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Santuário de arte rupestre com 24.000 anos é achado na Espanha

Cientistas encontraram gravuras pré-históricas excepcionais em caverna na Espanha, com arte rupestre em grande quantidade, qualidade e em local inédito do país

15 set 2023 - 18h11
(atualizado às 23h26)
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Arqueólogos descobriram uma caverna na região de Valência, na Espanha, com a maior coleção de arte rupestre do leste da península ibérica. Com mais de 100 gravuras pré-históricas, a rede de entalhes e desenhos representa pelo menos 19 animais diferentes e pode ter mais de 24.000 anos.

Foto: Ruiz-Redondo et al./Antiquity / Canaltech

O local, na verdade, já era conhecido, e a caverna chama-se Cova Doves. Exploradores de cavernas e entusiastas de trilhas já visitavam o local, mas foi só em 2021 que pesquisadores notaram a presença de arte antiga pelas paredes da estrutura natural. Em 2023, explorações mais profundas definiram que o local era um grande santuário artístico do Paleolítico, já que contêm uma grande quantidade de gravuras e variedade de representações, bem como riqueza de detalhes e muitas características técnicas.

O que torna as artes rupestres de Cova Doves especiais?

Há muitas coisas que diferenciam as gravuras da caverna espanhola de outras artes rupestres. Para começar, sua localização é surpreendente — antes de encontrá-la, havia apenas três exemplos de arte do Pleistoceno em cavernas no leste da Espanha, com a maioria concentrada no norte do país e para além dos Pirineus, na França. Cova Doves fica a leste-sudeste.

No topo, a representação trilinear de uma corça (fêmea de veado-vermelho) do Mediterrâneo; abaixo, duas cabeças de cavalo criadas através de raspagem (Imagem: Ruiz-Redondo et al./Antiquity)
No topo, a representação trilinear de uma corça (fêmea de veado-vermelho) do Mediterrâneo; abaixo, duas cabeças de cavalo criadas através de raspagem (Imagem: Ruiz-Redondo et al./Antiquity)
Foto: Canaltech

Além disso, há a supracitada variedade e qualidade das gravuras. As paredes guardam mais e 110 unidades gráficas, com a área decorada principal ficando a cerca de 400 metros caverna adentro. Há 19 animais diferentes representados, com sete cavalos, sete fêmeas de veado-vermelho, dois auroques, um veado macho e duas espécies não identificadas.

Entre as outras imagens, há "signos convencionais", como retângulos e outras formas geométricas, bem como gravuras tubulares conhecidas como "macaroni". Foram usadas inúmeras técnicas e métodos para fabricar as gravuras, incluindo raspagem do calcário das paredes para criar figuras sombreadas. Essa técnica é particularmente rara em arte do Paleolítico, nunca antes identificada no leste ibérico.

Detalhe da calcita cobrindo a cabeça de uma corça desenhada na caverna; marcas das garras de urso-das-cavernas (Imagem: Ruiz-Redondo et al./Antiquity)
Detalhe da calcita cobrindo a cabeça de uma corça desenhada na caverna; marcas das garras de urso-das-cavernas (Imagem: Ruiz-Redondo et al./Antiquity)
Foto: Canaltech

Outra surpresa é o fato das pinturas terem sido feitas ao aplicar argila vermelha nas paredes — normalmente, o material utilizado era ocre diluído ou pó de manganês. Não é possível, segundo os cientistas, datar com precisão a época em que as gravuras foram produzidas, mas há algumas pistas.

Um dos elementos mais úteis é a presença de marcas de garras de ursos-das-cavernas, que se sobrepõem a alguns dos desenhos. É possível saber que os animais arranharam a arte após sua fabricação, e, sabendo quando a espécie se extinguiu, pode-se concluir que pelo menos parte da arte rupestre foi feita há mais de 24.000 anos.

Fonte: Antiquity

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