Seca ameaça quase metade da União Europeia
Segundo a Comissão Europeia, seca atual pode ser a pior em ao menos 500 anos. Falta de chuvas aliada a ondas de calor extremo provoca perdas à economia, com quebras de safra e problemas na produção de energia.O Observatório Europeu da Seca (EDO) informou nesta segunda-feira (22/08) que grande parte do território da União Europeia está padecendo com a falta de chuva.
De acordo com um relatório, até 10 de agosto, 47% da UE estavam em risco de seca, e 17% já estão em estado de alerta, com prejuízos para a vegetação e as colheitas. Em julho, o índice já era de 46%.
"A severa seca que afetou muitas regiões da Europa desde o início do ano continuou se espalhando e piorou desde o início de agosto", diz o relatório.
A seca atual pode ser a pior em ao menos 500 anos, disse o porta-voz da Comissão Europeia Johannes Bahrke nesta terça, apontando que ainda é preciso confirmar os dados ao final da estação.
Segundo os especialistas, o fenômeno está relacionado a uma persistente falta de precipitação combinada com uma série de ondas de calor desde maio. O EDO faz parte do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia.
As chuvas recentes em meados de agosto "podem ter atenuado as condições de seca em algumas regiões da Europa", diz o relatório. No entanto, tempestades causaram danos em algumas áreas e "potencialmente limitaram os efeitos benéficos das chuvas", pondera o texto.
De acordo com os cientistas, entre as regiões mais afetadas pela falta de chuva estão partes de Portugal, toda a Espanha, sul da França, centro da Itália, sul da Alemanha e uma grande área que inclui Eslováquia, Hungria e Romênia. Outros países afetados são Holanda, Bélgica e Luxemburgo.
Perdas nas safras de verão
Após a longa e excepcional seca, o EDO espera em grande parte "condições quase normais" até outubro. Isso, porém, pode não ser suficiente para uma recuperação completa dos últimos meses, mas deverá aliviar as condições críticas em muitos lugares.
Apesar disso, de acordo com os cientistas, regiões do Mediterrâneo ocidental - que inclui Portugal e Espanha - podem experimentar "condições quentes e secas acima da média" até novembro.
O clima excepcionalmente quente e seco também prejudica a economia. Deve haver perdas expressivas nas culturas de verão, sobretudo nas safras de milho, soja e girassol.
A seca também afeta o fluxo dos rios e o menor volume de água armazenada tem impactos severos no setor de energia, tanto para geração de energia hidrelétrica quanto para sistemas de refrigeração de usinas nucleares.
Seca na China
A falta de chuvas não afeta somente a Europa. De acordo com relatórios do governo da China, grande parte do país está passando pelo verão mais quente e seco desde que os registros começaram, em 1961. A agência de notícias estatal Xinhua informou que 14 regiões e províncias enfrentam atualmente seca "moderada a severa".
O baixo nível de água em rios como o Yangtze afeta a geração de energia elétrica e, consequentemente, a economia. As empresas na província de Sichuan foram solicitadas a racionar eletricidade. Na metrópole chinesa de Chongqing, no sudoeste do país, os shoppings estão reduzindo seus horários de funcionamento para diminuir o consumo de energia dos sistemas de ar condicionado.
le/lf (DPA, AFP, ots)