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Espuma cobre Rio Tietê no interior de SP; prefeitura de Salto recomenda distância da água

Fundação SOS Mata Atlântica diz que gás liberado durante o fenômeno é nocivo à saúde da população; Cetesb afirma trabalhar para universalizar tratamento de esgoto

11 jul 2022 - 12h36
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SOROCABA - Uma camada de espuma branca cobria o Rio Tietê, na manhã desta segunda-feira, 11, em Salto, no interior de São Paulo. O fenômeno acontecia em um grande trecho logo após a cachoeira, na região central da cidade, que é uma das 32 estâncias turísticas do Estado. Conforme a Fundação SOS Mata Atlântica, a espuma denuncia a poluição do rio e o gás que libera é nocivo à saúde. A prefeitura pediu que a população mantenha distância do trecho com espuma para não inalar o produto químico. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) disse que trabalha para universalizar o tratamento dos esgotos domésticos e melhorar as condições do rio.

As camadas de espuma começaram a se formar no Tietê já na manhã de domingo, 10, abaixo da cachoeira que dá nome à cidade. O representante comercial Bruno de Oliveira, de Sorocaba, levou o filho de 8 anos para ver a cachoeira e ficou impressionado com o cenário. "Era tanta espuma que não dava para ver a água. O pior era o cheiro de vinagre que saía do rio. Ficamos alguns minutos na pracinha e já começou um ardor nos olhos", disse. O mau odor chegava até a casa de um tio de Bruno, que mora na Rua José Weissohn, a mais de 100 metros do rio.

Esta é a quarta vez que o Tietê fica coberto de espuma em menos de um ano. No início de maio, o problema foi registrado também em Pirapora do Bom Jesus, cidade da região metropolitana de São Paulo, que também é uma estância turística. Na ocasião, a prefeitura reclamou que o fenômeno afugentava os turistas.

A prefeitura de Salto informou ter orientado a população a não se aproximar demais do rio, especialmente no trecho da cascata e das corredeiras, onde as espumas ficam mais evidentes, para não inalar o odor químico. Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na medida em que o clima esquenta as espumas tendem a diminuir. "Infelizmente, enquanto o tratamento de esgoto da região metropolitana de São Paulo não estiver a contento, Salto e as demais cidades do Médio Tietê seguirão sendo prejudicadas. Vale ressaltar que o tratamento de esgoto na cidade supera 90% de eficiência. Mas não adianta Salto fazer a "lição de casa" se a capital e as cidades da região metropolitana não melhorarem", disse, em nota.

Carga de poluição

Conforme Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, o problema das espumas é recorrente no Vale do Tietê, entre Pirapora do Bom Jesus e Salto, e está ligado à questão climática. "A qualidade da água no Tietê é muito sazonal. No período de estiagem, como menor vazão no rio, ele deixa de dar conta de depurar a enorme carga de poluição que recebe. Quando a água poluída por remanescentes de esgotos tratados e não tratados acaba atingindo as corredeiras e encontra oxigênio, os produtos biodegradáveis reagem e formam as espumas. Elas são provenientes de produtos usados em casa, como sabonetes, detergentes, sabão em pó, saponáceos, os chamados surfactantes que têm como princípio ativo o fosfato."

Essa substância, segundo ela, ajuda a formar espuma para dispersar os poluentes nos biodegradáveis e também entra na composição de fertilizantes usados na agricultura. "Nas corredeiras, ele forma as espumas, como essas em Salto. Quando as espumas se dispersam no ar, é perigoso e nocivo para a saúde respirar ou inalar o gás sulfídrico que resulta dessa reação", disse.

Já nos reservatórios do Tietê e outros grandes rios, quando encontram águas paradas, esses poluentes se acumulam e agem como fertilizantes para algas, aguapés e micro plantas. "Reservatórios como Barra Bonita e Billings vão perdendo oxigênio, vida aquática e condições de uso múltiplo das águas. Nesses eventos de mudanças climáticas, em que a Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, à qual o Tietê pertence, vem enfrentando as maiores crises hídricas dos últimos 90 anos, é inadmissível que um grande rio como o Tietê, e outros grandes rios como o Piracicaba, o Jundiaí e o Sorocaba, continuem recebendo esses remanescentes de esgoto."

A solução, segundo ela, é mudar o enquadramento dos rios da Bacia do Alto Tietê, excluindo centenas de afluentes que o Tietê e o Pinheiros têm e que estão enquadrados na classe 4, e que, portanto, não têm limites de carga poluidora. Os maus usos do solo desses pequenos afluentes acabam afetando os rios que recebem suas águas.

"Diante da insuficiência de água para todos os usos, é importante atualizar as resoluções que tratam da qualidade dos rios, exigindo maior tecnologia das estações de tratamento de esgoto, além de buscar a universalização do saneamento. Há muito tempo a gente luta para que se deixe de usar o fosfato como fertilizante, pois o tratamento de esgoto não tira esses produtos químicos que resultam nesse impacto socioambiental para todo mundo. É importante combater a poluição na origem, pois tirar a poluição do rio é mais difícil e lento", afirmou.

O que diz a Cetesb

A Cetesb informou em nota que a diminuição das chuvas, durante o período de outono/inverno reduz a vazão do Rio Tietê e por esse motivo os episódios de formação de espuma na região do município de Salto se intensificam. As principais causas do fenômeno são a presença de surfactantes, encontrados em produtos de limpeza e as quedas d'água deste trecho do rio, que provocam turbulência da água e a formação de espuma. "As empresas de saneamento têm trabalhado para universalizar a coleta e o tratamento dos esgotos domésticos, o que irá colaborar para a melhoria das condições do Rio Tietê", afirmou.

Estadão
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