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Pessoas ruivas realmente são mais tolerantes à dor?

25 nov 2023 - 16h31
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Você já ouviu falar que pessoas ruivas sentem mais dor do que o normal para um ser humano? Essa é uma teoria popular transmitida de geração para geração até o ponto em que praticamente se tornou uma verdade para todos.

Mas será que os ruivos realmente sentem dor de forma diferente? E quando o assunto são analgésicos, eles precisam ser mais anestesiados para se livrarem dessa dor? Para sanar essas dúvidas, um recente estudo publicado na revista Anesthesiology and Perioperative Science foi atrás de dados mais completos sobre a situação. 

Diferenças na percepção da dor

(Fonte: Getty Images)
(Fonte: Getty Images)
Foto:  GettyImages  / Mega Curioso

Segundo o estudo, relatos anedóticos de anestesiologistas e vários outros levantamentos em animais e humanos sugerem que ter cabelos ruivos está associado a uma sensibilidade alterada tanto à dor em si quanto aos medicamentos para alívio dela. No entanto, os detalhes de como a experiência de dor dos ruivos difere dos demais permanecem um tanto quanto confusos.

Para o coautor da pesquisa e anestesista consultor do NHS Foundation Trust, parte do problema está no fato de todos os estudos anteriores terem investigado diferentes formas de dor, disse em entrevista ao Live Science. Investigações sugerem que os ruivos são mais sensíveis a certos tipos de dor, mas não a outros.

Por exemplo, mulheres ruivas eram mais sensíveis à dor relacionada à temperatura, pois seus bloqueadores de nervos lidocaína eram menos eficazes no controle da dor do que mulheres de cabelos escuros. Porém, outros estudos mostravam que ruivos eram menos sensíveis à dor causada por choques elétricos do que outras pessoas. Há também dados sugerindo que os ruivos precisam de 20% mais anestesia geral para permanecerem sedados e que também precisam de mais anestesia local para evitar a dor.

Para complicar as coisas, um estudo de 2015 não encontrou nenhuma diferença entre as respostas dos ruivos e de outras pessoas à anestesia ou analgésicos. Logo, maiores investigações ainda eram necessárias para encontrar dados concretos sobre o tema. 

Análises adjacentes

(Fonte: Getty Images)
(Fonte: Getty Images)
Foto:  GettyImages  / Mega Curioso

Um estudo de 2021, feito pelo Massachusetts General Hospital, analisou a dor em ratos ruivos. De acordo com os pesquisadores, ratos e pessoas ruivas parecem um tanto insensíveis à dor, a princípio. Eles não percebem a dor até que ela atinja um limiar mais alto. Porém, a partir desse momento, eles a sentem com mais intensidade do que outras pessoas.

Ou seja, a experiência de dor das pessoas de cabeça vermelha tem sido realmente difícil de explicar, principalmente porque os humanos são geneticamente complexos e isso dificulta identificar uma única causa genética para essa experiência. Uma possibilidade é como o gene MC1R afeta uma proteína nos melanócitos, as células produtoras de pigmentos do corpo.

Equipes de pesquisa descobriram que, além de alterar essa proteína, a variante ruiva MC1R também fazia com que os melanócitos de camundongos produzissem menos de uma substância chamada POMC — que afeta a sensibilidade à dor e aos opioides. Acredita-se que o cabelo ruivo oferece uma vantagem por ter maior absorção ultravioleta, mas ainda não está claro se a dor alterada e a sensibilidade aos opioides também oferece algum ganho.

Mesmo que ainda não exista qualquer tipo de dado certeiro a respeito da relação entre os cabelos ruivos e o excesso de dor, é possível que os médicos eventualmente consigam prever como um paciente responderá à dor e aos medicamentos apenas observando seus genes, o que seria um grande facilitador para todos.

Mega Curioso
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