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Biodiversidade: o Mediterrâneo é o mar mais ameaçado do mundo

2 ago 2010 - 18h41
(atualizado às 19h56)
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A flora e a fauna do Mediterrâneo, entre as mais ricas do mundo, são também as mais amenaçadas, segundo estudo publicado nesta segunda-feira, que assinala a degradação dos hábitats, o excesso da pesca e o aumento de espécies invasivas, favorecidas pelo aquecimento climático.

Este mar é um dos mais estudados do mundo. No entanto, quando "as avaliações precedentes destacavam de 8 mil a 12 mil espécies", o mais recente censo da vida marinha, que inclui estudos de centenas de cientistas, registra agora 17 mil, segundo o relatório, publicado no site da revista científica Plos One.

Trata-se de uma rica biodiversidade exposta a numerosas ameaças, mais significativas no Mediterrâneo que em outros lugares.

"Os impactos das atividades humanas são proporcionalmente mais importantes no Mediterrâneo que em outros mares do mundo", diz o informe. A explicação reside em sua história - é uma região habitada há milênios- e em sua geografia, de mar quase fechado.

Os mamíferos marinhos, como os cachalotes e os golfinhos, pagaram caro. E algumas espécies emblemáticas, como a foca-monge do Mediterrâneo, praticamente desapareceram.

Entre a lista de ameaças, "a degradação e a perda do hábitat é a mais extensa hoje em dia", escrevem os especialistas, que citam como causas "o desenvolvimento do litoral" da bacia mediterrânea e a contaminação.

A pesca em excesso é a segunda ameaça para a biodiversidade, correndo-se o risco de que aumente nos próximos dez anos, diz o informe.

Mas a particularidade do Mediterrâneo é a presença importante de espécies invasivas, "um fator crucial que seguirá modificando a biodiversidade".

Calcula-se que as espécies, provenientes de outros mares, somem mais de 600, ou 4% do total das recenseadas.

Estas espécies exógenas, "cujo número aumentou nas últimas décadas", foram transportadas, principalmente, em barcos - através do canal de Suez e do estreito de Gibraltar.

O relatório lembra que "a dispersão da Mnemiopsis Leidyi (ctenóforo americano) de Israel até a Espanha, em 2009, foi motivo de grande preocupação devido a seu impacto conhecido nos ecossistemas e zonas pesqueiras".

Espécies como a ostra ou a amêijoa japonesa foram introduzidas voluntariamente. "Os criadouros de ostras se transformaram em verdadeiras portas de entrada" para toda uma série de algas, destacam os especialistas.

O aquecimento climático continuará acentuando o fenômeno.

Um mar mais quente atrairá novas espécies tropicais, e as populações presentes no Mediterrâneo emigrarão para novas zonas, que por enquanto não lhes são favoráveis, diz o relatório, que descreve um fenômeno de "tropicalização".

Sem dúvida "uma ameaça" à biodiversidade, mas também nova riqueza em outras zonas, escrevem os cientistas.

Mas "de modo geral, o estabelecimento de espécies exógenas de origem tropical poderia levar à perda do caráter particular das comunidades mediterrâneas".

Os cientistas concluem que "é necessário desenvolver uma ampla análise das iniciativas necessárias em matéria de conservação para preservar a biodiversidade mediterrânea". Acrescentam que, dessa forma, este mar pode converter-se, neste âmbito, "em modelo para os oceanos do mundo".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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