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Quem eram os hominídeos de Denisova e por que cientistas estudam suas relações sexuais com humanos

Utilizando técnicas inovadoras, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, detectaram vestígios de DNA desses hominídeos em pessoas que vivem atualmente no leste da Ásia e na Oceania

19 mar 2018 - 09h04
(atualizado às 09h46)
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Em Papua-Nova Guiné há habitantes cujo DNA provém em cerca de 5% de antepassados denisovanos
Em Papua-Nova Guiné há habitantes cujo DNA provém em cerca de 5% de antepassados denisovanos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não se sabe ao certo que aparência tinham, o que comiam ou se dominavam algum tipo de técnica. Na realidade, até uma década atrás, nem sequer se sabia que os denisovanos existiam.

O que é certo é que essa espécie de hominídeos antigos, descoberta na Sibéria e chamada de Hominídeo de Denisova, teve relações sexuais com seres humanos modernos.

De acordo com um estudo publicado nesta semana na revista científica Cell, nossos antepassados tiveram filhos com os denisovanos em ao menos duas oportunidades.

Utilizando técnicas inovadoras, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, detectaram vestígios de DNA desses hominídeos em pessoas que vivem atualmente no leste da Ásia e na Oceania, e descobriram eles que eram diferentes entre si.

"Me surpreendeu ter havido dois grupos muito diferentes de denisovanos que contribuíram com o DNA dos humanos modernos - não era algo que eu esperava ver", disse Sharon Browning, autora principal do estudo e geneticista da Universidade de Washington, ao site de notícias Live Science.

E cada nova descoberta sobre esses hominídeos misteriosos tem o potencial de reescrever a história.

Quem eram os denisovanos?

Em 2008, uma equipe de antropólogos descobriu um dente adulto e ossos do dedo mindinho de uma menina em Denisova, uma caverna no sul da Sibéria.

Este dente é um dos poucos restos fósseis de Denisovanos encontrados até agora | Foto: David Reich/Nature
Este dente é um dos poucos restos fósseis de Denisovanos encontrados até agora | Foto: David Reich/Nature
Foto: BBC News Brasil

Os restos fósseis tinham 40 mil anos e, embora os estudos genéticos demonstrassem que tinham vínculos com os neandertais, não se tratava da mesma espécie.

Após estabelecer que ela tinha tantas diferenças em relação aos neandertais quanto estes em relação aos Homo sapiens, a nova espécie foi batizada em homenagem ao local da primeira descoberta.

Nestes dez anos, apenas outro dente e restos fósseis de um dedo do pé foram encontrados na mesma caverna.

Reescrevendo a história

Trata-se de uma descoberta que obrigou autores a reescrever os livros sobre a evolução e as migrações dos seres humanos.

Até então pensava-se, por exemplo, que os neandertais e os humanos modernos haviam sido os únicos hominídeos a viverem na Europa e na Ásia durante o Pleistoceno Superior - período compreendido entre 126 mil e 11,5 mil anos atrás.

No entanto, assim como nossos ancestrais migraram da África pela primeira vez há 60 mil anos, os neandertais e denisovanos o fizeram entre 300 mil e 400 mil anos atrás.

"Em vez da história clara que costumávamos usar para explicar a migração de humanos modernos da África e a substituição dos neandertais, agora temos essas linhas entrecruzadas com mais participantes e mais interações do que anteriormente conhecíamos", disse Richard Green, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, na época da descoberta histórica, da qual participou.

Por outro lado, sabe-se que o ramo dos denisovanos se separou dos neandertais há cerca de 400 mil anos, e que ambos os grupos o fizeram do Homo sapiens há 600 mil anos.

Mas isso não impediu que eles tivessem encontros sexuais entre si.

Mistura

Em um comunicado da Universidade de Washington, Browning disse: "Esta descoberta nos oferece uma compreensão mais diversificada da mistura de seres humanos modernos e populações antigas que ocorreu quando os seres humanos migraram da África".

"Graças à análise de DNA, sabíamos que havia pelo menos dois eventos de cruzamento: um com neandertais e outro com denisovanos", acrescentou.

Agora, os pesquisadores confirmaram pelo menos mais um encontro sexual entre humanos e denisovanos.

Os vestígios do DNA denisovano do evento ocorrido na Oceania se registram principalmente no genoma de habitantes de Papua-Nova Guiné, que contêm até 5% desses antepassados.

O outro episódio, no Leste Asiático, pode ser observado principalmente no DNA dos chineses das dinastias Han e Dai, bem como de japoneses.

Browning concluiu à Live Science: "Para mim, isso sugere que os humanos modernos não eram tão diferentes dos neandertais e dos denisovanos".

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