Quais os planos da Nasa de carros para astronautas na Lua: 'Lá não há estradas'
As empresas são a Intuitive Machines, a Lunar Outpost e a Venturi Astrolab. Apenas uma das três será escolhida para efetivamente construir um veículo para a Nasa e enviá-lo para a região do polo sul lunar
A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) anunciou na quarta-feira, 3, que a companhia contratou três empresas para apresentarem projetos preliminares de veículos para levar astronautas à região do polo sul lunar nos próximos anos. Após os astronautas regressarem à Terra, estes veículos seriam capazes de autocondução como exploradores robóticos, igual aos rovers da Nasa em Marte.
A capacidade de condução autônoma também permitiria que o veículo se encontrasse com a próxima missão de astronautas num local diferente.
"Para onde ele irá, não há estradas", disse Jacob Bleacher, cientista-chefe de exploração da Nasa, durante conferência de imprensa na quarta-feira. "A sua mobilidade vai mudar fundamentalmente a nossa visão da Lua."
As empresas são a Intuitive Machines de Houston, que em fevereiro fez aterrar com sucesso uma nave espacial robótica na Lua; a Lunar Outpost de Golden, Colorado; e a Venturi Astrolab de Hawthorne, Califórnia. Apenas uma das três irá efetivamente construir um veículo para a Nasa e enviá-lo para a Lua.
A Nasa tinha pedido propostas para aquilo que chamou de veículo lunar terrestre, ou LTV (da sigla em inglês), que poderia conduzir a velocidade de até 9,3 mph (o equivalente a cerca de 15 km/h), percorrer doze quilômetros com uma única carga e permitir aos astronautas circularem durante oito horas.
A agência trabalhará com as três empresas durante um ano para desenvolver os seus projetos. Depois, a Nasa escolherá uma delas para a fase de demonstração.
O LTV não estará pronto a tempo para os astronautas do Artemis III, a primeira aterragem do programa de regresso à lua da Nasa, atualmente previsto para 2026.
O plano é que o LTV esteja na superfície lunar antes do Artemis V, a terceira aterragem de astronautas prevista para 2030, disse Lara Kearney, gestora do programa de atividades extraveiculares e mobilidade humana na superfície do Centro Espacial Johnson da Nasa. "Se conseguirem chegar mais cedo, nós o levaremos mais cedo", disse.
O contrato LTV terá valor máximo de US$ 4,6 bilhões ao longo dos próximos 15 anos - cinco anos de desenvolvimento e depois uma década de operações na Lua, a maior parte do qual irá para o vencedor desta disputa.
No entanto, Kearney disse que os contratos permitem à Nasa financiar mais tarde o desenvolvimento de rovers adicionais ou podem permitir que outras empresas concorram no futuro.
O contrato segue a recente estratégia da Nasa de adquirir serviços em vez de desenvolvê-los.
Congratulations to @Int_Machines, @LunarOutpostInc, and @Astrolab_Space for being selected to move forward in developing the #Artemis lunar terrain vehicle!
This Moon rover will allow future astronauts to travel far on the lunar surface: https://t.co/mzOd4Yz5XC pic.twitter.com/eB1QMq0PoO
— NASA (@NASA) April 3, 2024
No passado, a Nasa pagava empresas aeroespaciais para construírem veículos que depois eram seus e operados. Isso incluía o foguetão Saturno V, os vaivéns espaciais e os veículos lunares itinerantes - popularmente conhecidos como moon buggies - que os astronautas conduziram na Lua durante as três últimas missões Apollo em 1971 e 1972.
A nova abordagem se revelou bem-sucedida e menos cara para o transporte de carga e de astronautas para a Estação Espacial Internacional. A Nasa paga agora às empresas, nomeadamente à SpaceX de Elon Musk, taxas fixas por esses serviços, mais parecidas com bilhetes de avião ou envios da FedEx.
Para a empresa escolhida para construir o LTV, o veículo continuará a ser sua propriedade e essa empresa poderá alugá-lo a outros clientes quando não for necessário à Nasa.
"Está comercialmente disponível para nós, enquanto empresa comercial, vender capacidade nesse rover e fazê-lo para parceiros internacionais e para outras empresas comerciais e agências espaciais em todo o mundo", disse Steve Altemus, diretor executivo da Intuitive Machines.
A competição criou alianças entre pequenas empresas em fase de arranque e empresas aeroespaciais maiores e mais estabelecidas, bem como empresas do setor automotivo. A equipe da Intuitive Machines inclui a Boeing, a Northrop Grumman e a Michelin, fabricante de pneus. A Lunar Outpost juntou à sua equipe a Lockheed Martin, a Goodyear e a General Motors, que tinham ajudado a conceber os buggies lunares da Apollo.
Por sua vez, a Astrolab está trabalhando com a Axiom Space de Houston, que enviou astronautas privados para a estação espacial e está construindo um módulo comercial para a Estação Espacial Internacional.
A companhia anunciou no ano passado que tinha assinado acordo para enviar um dos seus rovers para a Lua num foguete espacial da SpaceX já em 2026. Essa missão é independente de ser ou não selecionada pela Nasa, afirmou um porta-voz da empresa.
Embora a Lunar Outpost esteja competindo com a Intuitive Machines neste contrato, ela planeja trabalhar com a empresa separadamente, enviando rovers robóticos menores para a Lua em módulos lunares da empresa. /THE NEW YORK TIMES
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