Novo anticoagulante salva mais vidas que varfarina em estudo
Um anticoagulante experimental da Bristol-Myers Squibb e da Pfizer salvou mais vidas do que o tratamento convencional com varfarina em um grande estudo realizado. Embora o Eliquis seja o terceiro remédio a entrar no mercado em meio a uma nova categoria de anticoagulantes orais, os dados apresentados neste domingo no maior encontro médico da Europa significam que a droga pode ser vista como a melhor da classe.
Pessoas com arritmias cardíacas perigosas e que receberam Eliquis têm 21% menos chance de sofrer derrames do que aquelas que ingerirem varfarina, um remédio cheio de problemas, desenvolvido inicialmente com veneno de rato e que necessita de exames sanguíneos regulares.
A nova droga também produz uma redução relativa de 31% do risco de hemorragia, especialmente no cérebro, e em 11% no risco de morte por qualquer motivo, mostraram os resultados de um estudo que durou quase dois anos e do qual participaram 18 mil pacientes.
O benefício da baixa mortalidade alcançou por pouco uma estatística relevante, mas a descoberta coloca o Eliquis à frente de seus dois maiores rivais. Isso deve ser explorado pela Bristol e a Pfizer em uma guerra de mercado com o Pradaxa, da Boehringer Ingelheim - atualmente a única medicação alternativa à varfarina aprovada para prevenção de derrames -, e o Xarelto, da Bayer e Johnson & Johnson, que deve ser aprovado em breve.
"Dá muita confiança quando você vê um remédio que reduz a mortalidade. É outra coisa da qual podemos nos orgulhar", afirmou à Reuters o doutor Chris Granger, do centro médico da Universidade de Duke, que liderou o estudo.
O resultado significa que ministrar Eliquis em vez de varfarina por 1,8 ano - o tempo médio do estudo - evita oito mortes em cada 1 mil pacientes tratados.
Todas as três novas drogas estão competindo por uma fatia do mercado que substituirá a varfarina e que analistas da indústria acreditam que pode render de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões por ano até o final da década. Atualmente, especialistas ouvidos pela Thomson Reuters Pharma esperam vendas de US$ 1,6 bilhão do Eliquis, ou apixaban, em 2015. O medicamento deve ser submetido a aprovação no final deste ano.
O valor é menor do que os US$ 3 bilhões de previsão para o Xarelto, e alguns especialistas preveem que essa disputa agora vai pender para o lado do Eliquis. "O perfil de sangramento é espetacular e é o que vai dar a fatia de mercado", afirmou Mark Schoenebaum, um analista do ISI Group, que vê o Eliquis abocanhando pelo menos 60% do mercado de prevenção de derrames.
Em um editorial na publicação New England Journal of Medicine, no qual foram divulgados os dados apresentados neste domingo no encontro anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, a doutora Jessica Mega, do Hospital Brigham e das Mulheres, de Boston, afirmou que os resultados eram "impressionantes", mas alertou ser difícil fazer comparações entre drogas diferentes, devido às variações de testes clínicos.