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Sonda New Horizons, da Nasa: por que o 1º dia do ano promete ser histórico para a exploração espacial

Sonda sobrevoou objeto celeste mais distante já explorado - a cerca de 6,5 ​​bilhões de quilômetros da Terra.

31 dez 2018 - 09h57
(atualizado em 1/1/2019 às 14h18)
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Por enquanto, os cientistas podem apenas especular sobre a aparência de Ultima Thule
Por enquanto, os cientistas podem apenas especular sobre a aparência de Ultima Thule
Foto: NASA/JHU-APL/SWRI / BBC News Brasil

O primeiro dia de 2019 já é um marco para a exploração espacial. A sonda New Horizons, da Nasa, agência espacial americana, passou pelo corpo celeste conhecido como Ultima Thule, nos confins do Sistema Solar.

O sobrevoo estabeleceu um novo recorde para objeto celeste mais distante já explorado - a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra.

Segundo um cientista da agência espacial americana, a New Horizons estava em uma condição "saudável" depois de passar pela rocha de gelo espacial neste dia 1º.

A sonda está programada para capturar fotografias e fazer análises científicas nas horas que antecedem e logo após o esperado "encontro".

A Ultima Thule tem cerca de 30 quilômetros de diâmetro e está localizada no chamado cinturão de Kuiper - composto principalmente por corpos celestes de gelo, supostamente remanescentes da formação do Sistema Solar -, além da órbita de Netuno. E fica ainda mais longe do que o planeta anão Plutão, por onde a New Horizons passou em julho de 2015.

Hal Weaver, cientista da missão e pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, disse que o corpo celeste diminuto é "provavelmente o objeto mais primitivo já encontrado por uma espaçonave, a melhor relíquia possível do antigo Sistema Solar".

Por que a New Horizons vai passar por Ultima Thule?

A Nasa queria explorar algo além de Plutão e esse objeto era alcançável. Curiosamente, só foi descoberto há quatro anos pelo telescópio Hubble.

Mapa Ultima Thule
Mapa Ultima Thule
Foto: BBC News Brasil

Catalogado inicialmente como (486958) 2014 MU69, o corpo celeste recebeu o nome de Ultima Thule com base em uma consulta pública promovida pela Nasa. É um termo em latim que significa algo como "um lugar além do mundo conhecido".

Como muitos objetos do cinturão de Kuiper que têm seu tamanho, é provável que seja composto por muito gelo, poeira e talvez alguns fragmentos de rochas maiores, que se juntaram nos primórdios do Sistema Solar.

Uma teoria sugere que esses corpos têm uma forma alongada ou semelhante a um lóbulo. Imagine uma batata ou amendoim.

Observações telescópicas distantes sugerem que sua superfície é muito escura, com uma coloração levemente avermelhada. Essa escuridão (que reflete apenas cerca de 10% da luz que bate em sua superfície) se deve ao fato de ter sido "queimada" durante eras por radiação de alta energia - como raios cósmicos e raios-X.

A New Horizons estudará a forma, a rotação, a composição e o ambiente de Ultima Thule.

Os cientistas querem saber como esses mundos longínquos surgiram. Uma teoria é que eles foram criados a partir da acumulação de massa de um grande número de grãos do tamanho de uma pedra.

O que podemos esperar do sobrevoo?

Se você piscar, pode perder. Ao contrário do encontro com Plutão em julho de 2015, não haverá imagens progressivas da aproximação para serem admiradas. Ultima Thule permanecerá um borrão no visor praticamente até as últimas horas do sobrevoo.

No entanto, a proximidade entre a sonda e Ultima Thule (3,5 mil km versus 12,5 mil km do planeta anão) significa que detalhes mais refinados da sua superfície poderão ser observados.

Como a New Horizons precisa girar para apontar sua câmera, ela não consegue manter a antena na mira da Terra enquanto está coletando dados.

Por isso, os controladores tiveram que esperar até mais tarde para dar o sinal de que a missão foi bem-sucedida e começar a transmissão das imagens - o que deve acontecer por volta de 13h28 (horário de Brasília).

Os detalhes das imagens em alta resolução devem ser melhores do que as de Plutão
Os detalhes das imagens em alta resolução devem ser melhores do que as de Plutão
Foto: NASA/JHU-APL/SWRI / BBC News Brasil

Qual o tamanho do desafio?

De certa maneira, esse evento é mais difícil do que a passagem por Plutão.

O objeto no visor é quase cem vezes menor.

A New Horizons vai chegar mais perto de Ultima Thule do que de Plutão, o que é bom para o nível de detalhamento das imagens; mas isso significa que se estiver apontando para fora, a sonda pode enviar fotos do espaço vazio.

E isso é realmente uma grande preocupação. Como a Ultima Thule só foi descoberta há quatro anos, sua posição e movimentação no espaço são muito mais incertas que as coordenadas de Plutão.

E, lembre-se, tudo isso está sendo realizado a uma distância de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra.

Devido à distância, os sinais de rádio levam seis horas e oito minutos para chegar ao nosso planeta.

Além disso, as taxas de transferência de dados são de cerca de 1 mil bits por segundo.

Por isso, na tarde desta terça-feira deverão ser enviadas apenas algumas poucas imagens selecionadas - e apenas em setembro de 2020 será finalizada a transmissão de todos os dados coletados pela New Horizons.

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