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Estudo usa castanha e óleo de mamona para remover petróleo

19 jun 2009 - 13h57
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Um grupo de pesquisadores do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (Ima), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolveu um método simples, barato e eficaz de remoção de petróleo, que tem origem no líquido da castanha de caju (LCC) e no óleo da mamona, matérias-primas renováveis e abundantes no País.

"A contaminação da água com óleo, infelizmente, é um problema comum, pois o petróleo é, geralmente, transportado por longas distâncias em vias marítimas. Com este projeto, pretendemos minimizar o impacto ambiental, utilizando recursos naturais renováveis e mais eficazes para reter derramamentos acidentais", reforça o pesquisador. O LCC é amplamente exportado e também utilizado no Brasil para diversas finalidades, como antioxidantes para combustíveis e lubrificantes.

"Há alguns anos, no laboratório, começamos a trabalhar com um plástico produzido com o líquido da castanha de caju para mudar as propriedades de um polímero. Então, percebemos que a estrutura química do LCC é muito parecida com a do petróleo e que, por suas características, poderiam se atrair, fato que foi comprovado depois em alguns testes que fizemos", conta Fernando. A atração do plástico de LCC com o petróleo acontece porque a natureza química do principal componente do líquido da castanha de caju, o cardanol, tende a interagir com os materiais aromáticos e alifáticos que compõem o líquido negro.

Da mesma forma, os pesquisadores descobriram que a glicerina que sobra do biodiesel produzido a partir da mamona também pode atingir o mesmo objetivo. "Este é outro material que temos em grande quantidade, há toneladas dele sobrando sem uma finalidade. O procedimento com a glicerina é o mesmo que utilizamos com o LCC. Embora a resina produzida com a mamona não seja igual à da castanha de caju, ao introduzirmos grupos aromáticos, criamos com ela um plástico de comportamento similar", explica o pesquisador.

Após constatar a eficácia do material produzido, Fernando e sua equipe precisaram elaborar como ele seria retirado da água junto com o petróleo. "Depois de a resina ter atraído o petróleo, pensamos em peneirá-la, mas constatamos que, desta forma, perderíamos tempo e eficiência e recairíamos no mesmo método das remoções já existentes. Então, tivemos a ideia de misturar a este plástico nanopartículas magnéticas, as maghemitas, para que a remoção do material com o petróleo fosse feita pela ação de campo magnético", avalia o pesquisador. Uma vez combinada às maghemitas, a resina produzida é triturada até virar um pó para que a sua área de atuação seja ainda maior.

O material é fabricado no Laboratório de Biopolímeros e Sensores do Instituto de Macromoléculas da UFRJ. O líquido da castanha de caju ou a glicerina do biodiesel da mamona são adicionados em um balão onde há um fluxo constante de nitrogênio. Depois são adicionados catalisadores que promovem a polimerização deste material.

Antes que o processo seja concluído, são adicionadas nanopartículas magnéticas à massa dentro do balão, o que resulta em um material polimérico magnetizável. É neste mesmo laboratório onde são realizados os testes de remoção, em escala de bancada, com água do mar, petróleo fornecido pela Petrobras e as resinas magnéticas.

"Até agora trabalhamos em escala de bancada, retirando de 20 a 50 gramas de petróleo da água, com um ímã. O próximo passo será construirmos um tanque para testarmos remoções de porte maior", promete.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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