Estudo: 'super-ratos' desenvolvem resistência a venenos poderosos
10 ago2011 - 05h49
(atualizado às 08h52)
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Mark McGrath
Alguns camundongos caseiros encontrados na Europa desenvolveram resistência aos mais fortes venenos, afirmam cientistas. Os roedores alemães e espanhóis rapidamente desenvolveram esta característica ao cruzar com uma espécie argelina da qual haviam ficado separados por mais de 1 milhão de anos.
Os autores do estudo afirmam que este tipo de transferência genética entre diferentes espécies é bastante incomum e normalmente encontrada em plantas e bactérias.
Os cientistas estão preocupados que esta rara e rápida forma de evolução possa levar à disseminação de novas gerações de ratos e camundongos resistentes a praticamente qualquer forma de controle químico de pestes.
Varfarina
A varfarina é uma droga amplamente usada na medicina para prevenir o surgimento de coágulos no sangue. Ele funciona ao inibir uma proteína conhecida como VKORC1. Esta proteína desperta a capacidade de produzir a vitamina K, que é essencial para a coagulação.
O excesso de varfarina pode causar sangramentos fatais, e foi esta característica que levou à introdução da droga como um pesticida contra ratos nos anos 1950s.
No entanto, ratos e camundongos vêm desenvolvendo traços para sobreviver à varfarina, e grupos de roedores resistentes já foram encontrados em diferentes partes do mundo.
Agora os cientistas afirma que os ratos alemães e espanhóis encontraram um método rápido de superar a ameaça da varfarina ao realizar cruzamentos com animais argelinos que são, de acordo com os pesquisadores, uma espécie totalmente diferente.
Troca genética
"O nosso estudo é tão especial porque envolve a hibridização entre duas espécies de ratos que ficaram separadas entre 1,5 a 3 milhões de anos", diz Michael Köhn, professor da Universidade Rice, em Houston (Texas, EUA), que liderou a equipe de pesquisadores responsável pelo estudo.
"A maior parte das crias (...) não reproduz, é estéril - mas existe uma pequena janela que permanece aberta para que os genes se movam de uma espécie para outra, e isto por meio de algumas poucas fêmeas férteis, então existe uma chance de vazar genes de uma espécie para outra."
Graças a essas poucas fêmeas férteis, a grande maioria dos camundongos na Espanha e um número crescente na Alemanha adquiriram resistência em um curto período de tempo, embora os cientistas não estejam totalmente certos de quando as primeiras trocas genéticas ocorreram.
E enquanto eles podem não parecer muitos diferentes dos ratos domésticos normais, em seu código genético eles agora têm a capacidade de sobreviver aos produtos químicos mais fortes usados no controle de pestes.
"Existem muitas barreiras genéticas entre estas espécies de camundongos", disse Köhn. "Vê-los hibridizar e transferir material genético é um tanto espetacular, para ser franco."
Pressão evolucionária
Os pesquisadores dizem que o aumento nos deslocamentos humanos e o crescimento populacional são responsáveis por unir estas espécies de roedores e colocá-las sob estresse evolucionário ao tentar envenená-las.
Eles estão preocupados que pressões humanas similares possam fornecer aos ratos tanto a necessidade quanto a oportunidade para cruzarem entre espécies, gerando roedores que são quase impossíveis de controlar.
"Eu prevejo que muitas destas espécies de ratos se moverão pelo globo, e potencialmente já se moveram, mas nós ainda não as detectamos", diz Köhn. "Então o potencial para este intercruzamento entre espécies fortemente relacionadas de roedores e a troca de resistência está mais forte do que já foi no passado."
O professor acredita que esta pesquisa é um exemplo do que os cientistas chamam de transferência genética horizontal, um processo normalmente visto em bactérias e plantas, mas raramente em animais.
"Houve algumas acusações de que nós simplificamos demais as coisas ao dizer que isto é transferência genética horizontal - e eu acredito que é, mas é mais especial do que isso, porque teve de superar essa barreira de esterilidade híbrida na primeira geração de descendentes, no mínimo", disse.
Dúvidas
Outros cientistas não estão tão certos disso. "É um trabalho interessante, mas eu não chamaria isso de transferência genética horizontal, eu diria que houve transferência genética na ausência de sexo", diz Julie Dunning Hotopp, do Instituto para a Ciência do Genoma na Universidade de Maryland (EUA).
"De várias maneiras eu não acho que isto seja surpreendente. No momento em que você tiver uma forte pressão, como um pesticida, você terá a oportunidade para ter estas mudanças", afirma.
"Como humanos, nós estamos aplicando mais pressão, mas nós podemos observar as mudanças mais facilmente também graças ao sequenciamento genômico aprimorado. Nós encontraremos mais exemplos como este porque nós podemos procurar mais."
Por agora, pelo menos, os supercamundongos ainda não chegaram à Grã-Bretanha, primeiro país a descobrir a resistência em ratos e camundongos, nos anos 1960.
O espadarte, ou peixe serra (Pristis perotteti), é caracterizado pela extensão do rosto que tem entre 13 e 22 dentes de cada lado e que lhe dá nome. O maior exemplar capturado tinha 7 m, mas normalmente esse animal tem 2,4 m (machos) e 3 m (fêmeas). Não apenas a Pristis perotteti, mas todas as espécies de peixe serra do planeta são consideradas "criticamente em perigo" de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)
O espadarte, ou peixe serra (Pristis perotteti), é caracterizado pela extensão do rosto que tem entre 13 e 22 dentes de cada lado e que lhe dá nome. O maior exemplar capturado tinha 7 m, mas normalmente esse animal tem 2,4 m (machos) e 3 m (fêmeas). Não apenas a Pristis perotteti, mas todas as espécies de peixe serra do planeta são consideradas "criticamente em perigo" de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)
Foto: Divulgação
O espadarte pode ser encontrado tanto no litoral como em rios, inclusive na Amazônia. A "serra" fica facilmente presa em redes, o que as torna uma ameaça para este animal, sendo que a retirada do animal geralmente requer seu sacrifício. Ainda é abatido diretamente para a venda da "serra" como souvenir, remédio local e até para o uso dos dentes como esporas em rinhas de galo. A destruição de berçários (áreas costeiras, estuarinas e manguezais) também é uma séria ameaça
Foto: Divulgação
O sagui-de-duas-cores (Saguinus bicolor) pode ser encontrado em uma região próximo de Manaus. É chamado também de sauim-de-coleira, sauim-de-Manaus, sauim-de-duas-cores e sauim. Chega a até 32 cm de comprimento, sem contar a cauda de até 42 cm. São animais diurnos - mais ativos pela manhã - e dormem em emaranhados de cipó, base de folhas de palmeira e, mais raramente, árvores ocas. O desmatamento e a fragmentação são as maiores ameaças
Foto: Divulgação
A perereca-verde (Hylomantis granulosa) foi considerada em risco crítico de extinção por ser conhecida em apenas uma localidade em Recife (PE). Contudo, foram encontradas novas populações no Estado e também em Alagoas. Segundo o ministério, se for encontrada em outros locais, seu status pode ser revisto. Mas isso não quer dizer que o animal não pode desaparecer, sofrendo com poluição, desmatamento, destruição de habitat e desequilíbrio ecológico
Foto: Divulgação
Apenas uma cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta) foi coletada por cientistas no Brasil, em julho de 1964, em Rondônia. Contudo, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, pode existir uma população maior, já que o animal vive em uma área muito isolada. Tem hábitos noturnos e se alimenta de néctar, dificilmente descendo das árvores
Foto: Divulgação
A guariba-marrom-do-norte (Alouatta guariba guariba), também conhecido como bugio-marrom-do-norte, vive em fragmentos isolados da Mata Atlântica. O ministério aponta cinco motivos para o alto grau de ameaça do animal: intenso processo de destruição da floresta; desmatamento, sobretudo para a implantação de monoculturas exóticas, como o eucalipto; comércio ilegal como animais de estimação; caça ilegal e predatória (principalmente no passado); incêndios florestais
Foto: Divulgação
O cação-bico-doce (Galeorhinus galeus) tem dentes fortemente serrilhados e chega a 175 cm (machos) e 195 cm (fêmeas). Existe uma população que vive no Atlântico, do Rio Grande do Sul à Patagônia, e que migra mais para o norte no inverno, quando é alvo de barcos pesqueiros, sua maior ameaça
Foto: Divulgação
O macaco-prego-de-peito-amarelo (Cebus xanthosternos), também conhecido como macaco-de-bando, coité, piticau, macaco-preto, macaco-mirim e macaco-verdadeiro se diferencia pelo peito amarelo e por tufos pequenos na parte anterior do braço e da cabeça. Vive em área fragmentadas de mata entre o norte de Minas Gerais e o rio São Francisco. Destruição de habitat, desmatamento e caça são as principais ameaças
Foto: Divulgação
O mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara), ou saguizinho, é um pequeno primata que geralmente vive em grupos com cinco indivíduos, normalmente um casal com filhotes. Tem distribuição muito restrita (uma pequena faixa de Mata Atlântica do extremo sul de São Paulo ao extremo norte do Paraná), com população pequena e fragmentada. Diversos fatores ameaçam a espécie, como o turismo desordenado, especulação imobiliária e multiplicação de empreendimentos agrícolas
Foto: Divulgação
O maior animal do planeta também está os mais ameaçados de desaparecer do nosso País. A baleia azul (Balaenoptera musculus) pode alcançar até 30 m (as fêmeas são maiores, sendo que o maior exemplar tinha 33,6 m e o mais pesado com 190 t). Raramente é vista no Brasil, sendo que já ficou décadas sem ser avistada em nossas águas. A caça no passado - que fez a população cair a, segundo estimativas, 0,7% do original -, a pesca acidental, colisão com navios e estão as causas
Foto: Divulgação
O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) tem apenas 600 g, mas é considerado um hábil predador, caçando aves e pequenos vertebrados. São conhecidas 10 populações, todas no Estado de São Paulo. É ameaçado principalmente pela destruição e alteração do habitat, desmatamento e outros problemas comuns a pequenas populações, como baixa variabilidade genética
Foto: Divulgação
O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) pode chegar a 4 m e 600 kg. É herbívoro e pode comer até 13% de seu peso corporal por dia. Vive no Atlântico e pode ser encontrado da Flórida, nos Estados Unidos, ao Nordeste brasileiro. Diversas são as ameaças, da pesca com rede de arrasto à perda de habitat. Sofre, por exemplo, com a presença de embarcações nas entradas de estuários - onde as fêmeas costumam dar à luz, o que leva ao encalhe de filhotes órfãos nas praias
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A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é encontrada na ilha da Queimada, com território de 43 hectares no litoral de São Paulo, principalmente em área de Mata Atlântica. É ativa à noite e durante o dia e os adultos comem pássaros migratórios, enquanto os jovens caçam anfíbios, lagartos e centopeias. Recentes queimadas destruíram parte da vegetação da mata na ilha, que se recupera lentamente. Além disso, esse réptil sofre com a captura ilegal
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A tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), também conhecida como tartaruga-de-couro, tartaruga-de-cerro, tartaruga-de-quilha, careba-mole, careba-gigante, tartaruga-de-leste, é a maior tartaruga marinha e pode atingir 500 kg (há registro de um macho com 1.000 kg). Pode mergulhar até 1 km de profundidade e pode nadar em águas frias, mas sofre com a pesca, poluição e ocupação dos restritos locais de desova no Brasil
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A perereca-de-folhagem-com-perna-reticulada (Phyllomedusa ayeaye), apesar do enorme nome, é minúscula - o macho chega a 37 mm. Vive apenas no Morro do Ferro, em Poços de Caldas (MG), numa altitude de aproximadamente 1,4 mil m. Os machos são territoriais e lutam, se agarrando ao adversário para derrubá-lo do ramo. Conforme o ministério, as maiores ameaças são: perda, descaracterização e fragmentação de habitats, fogo, poluição por agrotóxicos e assoreamento
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A perereca-de-Alcatrazes (Scinax alcatraz ou Hyla catharinae alcatraz) pertence ao grupo perpusillus, que se reproduz apenas em bromélias. Vive na ilha que lhe dá nome e sua distribuição ocorre conforme a distribuição das bromélias, onde também se abriga mesmo fora da época de reprodução. As fêmeas são maiores e alcançam até 28 mm e 1,9 g. Além de ser endêmica a uma pequena ilha, a espécie sofre com exercícios da Marinha que já causaram grandes incêndios
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O muriqui (Brachyteles hypoxanthus), conhecido também como muriqui-do-norte, mono-carvoeiro, mono e miriqui, é encontrado na Mata Atlântica, principalmente na região Sudeste. São conhecidas 12 populações, sendo que nenhuma tem mais que 250 habitantes, a maior parte vive em áreas próximas do homem, o que aumenta o risco de transmissão de doenças. Tem baixa taxa reprodutiva e é ameaçado principalmente pela destruição do habitat
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A Holoaden bradei (aparentemente sem nome popular) foi registrada apenas no alto do Itatiaia e não é vista desde a década de 70, sendo que já pode estar extinta ou viva apenas em áreas de difícil acesso. Não se sabe a causa do desaparecimento, já que vive em uma área de proteção que aparentemente não sofreu alteração
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