Sul da Ásia é a região mais vulnerável a mudanças climáticas, revela estudo
O sul da Ásia é a região do mundo mais vulnerável às mudanças no clima, com sua crescente população superexposta a inundações, secas, tempestades e elevação do nível do mar, segundo uma consulta feita com 170 países, publicada esta quarta-feira.
Dos 16 países listados como em risco "extremo" devido às mudanças climáticas nos próximos 30 anos, cinco são do sul da Ásia, com Bangladesh e Índia no primeiro e segundo lugares, Nepal em quarto, Afeganistão em oitavo e Paquistão em 16º. O Brasil (81º), a China (49º) e o Japão (86º) estão na categoria de "alto risco".
O Índice de Vulnerabilidade pelas Mudanças Climáticas, compilado pela britânica Maplecroft, uma empresa global de aconselhamento de riscos, pretende ser um guia para o investimento estratégico e a adoção de políticas. O barômetro é baseado em 42 fatores sociais, econômicos e ambientais, inclusive a capacidade de resposta do governo, de forma a avaliar o risco para a população, os ecossistemas e os negócios em função das mudanças climáticas.
O Sul da Ásia é especialmente vulnerável por causa de mudanças em padrões climáticos que resultam em desastres naturais, como inundações no Paquistão e Bangladesh, este ano, que afetaram mais de 20 milhões de pessoas, divulgou a Maplecroft. "Há evidências crescentes de que as mudanças climáticas aumentam a intensidade e a frequência de eventos climáticos", disse a analista ambiental da empresa, Anna Moss.
"Mudanças muito pequenas de temperatura podem ter impactos maiores no ambiente humano, incluindo mudanças na disponibilidade hídrica e na produtividade agrícola, a perda de terra por causa da elevação do nível do mar, bem como a disseminação de doenças", acrescentou Moss.
Bangladesh aparece na primeira posição devido a uma dupla má sorte. O país tem o mais alto risco de seca e o maior risco de fome. Também luta contra a pobreza extrema, a alta dependência na agricultura - o setor econômico mais afetado pela mudança climática - e um governo que é o menos capaz de responder aos impactos climáticos. Quanto à Índia, "quase todo o país tem um alto nível ou nível extremo de sensibilidade às mudanças climáticas, devido à severa pressão populacional e ao consequente abuso de recursos naturais", reforçou a Maplecroft. "A isto se soma um alto nível de pobreza, baixa qualidade da saúde em geral e dependência agrícola de grande parte da população", acrescentou.
Entre os países da categoria de "médio risco" estão a Rússia (117º), os Estados Unidos (129º), a Alemanha (131º), a França (133º) e a Grã-Bretanha (138º).
A Noruega lidera o pequeno grupo de 11 países considerados em baixo risco, dominado pelos escandinavos e pelos holandeses, que têm trabalhado para defender seu território, abaixo do nível do mar, da elevação das águas dos mares.
A Maplecroft já tinha publicado em 2009 um índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas, situando 28 países entre aqueles que correm "risco extremo", liderado por Somália, Haiti, Serra Leoa e Burundi. No entanto, os índices de 2009 e 2010 não são comparáveis, afirmou Fiona Place, da Maplecroft.
O novo índice, amplamente reconfigurado, usou três "subíndices" que se focam especialmente na habilidade de um país em responder ao estresse climático. "As vulnerabilidades mais sérias à mudança climática foram encontradas no grupo de países em desenvolvimento com sistemas socioeconômicos mal equipados para responder a desafios como a segurança alimentar e hídrica, além de sofrerem com economias instáveis e instituições fracas", ressaltou Place em um e-mail enviado à AFP. "Este é o caso de um grande número de países, estando o sul da Ásia e a África no centro das preocupações", concluiu.
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