Experiências pessoais criam novos neurônios no cérebro, diz estudo
Pesquisa pode explicar, inclusive, porque gêmeos têm personalidades diferentes
Um estudo de instituições alemãs de pesquisa indica que as experiências pessoais e o comportamento levam ao crescimento de novos neurônios, o que, por sua vez, contribuiria para a "individualização do cérebro". O resultado pode explicar, inclusive, porque gêmeos desenvolvem personalidades diferentes. A pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira na revista especializada Science.
A pesquisa dos centros alemães começou com uma pergunta: por que gêmeos idênticos não comportam de maneira igual conforme crescem? Para tentar responder, os cientistas fizeram um experimento: eles acompanharam camundongos geneticamente idênticos que viviam em ambientes também iguais. Cada animal tinha um chip que os pesquisadores usaram para monitorar os movimentos e o comportamento.
"Os animais não eram apenas geneticamente idênticos, eles também viviam no mesmo ambiente", diz Gerd Kempermann, professor da Universidade de Tecnologia de Dresden e líder do estudo. "Contudo, esse ambiente era tão rico que cada camundongo acumulou suas próprias experiências por si mesmo. Ao longo do tempo, os animais, por esse motivo, se diferenciaram na sua esfera de experiência e comportamento."
Segundo os pesquisadores, conforme o tempo passava, os camundongos, apesar de serem idênticos geneticamente, mostraram padrões de comportamento cada vez mais individualizados.
"Essas diferenças foram associadas com as diferenças na geração de novos neurônios no hipocampo, uma região do cérebro que suporta o aprendizado e a memória", diz Kempermann. "Animais que exploraram o ambiente em um grau maior, também tiveram um crescimento de novos neurônios maior que animais mais passivos."
A neurôgenese adulta, ou seja, a geração de novos neurônios no hipocampo, permite ao cérebro uma maior flexibilidade com novas informações. Os cientistas afirmam que é a primeira vez que se demonstra que as experiências pessoais e o comportamento contribuem para a "individualização do cérebro". Segundo os pesquisadores, essa individualização não pode ser reduzida a diferenças no ambiente e na genética.
"A neurogênese adulta também ocorre no hipocampo de humanos. Assim sendo, assumimos que traçamos uma base neurobiológica para a individualidade que também se aplica a humanos", diz o cientista.