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Tragédia com submarino para ver o Titanic era 'claramente evitável', diz especialista

Para William Kohnen, presidente do Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados dos EUA, o setor é regido por regras, e esse tipo de submersível com turistas a bordo "não seria permitido" em águas americanas, britânicas ou canadenses sem ser certificado.

23 jun 2023 - 10h43
(atualizado às 11h51)
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A tragédia com o submarino que levava cinco pessoas para ver os destroços do Titanic era "claramente evitável", disse à BBC William Kohnen, presidente do Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados dos Estados Unidos.

Ele argumenta que o setor é regido por regras, e esse tipo de submersível com turistas a bordo "não seria permitido" em águas americanas, britânicas ou canadenses sem ser certificado, acrescenta.

"Eles (OceanGate) operavam em águas internacionais sem jurisdição de nenhuma Guarda Costeira", diz.

Kohnen escreveu uma carta levantando preocupações de segurança sobre o desenvolvimento do submarino Titan pela OceanGate em 2018.

Ele elogiou o sucesso da indústria de submersíveis subaquáticos, que, segundo ele, não registra grandes desastres desde a década de 1960.

As medidas de segurança da OceanGate estão sob intenso escrutínio desde que o módulo desapareceu.

Por sua vez, Guillermo Söhnlein, co-fundador da empresa, rejeitou as críticas.

Autoridades confirmaram que o submersível da OceanGate provavelmente "implodiu" durante sua descida, matando todos os cinco passageiros a bordo.

As vítimas são Hamish Harding, de 58 anos, Shahzada Dawood, de 48 anos, e seu filho Suleman Dawood, de 19 anos, Paul-Henri Nargeolet, de 77 anos, e Stockton Rush, de 61 anos.

O módulo perdeu contato com a tripulação cerca de 1h45 após iniciar sua descida. Em seguida, as buscas começaram.

Na quarta-feira, a Guarda Costeira dos EUA tuitou que um submarino canadense detectou ruídos subaquáticos na área de busca que resultaram em operações de veículos operados remotamente (ROV) para desvendar o ruído.

Um dia depois, destroços foram descobertos por um ROV perto dos restos do Titanic. O cone da cauda do Titan foi encontrado a 488 metros da proa do Titanic no fundo do mar.

Especialistas confirmaram que a embarcação havia "implodido".

A OceanGate divulgou um comunicado confirmando que os cinco passageiros morreram no acidente.

William Kohnen é presidente do Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados dos Estados Unidos
William Kohnen é presidente do Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados dos Estados Unidos
Foto: BBC News Brasil

Causas

O ex-capitão do submarino da Marinha Real, Ryan Ramsay, delineou algumas possíveis razões para a implosão do Titan da OceanGate em sua descida em direção aos destroços do Titanic.

Ramsay disse à agência de notícias PA que duas coisas podem ter acontecido:

  • a escotilha com os 17 parafusos usados para selar os passageiros falhou, o que causou o colapso do casco "porque há muita pressão, mesmo na metade do caminho".
  • Houve um defeito anterior no próprio casco de pressão, levando ao mesmo resultado.

"O único aspecto 'positivo' disso é que foi instantâneo e eles não sabiam de nada", disse ele.

Segundo Ramsey, as autoridades envolvidas reunirão todos os destroços que encontrarem antes de trazê-los à superfície para procurar as rupturas na estrutura de fibra de carbono.

"Não há caixa-preta, então você não vai conseguir rastrear os últimos movimentos da própria embarcação", diz.

A grande questão que os investigadores tentarão responder é se a causa foi uma falha estrutural.

'Implosão catástrofica'

Segundo o contra-almirante John Auger, o padrão dos destroços é consistente com "uma implosão catastrófica".

Mas o que é uma implosão e como ela difere de uma explosão?

Essencialmente, uma implosão é um colapso repentino da embarcação, neste caso provavelmente devido à enorme pressão da água no Titan. Uma explosão teria sido uma força liberada para fora vinda de dentro da nave.

O submersível estava tão fundo no mar que a pressão de água sobre ele seria equivalente ao peso da Torre Eiffel, dezenas de milhares de toneladas.

As pessoas dentro são mantidas seguras pelo casco.

Mas se há uma ruptura na estrutura, a pressão externa comprime a embarcação e desintegra seu corpo de fibra de carbono.

Quando o casco de um submarino se rompe, ele é impelido de fora para dentro a uma velocidade de cerca de 2.100 km/h - algo como 671m por segundo, explica Dave Corley, ex-oficial tripulante de um submarino nuclear dos EUA.

O inteiro colapso da estrutura da embarcação ocorre em um milissegundo, ou um milésimo de segundo.

O tempo de resposta instintiva do cérebro humano a um estímulo qualquer é de cerca de 25 milissegundos, diz Corley. O tempo de resposta racional do ser humano - o tempo de ação após sentir algo - é de aproximadamente 150 milissegundos.

O ar no interior de um submarino tem uma alta concentração de vapores de hidrocarbonetos.

Coley acrescenta que quando o casco se rompe, há ignição instantânea desses gases provocando uma explosão imediatamente após a implosão.

Os corpos humanos são incinerados instantaneamente e imediatamente transformados em cinzas e poeira.

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