Miguel Nicolelis é contestado por não valorizar ciência nacional
Cientistas questionam se o brasileiro não quis contar com a colaboração de neurocientistas do País
Pesquisadores brasileiros divulgaram um manifesto questionando a intenção do neurocientista Miguel Nicolelis de promover a ciência nacional. No blog coNeCte, da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento, cientistas que trabalharam com Nicolelis alegam que um artigo publicado por ele na revista científica Nature Communications não menciona esforços de membros do Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), que teriam apresentado a ele um projeto semelhante em 2010. Assim, o neurocientista não valorizou a ciência nacional e agiu "exclusivamente em proveito próprio", segundo os pesquisadores.
O trabalho em questão consisitia em um experimento com estimulador cerebral em ratos e faz parte de uma tese de doutorado em andamento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na época em que a pesquisa foi apresentada, Nicolelis era coordenador do Interfaces Cérebro-Máquina (INCeMaq), criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os pesquisadores indagam se o trabalho parecido já estava sendo feito na Universidade Duke, onde Nicolelis atua na área de Neurociência, e por que não foi realizado em colaboração com a UFMG.
"Utilizar a produção de um laboratório no exterior como justificativa para prestação de contas de um financiamento nacional tem grande potencial de comprometer o trabalho sério e sólido das agências de fomento brasileiras nas últimas décadas", afirma o documento.
O manifesto é pelos professores Antônio Carlos Roque da Silva Filho (USP-RP), Cláudia Domingues Vargas (UFRJ), Dráulio Barros de Araújo (UFRN), Márcio Flávio Dutra Moraes (UFMG), Mauro Copelli Lopes da Silva (UFPE), Reynaldo Daniel Pinto (USP-SC) e Sidarta Ribeiro (UFRN).