Cientistas que previram 'partícula de Deus' são favoritos para o Nobel
Bóson de Higgs é a última peça do Modelo Padrão da física, que descreve a constituição fundamental do universo
Dois cientistas que previram a existência do bóson de Higgs, a misteriosa partícula que explica por que a matéria elementar possui massa, são os favoritos para ganhar o Nobel de Física neste ano, segundo um consultor da Thomson Reuters. O reconhecimento por uma descoberta que foi manchete mundial neste ano não seria surpresa, mas decidir quem merece essa glória é uma questão complicada para o comitê do prêmio, que anunciará sua decisão em 8 de outubro.
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O testamento de Alfred Nobel limita o prêmio a no máximo três pessoas. Só que seis cientistas publicaram estudos relevantes sobre o bóson de Higgs em 1964, e milhares de outros colaboraram para detectá-lo no gigantesco acelerador de partículas do Cern, perto de Genebra. Há um consenso de que o prêmio irá para os físicos que conceberam o modelo teórico finalmente comprovado. Um dos seis cientistas, o belga Robert Brout, morreu em 2011, e o prêmio não pode ser concedido postumamente.
Restam portanto cinco candidatos. Deles, dois despontam com maior favoritismo, segundo David Pendlebury, especialista da Thomson Reuters em previsões do prêmio Nobel. São eles David Higgs, 84 anos, cientista britânico que deu nome à partícula, e François Englert, 80, colega e compatriota de Brout.
As previsões de Pendlebury se baseiam na frequência com que trabalhos publicados por um cientista são citados por outros pesquisadores. Desde 2007, seu sistema previu com acerto 27 ganhadores do Nobel. Por esse critério, os norte-americanos Carl Hagen e Gerald Guralnik e o britânico Tom Kibble aparecem com menos chances. Eles também publicaram estudos importantes sobre o bóson de Higgs, mas que receberam menos citações ao longo das décadas.
O Cern anunciou em julho de 2012 que havia descoberto o bóson de Higgs, e isso motivou a expectativa de que Higgs ganharia o Nobel já no ano passado. Mas na época os dados preliminares do Cern ainda precisavam ser confirmados, o que só aconteceu neste ano.
"Parece-me que, com a confirmação em março dos resultados experimentais do Cern, não é difícil fazer uma aposta forte de que a descoberta será homenageada neste ano", disse Pendlebury.
Meio século parece ser uma longa espera por um Nobel, mas como a prova experimental acaba de ser confirmada, um prêmio concedido já no mês que vem seria excepcionalmente célere para os padrões do Nobel.
Tal urgência reflete a importância da descoberta - o bóson de Higgs é a última peça do Modelo Padrão da física, que descreve a constituição fundamental do universo - e o fato de Higgs e Englert já serem octogenários.