Estudo faz cobaias com paralisia cerebral recuperarem movimentos
18 abr2012 - 16h24
(atualizado às 17h33)
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Um novo tratamento ajudou coelhos nascidos com paralisia cerebral a recuperar uma mobilidade quase normal, fazendo surgir a esperança de um potencial avanço no tratamento de pessoas com este distúrbio atualmente incurável, afirmaram cientistas nesta quarta-feira.
O método, parte do campo crescente da nanomedicina, funcionou liberando um medicamento antiinflamatório diretamente nas partes comprometidas do cérebro através de minúsculas moléculas em cascata conhecidas como dendrímeros.
Filhotes de coelho tratados seis horas após o nascimento tiveram uma "melhora dramática na função motora" no quinto dia de vida, disse a autora principal do estudo, Sujatha Kannan, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e do Departamento de Pesquisa de Perinatologia e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos.
O estudo foi publicado no jornal científico americano Science Translational Medicine. Os coelhos que nasceram imóveis por causa da paralisia infantil se movimentavam em "níveis quase normais no quinto dia", destacou um artigo que acompanhou o estudo e foi publicado no mesmo periódico pelo pedriatra Sidhartha Tan, de Chicago.
A droga usada foi uma comumente empregada para tratar pessoas com intoxicação por acetaminofeno (paracetamol), conhecida como N-acetil-L-cistina ou NAC, e foi dada em uma dose 10 vezes menor. No entanto, foi bem sucedida porque o método de nano-entrega permitiu que cruzasse a barreira sangue-cérebro, desativando prontamente a inflamação no cérebro.
Kannan explicou que sua equipe usou coelhos como cobaias porque, assim como os humanos, seus cérebros se desenvolvem parte antes e parte depois do nascimento, enquanto a maioria dos outros animais nascem com suas habilidades motoras já formadas.
"Uma vantagem disso é que podemos testar tratamentos e olhar para a melhora na função motora usando este tipo de modelo animal", explicou a médica. Enquanto especialistas afirmam que levará anos até que se conheça totalmente esta abordagem, a pesquisa demonstra uma prova de conceito importante que algum tipo de intervenção precoce consegue reverter o dano cerebral.
"A importância deste trabalho é que ele indica que há uma janela no tempo, imediatamente após o nascimento, quando a neuroinflamação pode ser identificada e quando o tratamento com um nanodispositivo pode reverter os efeitos da paralisia cerebral", afirmou o co-autor do estudo, Roberto Romero, obstetra do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano.
A paralisia cerebral afeta cerca de 750 mil crianças e adultos nos Estados Unidos e sua taxa de prevalência é de cerca de 3,3 por 1 mil nascimentos, segundo Romero. O distúrbio pode causar dificuldades severas em controlar os músculos, incapacidade de caminhar, se movimentar ou engolir. Alguns pacientes também podem sofrer atrasos cognitivios e anormalidades no desenvolvimento.
Uma das principais causas da paralisia cerebral é o nascimento prematuro, fenômeno em ascensão, mas a doença não costuma ser diagnosticada antes dos 2 anos. "No momento em que fazemos o diagnóstico, há muito pouco que podemos fazer", disse Romero, descrevendo a paralisia cerebral como "uma doença incurável por toda a vida".
Celebrado no último dia do mês de fevereiro, o Dia Mundial de Doenças Raras tem como objetivo destacar a importância dos estudos sobre doenças que desafiam a medicina. Estima-se que 7% da população mundial sejam portadoras de algum tipo de síndrome considerada rara. No caso do Brasil, o total de pessoas afetadas deve superar os 13 milhões, no entanto ainda não existe um mapeamento oficial. Veja a seguir casos que surpreendem pela singularidade e superação
Foto: The Grosby Group
Três irmãs indianas possuem uma alteração genética conhecida como síndrome de lobisomem, uma das mais raras do mundo, que ocorre em uma pessoa a cada um bilhão
Foto: The Grosby Group
As irmãs, moradoras de uma vila perto da cidade de Pune, na Índia, herdaram a doença do pai
Foto: The Grosby Group
Quando o menino Ryan Marquiss nasceu, os médicos não tinham expectativa de que ele sobrevivesse. Diagnosticado com uma doença rara, que afeta apenas oito em cada um milhão de nascimentos, o bebê tinha o coração para fora do corpo e precisava ser submetido a uma cirurgia urgente
Foto: The Grosby Group
Além de estar para fora, o coração de Ryan também não era totalmente desenvolvido, o que tornava o caso do menino americano o único registrado no mundo. Contrariando todas as expectativas, ele passou por uma operação logo após o nascimento e está comemorando o terceiro aniversário
Foto: The Grosby Group
Reece Williams, 7 anos, tem narcolepsia. De acordo com Paul Reading, presidente da Sociedade Britânica do Sono, a disfunção afeta uma em cada 3 mil pessoas. Antes de a doença ser controlada com medicação, o menino não conseguia nem chutar uma bola de futebol sem cochilar. Ele já chegou a cair 25 vezes por dia e a dormir por 23 horas ininterruptas
Foto: The Grosby Group
A menina Angelina Messingham, de Norfolk, no Reino Unido, sofre de uma rara condição que estava calcificando seu cérebro. Para salvá-la, os médicos tomaram uma decisão extrema
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Os cirurgiões "desligaram" a metade do cérebro da menina onde ocorria a calcificação, o que impediu que a outra metade fosse afetada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Apesar da cirurgia, os médicos afirmam aos pais - Lisa e Stephen - que a outra metade vai assumir as funções da parte "desligada" e Angelina terá uma vida normal
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Rosie Collington (dir.) com a irmã Júlia (esq.) e a mãe Mary-Jane, em Bridgewater, Inglaterra. Rosie é o primeiro caso conhecido a sobreviver a uma rara forma de meningite - apenas três casos registrados no mundo
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Rosie (dir.), nesta imagem com seus irmãos Júlia e Peter, impressionou os médicos ao não ter tido graves sequelas
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Segundo a mãe da jovem, Rosie se cansa facilmente, mas a doença não deixou outras marcas
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Aimee Milota - na imagem então com 6 anos, em 2006 - e sua melhor amiga Graycen Beardslee, 5 anos, ambas de peruca, brincam em festa na Califórnia. As duas meninas sofrem de uma doença rara que as impede de tomar sol
Foto: Barcroft Media / Getty Images
As crianças tem uma condição chamada xeroderma pigmentoso, que aumenta muito a chances delas terem câncer de pele causado pela exposição ao sol
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A pequena Stella Rogers, durante o verão de 2009, quando começou tratamento contra uma rara forma de neuroblastoma - um tipo de câncer que afeta uma a cada 100 mil crianças
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O caso da menina levou o ator Stephen Fry a liderar uma campanha por fundos na internet
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A solidariedade deu certo e a família conseguiu pagar o tratamento de 215 mil libras (cerca de R$ 600 mil) nos Estados Unidos. Os pais fundaram uma ONG ("For Stella") que hoje ajuda outras crianças. Quanto ao câncer da menina, a mãe informa no site da organização que o tratamento funcionou e o tumor está em remissão
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Andy Wray olha os diários que funcionam como sua "memória". Wray esquece tudo o que acontece a cada dois dias desde 2007, quando começou a sofrer de amnesia dissociativa. A condição teria sido causada pelos assassinatos e a ansiedade resultantes do trabalho de policial
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Rosie Herbert, moradora de Eastbourne, no Reino Unido, sofre de pseudo-obstrução gastrointestinal crônica. A doença faz com que após comer, mesmo que seja apenas um lanche, sua barriga aumente de tamanho, como se ela estivesse grávida. Quando criança, Rosie sofria principalmente com vômitos, mas os médicos achavam que ela estava fingindo estar doente para faltar à escola. Pela internet, a família se informou e descobriu o problema. Hoje, ela vive uma vida melhor e está casada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Diane Dike com seu cachorro treinado para auxiliá-la. A americana sofre de uma condição rara que faz com seu sangue solidifique a baixas temperaturas
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A doença de Diane é rara e causa fortes dores nela. Apesar de usar roupas especiais, muitas vezes ela sofre do problema, já que seu corpo tem dificuldade em regular a temperatura
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Em Vereenging, na África do Sul, Mckenzi Hiscock surpreendeu a família ao "mudar" de sexo. A criança sofre de hiperplasia adrenal congênita, condição na qual o corpo produz muito hormônio masculino, o que levou os médicos a dizerem que era um menino. Contudo, cinco meses depois, a família descobriu que tinha uma menina em casa
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Grace Etherington sofreu de um raro vírus que paralisou todo seu corpo, impedindo a jovem até de piscar
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Grace (dir.), moradora de Kent, no Reino Unido (ao lado de sua mãe, Sharon), surpreendeu os médicos ao se recuperar totalmente. Eles acreditavam que a jovem, se sobrevivesse, seria dependente do auxílio de máquinas pelo resto da vida
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Os irmãos Simon (esq.) e George Cullen sofriam com as brincadeiras no colégio por causa da doença que sofrem - a displasia hipoidrótica ectodérmica. A condição deixa as crianças com a pele muito clara e "dentes pontudos de vampiro". Eles têm de evitar o sol e esportes porque calor demais pode deixa-los em coma. Hoje, como os vampiros fazem sucesso no cinema e na TV, os dois ficaram populares na escola. Na imagem, de 30 de agosto de 2011, Simon estava com 13 e George, com 12 anos
Foto: Barcroft Media / Getty Images
As irmãs Chloe (dir.) e Evie Church, de Swansea, no Reino Unido, em imagem de 21 de fevereiro de 2011, então com 14 e 11 anos. As jovens sofrem de uma doença cardíaca que pode tirá-las a vida se elas tiverem emoções extremas. Para evitar o problema, as meninas evitam festas, tomar energéticos, ver filmes de terror e até namorar
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A doença de Niemann-Pick é um distúrbio hereditário registrado em apenas cerca de 500 crianças no mundo. Os bebês nascem incapazes de produzir uma determinada enzima, o que os faz acumular quantidades anormais de colesterol no corpo. A condição causa lesões que afetam os movimentos, a fala, o metabolismo e as capacidades cognitivas. Normalmente, quem nasce com a doença, como o britânico Ben Scott, não vive mais que 20 anos
Foto: BBC Brasil
A síndrome Goldenhar atinge uma pessoa a cada 25 mil nascimentos e pode apresentar sintomas de diversos tipos. A doença leva ao desenvolvimento anormal de tecidos ou órgãos, especialmente na cabeça e no rosto. São comuns deformações na orelha - como no caso do menino Giles que precisou de uma cirurgia plástica para transformar um pequeno lóbulo em uma orelha - na mandíbula e no canal auditivo, que pode levar à surdez
Foto: BBC Brasil
A progéria já por si uma doença bastante rara, mas é ainda mais raro que ela se manifeste em negros. Há apenas um registro no mundo, da menina Ontlametse Phalatse, nascida na África do Sul, em 1999. Ela precisa viajar duas vezes por ano aos Estados Unidos, onde recebe tratamentos e remédios que não estão disponíveis na África
Foto: AP
A progéria é uma doença genética que acelera o processo de envelhecimento e não tem cura. Não há uma estimativa confiável de quantos casos já ocorreram no mundo, mas os registros são escassos e quem nasce com a doena geralmente não ultrapassa os 13 anos de idade
Foto: AP
No momento do nascimento os bebês com progéria têm uma aparência comum, mas em questão de dias ou semanas apresentam erupções no corpo semelhantes às causadas por doenças de pele. Em menos de um ano, as crianças costumam perder o cabelo, têm unhas fracas e constantes problemas de pele
Foto: AP
A DCML é uma rara síndrome de deficiência imunológica causada pela incapacidade de produção de células dendríticas, importantes componentes do sistema de defesas do corpo. O diagnóstico da síndrome é de difícil realização, e muitos pacientes morrem antes de receberem qualquer tipo de tratamento. A jovem Stacey Sheppard foi diagnosticada aos 23 anos, depois de ter perdido o pai e a irmã que tinham asíndrome sem saber
Foto: BBC Brasil
Bebês que sofrem da Síndrome de Apert nascem com os dedos das mãos e dos pés colados, além de deformações no crânio que fazem suas cabeças parecerem ter "chifres" como os de rinocerontes. Além da aparência diferente, a síndrome pode gerar problemas no desenvolvimento cerebal, já que o cérebro possui menos espaço para crescer. O caso do menino Finley Johnson foi resolvido com uma cirurgia na Inglaterra
Foto: BBC Brasil
A britânica Hayley Okines, 13 anos, sofre de progéria infantil, rara doença que provoca o rápido envelhecimento
Foto: Reprodução
Apesar de ser uma adolescente, a jovem tem estrutura óssea de uma pessoa de 100 anos, sofre de artrite, falta de apetite e toma dois coquetéis de comprimidos todos os dias
Foto: Reprodução
Apesar dos problemas, a menina não desiste e vai à escola todos os dias em East Sussex, na Inglaterra. A vida dela será contada em um documentário que será exibido na TV europeia
Foto: Reprodução
A canadense Aleisha Hunter foi curada de câncer de mama quando tinha 3 anos.Leia notícia relacionada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Aleisha foi a pessoa mais jovem a ter a doença diagnosticada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Aleisha Hunter, de Toronto, no Canadá, foi diagnosticada em dezembro de 2008, quando tinha 2 anos
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A criança canadense foi curada quando tinha 3 anos e não apresenta mais sinais da doença
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A mãe de Aleisha, Melanie, foi quem descobriu o caroço no peito da criança, quando a secava depois de um banho
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Lauren McSheehy e seu pai Andy sofrem de uma das mais raras doenças do planeta, a síndrome da hiperimunoglobulina E, ou síndrome de Jó
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A síndrome de Jó é similar à aids, diminuindo as defesas do corpo. Os médicos não estavam certos se Andy passaria a doença a seus filhos
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Lauren herdou a síndrome de Jó do pai, mas Louise, sua irmã, não herdou
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Leslie Anne Jenkins mostra pedaços de sua pele tirados do rosto
Foto: Bancroft Media / Getty Images
A Hiperqueratose da Cabeça e Pescoço é uma rara doença que provoca inchaços e inflamações caraterizadas por grossas camadas de pele que podem chegar a desfigurar o rosto. Se sabe que o fungo Malassessia está envolvido no surgimento da doença, mas não se sabe se ele é o causador do problema, já que trata-se um fungo comum na pele humana causando, entre outras coisas, a caspa
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Leslie teve que parar de trabalhar após descobrir a doença e, se não receber auxílio do governo, disse que vai aceitar as doações de voluntários
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Sem condições de pagar o tratamento, Leslie pediu ajuda ao governo de Canadá, que negou auxílio
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A imagem mostra a britânica em 2007, antes de apresentar os sintomas da doença
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Um caso intrigante divulgado este ano é o de um garoto de 13 anos que descobriu uma rara condição cardíaca após ser nocauteado em uma luta no Reino Unido
Foto: The Grosby Group
O coração de Callum Massey parou após ele levar um soco e ser levado à emergência de um hospital, onde os médicos descobriram a doença e colocaram um marca-passo no jovem
Foto: The Grosby Group
O caso do adolescente ocorreu em setembro do ano passado, mas só foi divulgado em janeiro de 2012
Foto: The Grosby Group
Massey passou três semanas no hospital Glenfield, em Leicester, no Reino Unido, para ser tratado
Foto: The Grosby Group
No hospital, o garoto descobriu que tinha uma síndrome rara e precisou levar até um desfibrilador para casa - para o caso de emergências. Leia mais
Foto: The Grosby Group
Cientistas em Londres investigam o caso de um menino que tem uma doença rara que faz com que ele não consiga comer. O jovem Muhammad Miah, 18 anos, não consegue nem mesmo beber água e é obrigado a se alimentar de forma artificial desde a infância. Leia mais
Foto: BBC Brasil
Um menino de 3 anos passou por uma cirurgia em um hospital do Peru para a retirada de um feto de um 'gêmeo parasita'. O médico Carlos Astocondor, disse que casos como o do pequeno Isbac Pacunda ocorrem em um a cada 500 mil nascimentos
Foto: AP
O feto dentro do estômago do menino pesava cerca de 1,2 kg e possuia 25 cm de comprimento. O corpo não chegou a se desenvolver e ficou preso no tecido do estômago do garoto, como uma espécie de tumor
Foto: AP
Uma anomalia intriga os médicos chineses que atendem o jovem Nong Youhui. Ele nasceu com olhos azuis - fato muito raro entre chineses - e ainda tem a capacidade de enxergar no escuro. Segundo relatos divulgados no dia 24 de janeiro, os olhos do menino são como olhos de gato, pois brilham quando há pouca luz. Leia mais
Foto: CCTV / Reprodução
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