Processo natural de decomposição inspirou mumificação na América
Pesquisadores descobriram que o processo de mumificação feito pelo povo Chinchorro, da região entre Chile e Peru, entre 7 mil e 4,8 mil anos atrás, foi inspirado na decomposição natural dos corpos. De acordo com o site da NBC News, o deserto do Atacama é um dos mais secos do mundo, por isso cadáveres não se decompõem naturalmente na região.
Além do deserto, o clima também ajudou a criar as múmias "elaboradas" em outras maneiras. De acordo com um estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy os Sciences, a aridez da região levou à mumificação natural dos corpos com o passar do tempo. O pesquisador Pablo Marquet, da Universidade Católica do Chile e do Instituto Santa Fé no Novo México, afirmou que uma população crescente significava também o aumento de cadáveres na região. "Eles tinham uma presença forte e um grande impacto na população viva", disse.
"A falta de decomposição pode ter tido uma profunda influência entre os vivos, pois os mortos ainda estariam entre eles, embora em um estado de existência diferente", relatou a equipe de pesquisadores.
De acordo com os cientistas, os resultados do estudo indicam que a mumificação artificial surgiu quando recursos, como água fresca, eram abundantes e a população humana estava crescendo rapidamente. Uma população maior promove a criação de novas ferramentas e ideias e, neste caso, provavelmente levou ao desenvolvimento da elaboração de práticas funerárias.
As primeiras múmias artificiais foram feitas a partir de cadáveres que tinham os órgãos removidos e esqueletos limpos, com os ossos reforçados por palitos. Depois, o corpo era reformado e vestido com a pele da própria pessoa ou com pele de um animal. A cabeça era coberta com uma máscara e uma peruca de cabelo humano, além de o corpo inteiro ser pintado com óxido de manganês, que ajuda a manter um tom mais escuro da pele.
Mais tarde, outros tipos de múmia surgiram, incluindo as de cor vermelha. Os Chinchorros faziam incisões no abdômen, ombro, virilha e tornozelos para remover tecido dos órgãos e dos músculos. Os ossos também eram reforçados e as cavidades do corpo eram dissecadas e preenchidas com terra, penas e barro.
Há cerca de 4 mil anos, a região se tornou ainda mais seca, fazendo com que o povo Chinchorro parasse de criar as múmias artificiais.