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Pesquisa indica como a circuncisão diminui o risco de infecção por HIV

16 abr 2013 - 01h00
(atualizado às 01h00)
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Um estudo divulgado na madrugada desta terça-feira (no horário de Brasília) descobriu que a circuncisão causa uma grande mudança na população de micro-organismos do pênis, o que pode explicar por que a prática oferece certa proteção contra o HIV e outros vírus. A pesquisa foi publicada no jornal especializado mBio.

Segundo os cientistas, o procedimento causa uma queda significativa na quantidade de bactérias anaeróbias - que vivem em locais com oxigênio limitado - no pênis. Por outro lado, as bactérias aeróbias tiveram um pequeno crescimento em sua população.

"A mudança na comunidade (de micro-organismos) é realmente caracterizada pela perda de anaeróbias. É dramática", diz Lance Price, pesquisador do Instituto de Pesquisa de Genômica Translacional (TGen), do Arizona, e da Universidade George Washington, da capital americana, e um dos autores do estudo. "Da perspectiva ecológica, é como rolar uma pedra e ver o ecossistema mudar. Você remove o prepúcio e aumenta a quantidade de oxigênio, diminuindo a umidade - nós mudamos o ecossistema", diz o cientista.

Testes controlados indicam que a circuncisão diminui o risco de infecção por HIV (entre 50 e 60%), de papiloma vírus (que causa câncer de útero e de pênis) e de herpes. Contudo, os cientistas ainda não entendem a biologia por trás desse processo.

Os pesquisadores usaram dados de uma grande experiência com o uso da circuncisão em Uganda. Ao comparar exames de homens que passaram pelo processo com outros que não passaram, os cientistas descobriram que, após um ano, o microbioma do pênis mudava significantemente. 

Os cientistas ainda não entendem qual é o papel do microbioma na aids, mas estudos indicam que as bactérias podem deixar o pênis suscetível a infecções virais. Essas bactérias poderiam ativar as chamadas células de Langerhans e as impediriam de fazer seu trabalho de barrar a entrada dos vírus.

Um ponto interessante do trabalho é que ele indica, segundo os cientistas, que entender as consequências na mudança do microbioma do pênis pode inclusive levar a procedimentos que não precisem de cirurgia. "O nosso trabalho, ao potencialmente revelar os mecanismos biológicos escondidos, pode revelar alternativas à circuncisão que poderiam ter o mesmo impacto biológico. Em outras palavras, se nós descobrimos que é um grupo de anaeróbias que aumenta o risco de HIV, nós podemos encontrar maneiras alternativas de diminuir essas anaeróbias", diz Price.

Fonte: Terra
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