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Perfurações revelam que Antártida já teve floresta tropical

2 ago 2012 - 14h42
(atualizado às 16h29)
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Perfurações no leito marinho da costa da Antártida revelaram que uma floresta tropical existiu no continente há 52 milhões de anos, afirmaram cientistas nesta quinta-feira, alertando que a região poderá voltar a perder sua camada de gelo em questão de décadas. Segundo informações da AFP, a análise do núcleo de sedimentos coletados na costa leste da região revelou polens fossilizados provenientes de uma floresta "quase tropical" que cobriu o continente no período Eoceno, de 34 a 56 milhões de anos atrás.

Kevin Welsh, cientista australiano que viajou na expedição de 2010, explicou que a análise de moléculas sensíveis à temperatura nos núcleos demonstraram que era "muito quente" 52 milhões de anos atrás, com temperaturas de cerca de 20ºC. "Havia florestas em terra, não haveria gelo algum e seria muito quente", afirmou Welsh à AFP a respeito do estudo, publicado na revista científica Nature. "É surpreendente porque, obviamente, a imagem que temos da Antártida é que é muito fria e cheia de gelo", acrescentou ele, que é paleoclimatologista na Universidade de Queensland.

Welsh disse que se acreditava que níveis mais elevados de dióxido de carbono na atmosfera fossem a principal causa do calor e da ausência de gelo na Antártida, com estimativas de CO2 entre 990 e 2 mil partes por milhão (ppm).

A concentração de CO2 atualmente é calculada em cerca de 395 ppm, e Welsh afirmou que as previsões mais extremas, feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) veria o gelo recuado novamente na Antártida "no fim do século". "É difícil dizer, porque realmente isto é controlado pelas ações de pessoas e governos", explicou Welsh.

Welsh descreveu as descobertas como "muito significativas" para compreender o futuro das mudanças climáticas, particularmente em face da importância da Antártida para o planeta inteiro, bem como do "imenso" volume d'água armazenado em sua superfície.

O estudo "demonstra que se atravessarmos períodos de mais CO2 na atmosfera, é muito provável que haja mudanças dramáticas nestas áreas onde o gelo atualmente existe", afirmou. "Se perdermos muito gelo na Antártida, vamos ver uma mudança dramática no nível do mar em todo o planeta", acrescentou. Até mesmo a elevação do nível do mar em alguns poucos metros inundaria "grandes porções de terra habitável ao longo da costa de muitos grandes países e regiões de terras baixas", disse.

O gelo no leste da Antártida tem de 3 a 4 km de espessura e acredita-se que tenha se formado cerca de 34 milhões de anos atrás. Welsh disse que também haverá grandes impactos nas temperaturas globais se o gelo recuar porque se trata de um mecanismo de resfriamento integral do planeta, que regula as temperaturas, ao refletir para o espaço a energia do sol.

"Há duas maneiras de observarmos para onde iremos no futuro", afirmou em entrevista à BBC o coautor do estudo, James Bendle, da Universidade de Glasgow. "Uma das maneiras é usar modelos baseados na física, mas cada vez mais estamos usando este procedimento 'de volta para o futuro' no qual observamos períodos geológicos do passado que podem ser similares ao caminho que estamos propensos a seguir dentro de 10, vinte ou cem anos", disse Bendle.

Segundo informações da BBC Brasil, o Programa Integrado de Perfuração Oceânica Integrada (IODP, na sigla em inglês) a sonda perfurou através de 1 km de sedimento para trazer as amostras da época do eoceno. Juntamente com o sedimento, vieram grãos de pólen de palmeiras que eram parentes das baobá e macadâmia da atualidade. A matéria vegetal encontrada também trazia resquícios de organismos unicelulares chamados archaea. As planícies costeiras teriam abrigado palmeiras, e áreas mais para o interior contavam com faias e coníferos.

Os dados sugerem que até mesmo nos períodos mais sombrios do inverno antártico, a temperatura nunca caiu abaixo de 10ºC, e que no verão as temperaturas diurnas ficavam na faixa dos 20ºC.

Com informações da AFP e da BBC Brasil

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