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Por que César Lattes, físico brasileiro que quase levou o Nobel, chamou Einstein de 'besta'

Brasileiro completaria 100 anos nesta quinta-feira e dedicou sua trajetória ao fortalecimento da ciência nacional. Chamou atenção também por confrontar o pai da teoria da relatividade

11 jul 2024 - 14h15
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César Lattes, um dos principais cientistas brasileiros de todos os tempos, completaria 100 anos nesta quinta-feira, 11. Lattes é conhecido, entre outros motivos, por ser o brasileiro que mais chegou perto de ganhar um Prêmio Nobel. Nascido em Curitiba em 1924, dedicou parte importante de sua vida para contribuir com o fortalecimento da ciência nacional. Também causou frisson no meio acadêmico ao confrontar, de forma veemente, a teoria da relatividade de Einstein.

Nascido em Curitiba em 1924, Lattes dedicou parte importante de sua vida para contribuir com o fortalecimento da ciência nacional
Nascido em Curitiba em 1924, Lattes dedicou parte importante de sua vida para contribuir com o fortalecimento da ciência nacional
Foto: Ari Vicentini/Estadão - 3/10/1993 / Estadão

"Einstein é uma besta", afirmou Lattes ao Jornal do Brasil, no dia 15 de junho de 1980. O cientista brasileiro, à época com 55 anos, contestava a teoria da relatividade e propunha um outro modelo, o da simultaneidade absoluta.

Nessa briga, sobrou para boa parte da comunidade científica. "Há homens que se habituaram a ganhar o pão de cada dia com a teoria da relatividade de Einstein e agora não conseguem botar na cabeça outra ideia e aceitar uma teoria nova", disse.

Na mesma página do jornal, ao lado da entrevista com Lattes, a manchete seguinte estampava uma fala do físico de Jayme Tiomno: "Lattes está errado. E é incoerente." Com certo desdém, Lattes rebateu. "Suas refutações não foram muito elaboradas, apenas impressões. Não me convenceu", disse.

Anos depois, em 2005, ele voltou a atacar Einstein. "Einstein, na verdade, é um plagiador. Este ano completamos 100 anos da divulgação da teoria da relatividade e até hoje ninguém o desmascarou", disse, em sua última entrevista concedida, à revista Superinteressante. Naquele ano, no dia 8 de março, Lattes morreu aos 80 anos.

Injustiçado

Lattes é considerado um injustiçado. Foi indicado sete vezes ao prêmio Nobel de Física, entre 1949 e 1956. Em 1950, o prêmio escorreu pelas mãos. Naquele ano, o inglês Cecil Powell foi laureado por desenvolver um método fotográfico de estudos nucleares que possibilitou a descoberta de mésons, uma partícula subatômica.

Powell chefiava um grupo de pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, que Lattes integrava. A descoberta da subpartícula méson pi, que faz com que os prótons e nêutrons se mantenham unidos dentro do átomo, é atribuída ao brasileiro. O artigo, de sua autoria, que relata a descoberta foi publicado pela revista Nature em 1947.

Lattes adquiriu prestígio mundial e recebeu convites para trabalhar em diferentes lugares do mundo. Os convites foram recusados e, em 1949, decidiu retornar ao Brasil. Era um momento em que ideais nacionalistas ganhavam força por aqui.

Nesse contexto, Lattes conseguiu contribuir para o fortalecimento da ciência nacional. Além de professor universitário por décadas, foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e desempenhou um papel importante na criação de iniciativas como o Conselho Nacional de Pesquisas (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq), a Escola Latino-Americana de Física e o Centro Latino-Americano de Física.

Ainda em vida, recebeu uma importante homenagem. Criado em 1999, o sistema nacional que abriga dados de professores, estudantes e pesquisadores acadêmicos leva seu nome: Plataforma Lattes.

Estadão
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