria provocado a glaciação do Ártico devido à mudança das correntes marinhas. Mas, com as novas descobertas, a união do istmo centro-americano e a formação do Ártico teriam sido separados por milhões de anos.

"Antes se pensava que a termoalina (circulação de água salgada nos oceanos) e o Ártico estavam muito ligados, mas agora vemos que a termoalina começou muito antes e que não é uma condição necessária para pôr gelo no Ártico", acrescentou Jaramillo.

Os especialistas chegaram a estas conclusões após analisar os diferentes fósseis encontrados nas escavações que fizeram por mais de cinco anos, aproveitando as obras de ampliação do canal do Panamá. As novas descobertas foram submetidas ainda a testes científicos especializados.

Fósseis encontrados

Segundo os especialistas, a formação do Panamá condicionou o clima na época e produziu uma grande migração de animais, que podiam se deslocar pelo continente através da América Central.

Os cientistas encontraram fósseis de camelos e cavalos em miniatura, de um rinoceronte, de um urso-cão gigante, além de espécies de cobras, jacarés e macacos que viveram no local há milhões de anos. Também foram registrados os primeiros crânios de crocodilos e morcegos da América Central, além da jiboia mais antiga fora da América do Sul.

"Estes trabalhos são cruciais" porque os cientistas "não sabem quase nada da paleontologia e da biodiversidade pretérita nesta região", devido em parte à dificuldade de se fazer escavações, afirmou à AFP Bruce MacFadden, professor de Paleontologia no Museu de História Natural da Universidade da Flórida (Estados Unidos).

Segundo o STRI, nas escavações, onde foram coletadas mais de 6.000 amostras, foram encontradas 10 espécies até agora desconhecidas. "É uma revolução. Encontramos coisas muito primitivas aqui no Panamá. Cada fóssil que encontramos é como o avô dos (animais) que existem", concluiu Jaramillo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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