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Tecnologia de vigilância subaquática avança nos oceanos

26 out 2009 - 13h01
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Quirin Schiermeier

Abastecida com mais de US$ 100 milhões do pacote de estímulo econômico americano, uma rede sem precedentes de equipamentos de vigilância subaquática está começando a tomar forma nos oceanos do mundo. A Iniciativa Observatórios Oceânicos (OOI, no acrônimo em inglês) é o "maior avanço na ciência oceânica nos Estados Unidos em meio século", afirma Tim Cowles, do Consortium for Ocean Leadership, uma organização sem fins lucrativos que administra e coordena a OOI a partir de sua sede em Washington D.C.

A iniciativa faz parte de um plano mais amplo de construir vastas redes de monitores nos oceanos, permitindo que os pesquisadores tenham uma visão em tempo real de lugares que só podiam antes visitar por curtos períodos. No mês passado, cientistas na Conferência OceanObs¿09, em Viena, Itália, adotaram uma declaração pedindo a melhoria significativa de um "instrumento internacionalmente coordenado de observação e informação contínuas do oceano mundial, como parte de um esforço mais amplo de observação da Terra, para o bem e gestão públicos".

A OOI representa a contribuição da Fundação Americana de Ciência para esse esforço. Embora a OOI venha sendo planejada há mais de uma década, o recente estímulo financeiro de quase US$ 106 milhões da Lei de Reinvestimento e Recuperação Americana adiantou o projeto em cerca de um ano.

"A Lei de Recuperação forneceu a vários projetos as condições para saírem do estágio inicial de construção, algo certamente verdadeiro para nós", afirma Cowles. Prevê-se que os custos totais de construção alcancem US$ 385 milhões ao longo de cinco anos e meio, com custos operacionais de US$ 30 milhões a US$ 50 milhões por ano.

Estudos oceânicos anteriores geralmente tinham vida curta e não eram conduzidos em tempo real, diz Albert Plueddemann, oceanógrafo da Instituição Oceanográfica Woods Hole (WHOI, no acrônimo em inglês), em Massachusetts. "O que queremos ganhar é um olhar mais completo do oceano em espaço e tempo", afirma. Para fazer isso, três regiões oceânicas separadas passarão a estar sob monitoramento intensivo de longo prazo.

Primeiro, os nós de "escala global" vão monitorar quatro áreas diferentes de alta latitude no Pacífico Norte, Atlântico Sul, sudoeste do Chile no Pacífico Sul e sudeste da Groelândia no Atlântico Norte. Instrumentos em plataformas ancoradas nessas localizações fornecerão dados complementados por descobertas de submarinos autômatos. "Isso é um salto adiante", diz Robert Weller, físico oceanográfico da WHOI.

Segundo, haverá os ambiciosos "nós de escala regional", que ficam mais próximos dos EUA. Em teoria, eles permitirão que os pesquisadores conectem sensores de coleta de dados a uma rede de cabos de energia e informação dispostos na costa do Oregon, na placa tectônica de Juan de Fuca no Oceano Pacífico. Até 200 kilowatts de energia e 240 gigabits por segundo de banda devem ser disponibilizados através de 800 km de cabos, cuja instalação foi anunciada para 2011.

A rede de cabos vai complementar um projeto canadense de US$ 97 milhões chamado Neptune, que em 2007 instalou cabeamento similar da costa da ilha de Vancouver, Colúmbia Britânica, ao norte do fim da placa Juan de Fuca. Terceiro, um componente costeiro da OOI vai cuidar de mais monitores instalados nas costas do Oregon e de Cape Cod, em Massachusetts. Eles combinarão instrumentos carregados em boias e plataformas com dados coletados por embarcações, submarinos autômatos e submersíveis tripulados.

A Universidade de Washington, em Seattle, será a responsável pelo cabo que forma os nós de escala regional, enquanto a WHOI vai construir as boias e as plataformas que formam o componente costeiro, trabalhando com a Universidade Estadual de Oregon, em Corvallis, e com a Instituição Scripps de Oceanografia, em La Jolla, Califórnia. A WHOI espera lançar seus primeiros autômatos submarinos na costa de Massachusetts no verão de 2012. O plano é que sistema inteiro da OOI esteja completamente operacional até 2015.

Além das iniciativas no Canadá e nos Estados Unidos, outros países desenvolvem redes semelhantes de observação oceânica. O Japão planeja estabelecer uma rede de monitoramente em tempo real nas proximidades do Canal de Nankai, chamada de Sistema Denso de Redes no Leito Oceânico para Terremotos e Tsunamis (DONET, no acrônimo em inglês). Um projeto similar batizado de Observatório de Recepção de Cabos Marinhos (MACHO, no acrônimo em inglês) está sendo desenvolvido na costa oriental de Taiwan. E a Europa tem a Rede de Observatórios de Mares Europeus (a ESONET, em inglês), que se estende da Escandinávia ao Mediterrâneo.

Anteriormente, projetos de observatórios oceânicos se focavam em questões específicas, como dados sísmicos. A OOI, por sua vez, cuidará de questões multidisciplinares que vão da composição do oceano e mudança climática à administração pesqueira e conservação de baleias.

John Delaney, oceanógrafo da Universidade de Washington, compara a chegada dos observatórios com cabeamento no leito do mar ao advento dos satélites para a meteorologia. "Vejo isso como o início de toda uma era", diz. "O Sputnik foi o primeiro satélite. Não foi o último."

Tradução: Amy Traduções

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