Temperatura global bate recorde e ultrapassa marca crítica de 2 °C
Em novembro de 2023, as temperaturas globais ultrapassaram brevemente um valor de referência que os cientistas do clima tanto temiam. Dados provisórios sugerem que a temperatura média global provavelmente tenha ultrapassado uma marca crítica de 2 °C acima dos níveis pré-industriais.
Essa seria a primeira vez na história que algo do gênero teria acontecido. "A nossa melhor estimativa é que este foi o primeiro dia em que a temperatura global esteve mais de 2 °C acima dos níveis de 1850-1900 (ou pré-industriais), de 2,06 °C", disse a vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, Dra. Sam Burgess, em suas redes sociais.
Números preocupantes
Segundo Burgess, os dados provisórios obtidos no dia 18 de novembro de 2023 mostram que as temperaturas médias globais estavam 2,06 °C acima dos níveis pré-industriais. Há muitas evidências de que se a Terra permanecer consistentemente acima dessa faixa, isso terá um impacto dramático no meio ambiente e nos seus habitantes — isso inclui os seres humanos.
Em um cenário onde 2 °C acima dos níveis pré-industriais se torna uma constante, isso significaria que 99% dos recifes de corais no mundo acabariam morrendo. Também seria provável observar o declínio significativo nas populações de insetos, 16% das plantas e 8% dos vertebrados com apenas 1,5 °C de aquecimento.
Estudos também indicam que centenas de milhões de pessoas seriam levadas à pobreza relacionada com o clima. O limiar de 2 °C foi um princípio central do Acordo Climático de Paris em 2015, quando os líderes internacionais concordaram em manter o aquecimento global "bem abaixo dos 2 °C acima dos níveis pré-industriais", com a esperança de limitar esse valor a apenas 1,5 °C.
Atenção para o futuro
Vale ressaltar que os números registrados em novembro fazem parte de dados provisórios e que a temperatura média global apenas ultrapassou o limite durante um dia — o que já serve como um sinal de alerta. Para avaliar plenamente o impacto das alterações climáticas, precisamos pensar em termos de anos, décadas e tendências de longo prazo.
Dito isso, alguns consideram esses números recordes como uma referência importante e longe de ser um caso isolado. O ano de 2023 foi marcado por temperaturas recordes, o que parece ser parte de uma tendência maior. Além disso, há uma boa chance de vermos temperaturas ainda crescentes em 2024, caso as trajetórias atuais realmente sirvam de referência.
Os cientistas e ativistas climáticos falam frequentemente em "manter vivo o 1,5 °C", expressando uma esperança de que o mundo possa tomar medidas suficientes para permanecer bem abaixo do limiar dos 2 °C. Embora as altas temperaturas globais de novembro não signifiquem que esse sonho está perdido, o cenário atual deve servir como um estado de alerta generalizado para que o mundo perceba o rumo que estamos seguindo. Caso o contrário, teremos que aprender a viver em um cenário de catástrofe generalizada.
