Por que voo inaugural da Virgin Galactic é novo marco da era do turismo espacial
Agora o Unity vai começar a levar as 800 pessoas que compraram ingressos para fazer turismo espacial. O primeiro voo do tipo será em agosto.
Levou 'apenas' 20 anos, mas o milionário Richard Branson finalmente iniciou as operações comerciais do seu avião-foguete Unity, da Virgin Galactic.
O veículo sobrevoou o deserto do Novo México nesta quinta-feira (29) para permitir que três pesquisadores italianos conduzissem experimentos científicos em condições de baixíssima gravidade. Foi a primeira missão comercial do foguete - antes ele tinha apenas feito voos de teste.
A missão comercial de 72 minutos decolou do Spaceport America às 8h30, horário local, e foi transmitida ao vivo para todo o mundo.
Com pouco menos de uma hora de missão, depois de atingir uma altitude de 13.600 metros, o avião transportador Eve liberou o Unity, que ligou seu motor para impulsioná-lo até a estratosfera. No topo de sua subida, o avião-foguete atingiu 85 km de altura.
"Este voo histórico foi nosso primeiro voo comercial e nossa primeira missão de pesquisa comercial dedicada - inaugurando uma nova era de acesso repetível e confiável ao espaço para passageiros particulares e pesquisadores", disse Michael Colglazier, CEO da empresa.
Corrida espacial comercial
A Virgin Galactic perdeu a corrida para levar passageiros pagantes ao espaço para a Blue Origin, empresa de Jeff Bezos, que levou o primeiro passageiro em 2021.
O multimilionário americano Dennis Tito se tornou o primeiro turista espacial do mundo pagando US$ 20 milhões.
O fundador da Amazon tem um sistema de foguetes e cápsulas que ele chama de New Shepard. É uma abordagem diferente do Unity, mas faz essencialmente o mesmo trabalho de levar as pessoas a viagens curtas acima da atmosfera.
Agora, a entrada da Virgin Galactic no mercado marca uma nova era no turismo especial, com voos regulares de mais empresas - além da Virgin e da Blue Origin, também atua nesse mercado a Space X, de Elon Musk.
Turismo espacial
Agora o Unity vai começar a levar as 800 pessoas que compraram ingressos para fazer turismo espacial. O primeiro voo do tipo será em agosto.
Algumas das pessoas estão esperando há mais de uma década para ter a chance de visitar o espaço; e a maioria ainda terá uma longa espera.
O Unity pode transportar apenas um punhado de passageiros por vez e, com uma taxa de missão de uma saída por mês, levará um tempo para levar todos na fila.
O ritmo não vai melhorar até que a Virgin Galactic introduza uma nova classe de aviões-foguete que devem fazer sua estreia comercial em 2026. Esses veículos terão uma cadência de voo de uma vez por semana. A introdução da nova classe de foguetes em 2026 também será vital para obter lucro para Virgin Galactic.
Pesquisa italiana
A missão de quinta-feira foi comprada para a Força Aérea Italiana e o Conselho Nacional de Pesquisa Italiano.
O coronel Walter Villadei, o tenente-coronel Angelo Landolfi e o engenheiro Pantaleone Carlucci supervisionaram uma série de experimentos durante o voo, incluindo um estudo de como a quase ausência de gravidade afeta a mistura de líquidos e o comportamento das células biológicas.
O trio foi acompanhado na cabine de passageiros pelo instrutor astronauta Colin Bennett; e na frente, no comando da Unity, pelos pilotos Mike Masucci e Nicola Pecile.
Voo curto
O Unity é um veículo suborbital. Isso significa que ele não pode atingir a velocidade e a altitude necessárias para ficar em órbita, ou seja, se manter no espaço e circundar o globo. Em pouco tempo, a gravidade puxa o veículo de volta à terra. Mas a espaçonave foi projetada para oferecer aos passageiros vistas deslumbrantes no topo de sua subida e permitir que eles experimentem a ausência de gravidade por alguns minutos. Os passageiros podem desafivelar o cinto para flutuar até uma janela, antes que o avião estabilize sua queda e deslize de volta para a terra.