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Tragédia com submarino: cofundador de empresa diz que pessoas que criticam não estão bem informadas

Em entrevista à BBC, Guillermo Söhnlein rejeitou críticas ao projeto da OceanGate.

23 jun 2023 - 10h58
(atualizado às 11h22)
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Foto do Titan, da OceanGate, de antes do acidente
Foto do Titan, da OceanGate, de antes do acidente
Foto: PA / BBC News Brasil

Guillermo Söhnlein, cofundador da OceanGate - a empresa operadora do submersível que implodiu no fundo do mar durante uma expedição até o naufrágio do Titanic -, rejeitou algumas das críticas dirigidas à companhia sobre a segurança e certificação da embarcação.

Söhnlein deixou a empresa há 10 anos, mas ainda mantém uma participação minoritária.

Ao programa Today, da BBC Radio 4, ele disse que muitos dos que comentaram sobre a segurança do Titan, incluindo o diretor de cinema James Cameron, não foram bem informados.

"As pessoas continuam equiparando certificação com segurança e estão ignorando os 14 anos de desenvolvimento do submarino Titan", diz ele.

Diversos especialistas questionaram os métodos de segurança da embarcação da OceanGate nos últimos dias.

O diretor do filme Titanic (1997), que já fez 33 descidas em submersíveis para visitar os destroços do histórico navio, também comentou o caso.

Ele disse que já temia a tragédia do submarino Titan alguns dias antes da confirmação de que a embarcação provavelmente implodiu, deixando todas as cinco pessoas que estavam a bordo mortas.

Mas para Guillermo Söhnlein, muitos dos críticos da operação não sabem de todos os detalhes do projeto do submersível.

"Qualquer especialista que opine sobre isso, incluindo o senhor Cameron, também tem que admitir que não estava presente durante a realização do projeto do submarino, da engenharia e da construção da embarcação - e certamente não estava lá durante o rigoroso programa de testes pelo qual o sub passou", disse.

Söhnlein afirmou que foi uma "perda trágica para a comunidade de exploração oceânica", mas quem opera no oceano profundo "sabe o risco de operar sob tamanha pressão e que a qualquer momento... você corre o risco desse tipo de implosão ".

Ele acrescentou que acredita que a tecnologia e a inovação podem superar a regulamentação e os desenvolvedores estão em uma posição cada vez melhor para entender os riscos e minimizá-los do que pessoas de fora do projeto.

Guillermo Söhnlein rejeitou críticas ao projeto da OceanGate
Guillermo Söhnlein rejeitou críticas ao projeto da OceanGate
Foto: BBC News Brasil

O caso

A Guarda Costeira americana confirmou na tarde de quinta-feira (22/06) que todos os cinco ocupantes da embarcação morreram após o que provavelmente foi uma "implosão catastrófica" do submersível.

O submarino fazia uma expedição até o naufrágio do Titanic, localizado a 3,8 mil metros de profundidade no fundo do mar.

Um mergulho completo até o naufrágio, incluindo descida e subida, levava oito horas no total.

A OceanGate cobrava US$ 250 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) por pessoa pela expedição de oito dias, que sai do Canadá, para ver o famoso naufrágio.

Após o desaparecimento da embarcação durante o final de semana, relatos de alertas feitos no passado sobre as condições de segurança do submarino começaram a aparecer.

David Lochridge, especialista em submarinos que trabalhou para a OceanGate, alertou seus chefes de que falhas no casco de fibra de carbono do Titan poderiam passar despercebidas sem testes mais rigorosos e recomendou que a empresa contratasse uma agência externa para certificar a embarcação.

Ele disse que seus avisos verbais foram ignorados até que ele escreveu um relatório e foi chamado para uma reunião com vários funcionários — incluindo o executivo-chefe da OceanGate, Stockton Rush, que morreu a bordo do submersível.

A OceanGate demitiu Lochridge. A empresa o processou por revelar informações confidenciais. Já o especialista em submarinos processou a empresa por demissão sem justa causa. As duas partes chegaram a um acordo.

Como ocorre e se desenrola uma implosão

Quando o casco de um submarino se rompe, ele é impelido de fora para dentro a uma velocidade de cerca de 2.100 km/h - algo como 671m por segundo, explica Dave Corley, ex-oficial tripulante de um submarino nuclear dos EUA.

O inteiro colapso da estrutura da embarcação ocorre em um milissegundo, ou um milésimo de segundo.

O tempo de resposta instintiva do cérebro humano a um estímulo qualquer é de cerca de 25 milissegundos, diz Corley. O tempo de resposta racional do ser humano - o tempo de ação após sentir algo - é de aproximadamente 150 milissegundos.

O ar no interior de um submarino tem uma alta concentração de vapores de hidrocarbonetos.

Coley acrescenta que quando o casco se rompe, há ignição instantânea desses gases provocando uma explosão imediatamente após a implosão.

Os corpos humanos são incinerados instantaneamente e imediatamente transformados em cinzas e poeira.

Nota: Apesar da definição genérica de submarino se aplicar também a embarcações submersíveis do tipo do Titan, tecnicamente falando uma embarcação submersível difere de um submarino pela sua capacidade autônoma de deslocamento. Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration, do Reino Unido, submarino é uma embarcação com capacidade de navegar no oceano por si mesma a partir de um porto de origem, enquanto um submersível possui reservas limitadas de energia tendo que ser transportado ao local de imersão por um outro veículo que se encarrega do lançamento e resgate do veículo.

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