Cientistas fazem estudo mais completo de ancestral humano
Um estudo divulgado nesta quarta-feira é, segundo seus autores, o mais completo já feito de um antigo ancestral humano. Seis artigos foram divulgados na revista especializada Science, em um esforço que envolveu mais de 100 cientistas de 16 instituições de pesquisa para tentar entender a anatomia do Australopithecus sediba, um primata que viveu há 2 milhões de anos na África. Segundo os cientistas, os resultados aproximam a espécie dos primeiros humanos.
Entre os estudos, os pesquisadores tentaram entender, por exemplo, como esse antigo primata caminhava, comia e fazia outros movimentos. "O exame de um grande número de elementos associados, frequentemente completos e sem distorções, nos dá um vislumbre de uma espécie de hominídeo que parece ter um mosaico na sua anatomia e que apresenta uma suíte de complexos funcionais que são diferentes tanto dos previstos para os Australopithecus, quanto para os primeiros Homo", diz Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand (África do Sul), líder do estudo.
Para estudar como esses ancestrais andavam, por exemplo, os cientistas conseguiram ossos completos - ou quase - de calcanhar, tornozelo, joelho, quadril e da região lombar, todas as peças necessárias para esse quebra-cabeça. Segundo os cientistas, as observações indicam que ele era bípede, mas tinha uma "marcha inclinada", o que indica que os humanos mais antigos experimentaram diversas formas de bipedismo.
Dentes fossilizados indicam que essa espécie era uma das mais próximas aos primeiros ancestrais humanos. Os dentes fossilizados, encontrados em 2008 e que já tinham sido descritos em artigo em 2010, foram comparados com outros 340 de humanos modernos e hominídeos extintos e de 44 gorilas. Os cientistas descobriram 13 traços que o sediba divide com o Homo erectus, um de nossos mais antigos ancestrais, o que mostra a proximidade entre as espécies.
O tórax da espécie, ao contrário do humano moderno, que tem uma forma cilíndrica, é bem mais largo na região superior, parecido com os grandes primatas. A coluna apresenta uma curvatura parecida com a do homem moderna. A coluna lombar tem o mesmo número de vértebras que a nossa, mas uma maior flexibilidade.
A mandíbula, afirmam os cientistas, afasta a espécie de outro Australopithecus, o africanus, e o aproxima dos primeiros humanos. Os pesquisadores acreditam que os resultados indicam que o sediba pode ser um elo na evolução para os primeiros homens. "Para onde olharmos nesses esqueletos, da mandíbula ao pé, nós vemos evidências da transição do australopiteco para o Homo; em tudo nós vemos evidências de evolução", diz Darryl de Ruiter, da Universidade A&M, do Texas, e de Witwatersrand.