Dieta rica em sushi pode modificar genes da flora intestinal
Pesquisa realizada na França detectou enzima capaz de digerir melhor as algas.
Uma dieta rica em comida japonesa, como os tradicionais sushis, pode transferir genes de bactérias marinhas para a flora intestinal humana, segundo artigo publicado na revista científica Nature.
Segundo os autores do estudo, da Universidade Pierre et Marie Curie (UPMC), em Paris, ao comer algas, as pessoas também ingerem essas bactérias marinhas, que contêm o código genético para secretar uma enzima digestiva capaz de "quebrar" as algas em moléculas menores, capazes de serem absorvidas pelo intestino humano.
Para os especialistas, a descoberta mostra que os alimentos e a maneira como os preparamos têm o potencial de influenciar a flora intestinal do homem.
Em outro artigo publicado na mesma edição da Nature, o microbiologista americano Justin Sonnenburg, da Universidade de Stanford, destaca que o estudo francês mostra ainda a importância de as bactérias da flora humana se adaptarem às constantes mudanças da nossa dieta e nosso ambiente.
Flora
A equipe de cientistas da UPMC, liderada por Jan-Hendrik Hehermann, conseguiram isolar uma nova enzima digestiva encontrada em bactérias vivendo nas algas vermelhas conhecidas como Porphyra, entre as quais está o nori, usado nos sushis.
Examinando centenas de databases de genes para tentar descobrir onde mais poderiam encontrar essa enzima, os cientistas a acharam em bactérias intestinais de um grupo de 13 japoneses.
"Cinco dessas 13 pessoas tinham este mesmo gene em sua flora intestinal. E o resto apresentou genes similares que codificam enzimas semelhantes", explicou Mirjam Czjzek, também da UPMC.
"Quando examinamos o estudo genômico da flora intestinal de um grupo de americanos, vimos que nenhum deles apresentou o mesmo gene."
Segundo Czjzek, a rota "mais provável" para as bactérias marinhas chegarem ao intestino seria a ingestão das algas. Para ela, esses gentes são benéficos para o ser humano, permitindo que eles absorvam os nutrientes das algas, que eles provavelmente não conseguiriam digerir.