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Pesquisadores descobrem no Morumbi o sítio arqueológico mais antigo de SP; veja fotos

Peça de 3.800 anos foi encontrada no local; área foi utilizada por grupos de caçadores e coletores como pedreira, onde retiravam matéria-prima

11 mar 2024 - 17h58
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Um pedaço de carvão deu origem no bairro do Morumbi à revelação do sítio arqueológico mais antigo que se tem conhecimento na cidade de São Paulo. Cerca de 80 centímetros abaixo do solo, pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) e da empresa Zanettini Arqueologia encontraram uma peça de 3.800 anos, resultado de atividade humana.

De acordo com os pesquisadores, o carvão encontrado é de um período no qual o espaço funcionava como uma espécie de pedreira por povos caçadores e coletores, que tinham alta mobilidade. Eles extraiam a rocha Silex da região, conhecida como pedra lascada.

"Ou seja, as pessoas iam lá e pegavam as pedras que elas iam precisar para uma certa ferramenta. Iam embora com essas pedras e faziam essa ferramenta em outro lugar", diz Letícia Cristina Correa, que faz parte do grupo do MAE responsável pelo estudo, o Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente. Ela também coordenou as escavações.

Por isso, as peças encontradas no sítio são restos de pedra lascada da produção ou o instrumento que utilizavam para manipular a rocha. As amostras mais recentes são de 800 anos atrás.

Rica em sílica, a pedra facilita o trabalho do artesão e podia ser lascada com maior facilidade. "Esses grupos (caçadores e coletores) eram pesquisadores, profundos conhecedores do território. Em suas pesquisas, localizaram essa área e passaram a utilizá-la", explica o diretor da Zanettini Arqueologia, Paulo Zanettini.

"A gente tem essa visão opaca de que lascar pedra é uma coisa fácil, de que isso é uma atividade primitiva. Mas, tinha todo um projeto organizado e com conhecimento acumulado para chegar nesse estágio, que foi o mais longo da atividade humana", afirma o diretor.

As pesquisas arqueológicas no local somam 3 mil amostras que podem ser visitadas no Centro de Arqueologia de São Paulo (CASP). Entre os achados no sítio está uma ponta de flecha, encontrada em escavações de 2001, que parece ter sido trabalhada pelos povos em dois momentos diferentes.

Os desgastes apresentados na pedra mostram que a ponta foi abandonada, reencontrada e retrabalhada. Segundo Zanettini, a ponta de flecha retrabalhada somada às amostras mais recentes são indicativos de que não apenas os antigos caçadores e coletores utilizaram o material do sítio.

Apesar de os pesquisadores não terem encontrado cerâmica na região, eles avaliam que povos cerâmicos também podem ter aproveitado a matéria-prima do local. A cerâmica estava vinculada a hábitos de vida de grupos com mobilidade menor do que caçadores e coletores, pois já trabalhavam com horticultura e agricultura, o que aumentavam a necessidade de armazenamento.

Para a arqueóloga do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente do MAE, o local representa um caso único pelo seu estado de preservação. "Com o avanço das construções e a expansão da malha urbana, provavelmente, podem ter sido destruídos outros sítios como esse", diz.

Ele desenhou os objetos e produziu croquis do terreno e levou os trabalhos até a USP. Mas não conseguiu despertar a atenção da universidade na época, conta Zanettini. Até que o professor Araujo, na época funcionário do Departamento de Patrimônio Histórico, de São Paulo, relocalizou a área e, por meio de pesquisas, constatou que realmente se tratava de um sítio arqueológico.

Mesmo com discussões sobre a preservação do local, avançava a construção de casas e, em seguida, prédios no local. Em 2006, uma empresa que fez vistoria na área constatou em relatório que todo terreno de cerca de 1.700 m² era potencialmente informativo, mas durante as recentes escavações da equipe do MAE, a área tinha entre 2m² e 3m².

Estadão
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