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Há 20 anos, cientistas 'clonaram' embriões humanos pela 1ª vez

Definição da experiência como clonagem humana, porém, é controversa; objetivo era contribuir para o desenvolvimento da fertilização in vitro

25 out 2013 - 07h21
(atualizado às 07h58)
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<p>O cientista responsável pela criação da ovelha Dolly (o primeiro mamífero clonado com sucesso), Ian Wilmut, recebeu autorização para clonar embriões humanos em busca de cura para doenças do neurônio motor mais de 10 anos após a experiência de Stillman e Hall</p>
O cientista responsável pela criação da ovelha Dolly (o primeiro mamífero clonado com sucesso), Ian Wilmut, recebeu autorização para clonar embriões humanos em busca de cura para doenças do neurônio motor mais de 10 anos após a experiência de Stillman e Hall
Foto: Getty Images

Pesquisadores que desejam fazer testes envolvendo engenharia genética nos dias atuais precisam passar por uma grande burocracia. São necessárias permissões - do governo, de universidades, de comitês especializados - e a aprovação científica do projeto, em um esforço que não costuma ser visto com bons olhos. Há 20 anos, porém, quando a inserção de genes em células humanas foi feita pela primeira vez, os dois cientistas responsáveis pelo "experimento genético definitivo" precisaram apenas de aprovação do conselho de ética da instituição onde trabalhavam.

Em 1993, Jerry Hall e Robert Stillman, dois biólogos da Universidade George Washington, conseguiram permissão para clonar embriões humanos em laboratório. O objetivo era dividi-los em "gêmeos" ou "trigêmeos" idênticos. Os pesquisadores trabalharam tão somente com embriões anormais, que nunca poderiam se desenvolver até se transformar em bebês, e conseguiram realizar a primeira geminação artificial com embriões humanos. Preocupados com o que poderia acontecer, no entanto, foram dados aos embriões apenas sete dias de vida: a multiplicação foi interrompida em pleno desenvolvimento.

Na época, a pesquisa foi recebida com controvérsia - e é alvo de críticas até hoje -, então os cientistas afirmaram que ficaria a cargo de outras pessoas decidir se a clonagem humana, ainda que em fase experimental, prosseguiria até se tornar realidade. Esses experimentos costumam ter objetivos nobres: a cura de doenças, a gravidez de inférteis, entre outros. A clonagem de embriões humanos, contudo, é frequente alvo de críticas - fruto do temor sobre as implicações de "brincar de Deus", criando vida em laboratório. Mas a definição do experimento feito há 20 anos como "clonagem" é contraditória.

Definição controversa

Chamar o caso de clonagem é algo enganoso, alerta o médico Raymond Bohlin, Ph.D. em biologia molecular e celular. Clonar significa tirar uma célula de um indivíduo adulto, remover o núcleo e implantá-lo em um óvulo fertilizado que teve seu núcleo removido. Isso ainda não é possível, de acordo com o Bohlin. O que Stillman e Hall, explica o doutor, foi simplesmente geminar em laboratório embriões humanos pela primeira vez - algo que a natureza faz quando nascem gêmeos ou trigêmeos, por exemplo.

Procedimentos semelhantes a esse já haviam sido realizados com sucesso em roedores e bovinos há décadas. Os gêmeos idênticos são produzidos quando um óvulo fertilizado se divide pela primeira vez e, em vez de permanecer como um só organismo, acaba se dividindo em duas células independentes. Os biólogos conseguiram reproduzir esse mesmo efeito ao remover a camada protetora que envolve o embrião em desenvolvimento (zona pelúcida), dividindo as células e substituindo essa barreira externa por uma proteção artificial.

O que esse experimento permitiu, em essência, foi a possibilidade de criar até oito embriões idênticos a partir de um só embrião com oito células. Esse procedimento foi realizado com o objetivo de ajudar casais em busca da fertilização in vitro, já que muitas mulheres não conseguem produzir múltiplos óvulos.

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Fonte: Terra
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