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Arqueólogo: século 20 negligenciou as cores das estátuas gregas

Para Vinzenz Brinkmann, arqueólogos descobriram há séculos a policromia das figuras antigas, mas escolhemos esquecê-la por arrogância

14 set 2013 - 09h15
(atualizado às 10h10)
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Arqueólogo alemão dedicou décadas a descobrir as cores das estátuas gregas e romanas
Arqueólogo alemão dedicou décadas a descobrir as cores das estátuas gregas e romanas
Foto: Stiftung Archaeologie / Divulgação

Quando as estátuas gregas começaram a chamar a atenção dos escultores europeus da Renascença, elas eram brancas. Quando Michelangelo e outros artistas viram as formas e a falta de cor do mármore dos antigos, eles emularam os mestres em suas próprias obras. Mas não era assim que os gregos viam suas estátuas. Para eles, os deuses eram cheios de cor - e assim eram suas representações.

Em 2003, com uma exibição no museu Glyptothek, em Munique, o arqueólogo alemão Vinzenz Brinkmann mostrou pela primeira vez seu trabalho ao mundo: ele descobriu como elucidar quais cores eram usadas nas estátuas gregas. Com lâmpadas de alta intensidade, luz ultravioleta, câmeras, gesso e jarras de materiais químicos, o alemão passou as últimas décadas estudando o pouco que sobrou da tinta do mármore greco-romano. E, com o mesmo material usado pelos antigos, ele recriou as esculturas policromáticas como elas devem ter parecido há milhares de anos. 

Apesar do trabalho dos cientistas chamar a atenção de muita gente, ele diz que sabemos há muito tempo que as estátuas antigas eram coloridas. "Todas as estátuas gregas e romanas de mármores que foram destruídas pela guerra (ataque persa à Acrópole de Atenas) ou erupção vulcânica (Pompeia, Herculano) têm conservados muitos traços de cores e ornamentos registrados pelos escavadores e ainda visíveis a olho nu", diz ao Terra Brinkmann.

O pesquisador explica que Johann Joachim Winckelmann - a quem chama de "pai da arqueologia" - já havia compreendido em 1762 que as esculturas antigas de mármore eram coloridas quando ele viu achados recém-revelados de Pompeia. Outros cientistas observaram cores em objetos na Acrópole.

"Até mesmo o próprio (escritor Johann Wolfgang von) Goethe tinha - apesar de relutantemente - aceitado nos seus últimos anos que havia cor no mármore antigo. Então este fato era muito conhecido no início da pesquisa (das estátuas greco-romanas). No final do século 19, não havia mais dúvidas entre os estudiosos: as esculturas de mármore gregas foram ricas em cores. O século 20 talvez tenha negligenciado essa questão - provavelmente devido a novas estéticas de purismo. Não havia mais pesquisa, documentação ou visualização na ciência até iniciarmos nossa pesquisa nos anos 80", diz o pesquisador. "As cores vívidas e ornamentos da arte antiga são obstáculos para a arrogância europeia decorrente de uma estética e forma gregas abstratas e intelectuais."

O arqueólogo explica que não eram apenas as estátuas que eram coloridas, mas também templos - especialmente nas áreas superiores destes. Segundo o cientista, as cidades gregas e suas colunas eram pintadas, especialmente os ornamentos arquitetônicos. Ele afirma que apenas das cidades dóricas (a mais famosa talvez tenha sido Esparta) ainda não há prova do uso de tinta.

Contudo, alguns objetos ainda mantêm suas cores dos dias da Grécia Antiga - em especial os vasos. Por que, então, as estátuas perderam sua tinta? "A cor era adicionada com pigmentos orgânicos, como caseína ou ovo (técnica da têmpera). Os corantes orgânicos são destruídos por micro-organismos", explica o cientista.

Brinkmann diz que a policromia das estátuas era tão comum que havia uma profissão que consistia apenas em pintar o mármore trabalhado. Além disso, as figuras esculpidas eram vestidas com roupas reais e eram adornadas com joias autênticas e esses "adicionais" eram trocados anualmente. "Esse ato era chamado de kosmesis", diz o arqueólogo.

Fonte: Terra
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