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O revolucionário projeto de viagem interestelar apoiado por Stephen Hawking para tentar 'salvar a humanidade'

12 abr 2016 - 18h10
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Para Hawking, 'avanços tecnológicos das últimas duas décadas tornarão (viagem interestelar) possível dentro de uma geração'
Para Hawking, 'avanços tecnológicos das últimas duas décadas tornarão (viagem interestelar) possível dentro de uma geração'
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

O físico Stephen Hawking anunciou apoio a um projeto que pretende enviar uma pequena nave espacial – do tamanho de um chip usado em equipamentos eletrônicos - para uma viagem interestelar daqui a uma geração.

O veículo viajaria trilhões de quilômetros, muito mais distante do que qualquer outra nave.

Um programa de pesquisa de US$ 100 milhões (cerca de R$ 350 milhões) para o desenvolvimento das “naves estelares” do tamanho de pequenos chips eletrônicos foi lançado pelo milionário Yuri Milner e apoiado pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.

A viagem interestelar tem sido um sonho para muitos, mas ainda enfrenta muitas barreiras tecnológicas. Entretanto, Hawking disse à BBC News que a fantasia pode ser realizada mais cedo do que se pensa.

“Para que nossa espécie sobreviva, precisamos finalmente alcançar as estrelas”, disse. “Os astrônomos acreditam que haja uma chance razoável de termos um planeta parecido com a Terra orbitando um estrelas no sistema Alfa Centauri. Mas saberemos mais nas próximas duas décadas por intermédio de dados dos nossos telescópios na Terra e no espaço”.

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Ainda de acordo com Hawking, “os avanços tecnológicos das últimas duas décadas e os avanços futuros tornarão (a viagem interestelar) possível dentro de uma geração”.

O físico está apoiando um projeto da Fundação Mr. Milner’s Breakthrough, uma organização privada que financia iniciativas de pesquisas científicas consideradas muito ambiciosas por fundos governamentais.

Grupo de trabalho

A organização reuniu um grupo de cientistas especialistas no assunto para avaliar a possibilidade de desenvolver naves espaciais capazes de viajar para outros sistemas estelas dentro de uma geração e ainda enviar informações de volta à Terra.

O sistema estelar mais próximo está distante 40 trilhões de quilômetros. Com a tecnologia disponível atualmente, chegar lá levaria cerca de 30 mil anos.

O grupo concluiu que com um pouco mais de pesquisa e desenvolvimento seria possível projetar uma aeronave espacial que reduziria esse tempo para somente 30 anos.

O físico acredita que a viagem interestelar será possível em 30 anos
O físico acredita que a viagem interestelar será possível em 30 anos
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

“Eu disse anteriormente que até poucos anos atrás viajar para outras estrelas nesse tipo de velocidade seria impossível”, disse o cientista Pete Worden, que lidera o projeto. Ele é o presidente da Fundação Breakthrough Prize e ex-diretor do centro de pesquisas Nasa Ames, no Vale do Silício, na Califórnia.

“Mas o grupo de especialistas descobriu que, por causa dos avanços em tecnologia, parece haver um conceito que pode funcionar”.

Esse conceito é reduzir o tamanho da aeronave para o de um chip usado em equipamentos eletrônicos. A ideia é lançar milhares dessas "mininaves" na órbita da Terra. Cada um teria um navegador solar.

Seria como uma vela em um barco – mas o sistema seria impulsionado pela luz, em vez de vento. Um laser gigante na Terra daria a cada uma das naves um poderoso empurrão que as ajudaria a alcançar 20% da velocidade da luz.

Tudo isso soa como ficção científica, mas Yuri Milner acredita que é tecnicamente possível desenvolver essa nave espacial e chegar a outro sistema estelar ainda nos próximos anos.

“A história humana tem grandes saltos. Há exatos cinquenta anos, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. Hoje estamos nos preparando para o próximo salto: as estrelas”, disse o milionário.

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Trabalho desafiador

Mas antes de projetar naves espaciais capazes de chegar a outras estrelas, há muitos problemas a serem superados.

Uma prioridade é desenvolver câmeras, instrumentos e sensores em miniatura capazes de caber em um chip, assim como projetar um navegador solar forte o suficiente para ser atingido por um laser poderoso por vários minutos e encontrar uma forma de captar imagens e informações do novo sistema estelar para serem enviados de volta à Terra.

O professor Martin Sweeting, pesquisador do Centro espacial de Surrey, na Inglaterra, e presidente da empresa de engenharia espacial especializada em pequenos satélites Surrey Satellite Technology, quer se envolver no projeto.

Ele fundou a empresa há 30 anos e foi responsável pela redução de custo e de tamanho dos satélites.

“Muito do que fizemos nos anos 80 foi considerado muito maluco, mas agora pequenos satélites estão na moda. Esse projeto (de viagem interestelar) parece uma ideia de maluco, mas novas tecnologias surgiram e agora isso não é mais maluquice, é só difícil”, disse ele à BBC News.

Andrew Coates, do laboratório de ciência espacial Mullard, que é parte da Universidade de Londres, concorda que o projeto é desafiador, mas não impossível.

“Teríamos muitas dificuldades a resolver, como mecanismos de resistência à radiação espacial e ao ambiente empoeirado, a sensibilidade dos instrumentos, a interação entre o poder dos lasers que impulsionariam as naves e atmosfera da Terra, a estabilidade na nave espacial e o fornecedor de energia”, afirma.

Mas, segundo ele, “devemos olhar com atenção para esse conceito se realmente quisermos alcançar outro sistema estelar dentro de uma geração”.

Stephen Hawking acredita que o que antes era um sonho distante epode e deve se tornar uma realidade dentro de três décadas.

“Não há alturas mais altas a serem alcançadas do que as estrelas. Não é sábio manter todos os novos ovos em uma cesta frágil”, disse ele. “A vida na Terra enfrenta perigos astronômicos como asteroides e supernovas”.

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