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Único animal imortal do planeta não nos concederá a vida eterna

A água-viva Turritopsis dohrnii é o único animal imortal do mundo. Desvendamos o seu genoma, mas o máximo que conseguiremos com isso será atrasar envelhecimento

10 out 2023 - 23h22
(atualizado em 11/10/2023 às 09h54)
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Foto: Alvaro E. Migotto/CC-BY-3.0/Obra ampliada. / Canaltech

O único animal imortal do mundo, até onde sabemos, é uma minúscula água-viva. Quase do tamanho da unha de um dedo mindinho, a Turritopsos dohrnii reverte o ciclo de vida ao chegar na idade adulta, retornando à juventude em um círculo interminável. Desde que descobriu a característica, a ciência passou a investigar a pequena criatura para descobrir segredos sobre a regeneração e imortalidade de seu DNA e células, possivelmente trazendo os achados à medicina de longevidade futura.

Normalmente, as águas-vivas saem de óvulos fertilizados com um espermatozoide, o que forma um zigoto, evolui para uma larva e flutua pelo mar até se prender ao solo marinho, virando um pólipo. Uma vez lá, a reprodução assexuada faz com que solte diversas pequenas águas-vivas do corpo, que crescem até a idade adulta — quando são chamadas de medusas, por conta dos tentáculos, que lembram o "cabelo" da figura mitológica grega — e eventualmente morrem.

A Turritopsis dohrnii já foi chamada de turritopsis nutricola — biologicamente imortal, demoramos para descobrir suas características genéticas e o que a torna tão longeva (Imagem: Dr. Karen J. Osborn/Domínio Público)
A Turritopsis dohrnii já foi chamada de turritopsis nutricola — biologicamente imortal, demoramos para descobrir suas características genéticas e o que a torna tão longeva (Imagem: Dr. Karen J. Osborn/Domínio Público)
Foto: Canaltech

A T. dohrnii faz o mesmo processo, mas, ao invés de perecer, faz o ciclo retroceder e volta a ser um cisto, esfera que volta a grudar no leito marinho e se transforma em pólipo novamente. É claro que a determinação de "biologicamente imortal" é limitada, já que o processo pode conferir uma vida indefinidamente longa ao animal, mas não o protege dos predadores e dos ácidos de sua digestão. Em outras palavras, para uma criatura de vida eterna, sua expectativa de vida é bastante baixa.

O segredo da imortalidade

Descobrir o que torna essas pequenas águas-vivas imortais não foi tarefa fácil. Seu genoma foi estudado a fundo em um estudo de 2022, cujo trabalho consistiu em uma exaustiva leitura de gene por gene, desfraldando o "manual de instruções" de todo o animal. Ferramentas de bioinformática e genômica comparativa foram utilizadas para revelar as variações envolvidas no "superpoder" da vida longa e regeneração necessárias para uma característica tão única.

Quais são os animais com vida mais longa do mundo? Quais são os animais com vida mais longa do mundo?

No centro do estudo, estava a capacidade de manutenção do DNA e de replicá-lo sem tantos danos, na renovação de células-tronco, comunicação de célula para célula e dano celular oxidativo. Também foi investigada a manutenção dos telômeros, terminações cromossômicas que se "desenrolam" à medida que criaturas envelhecem, diretamente ligados à longevidade, inclusive em humanos, bem como os processos anteriores. No vídeo abaixo, uma representação gráfica de sua vida e filmagens na natureza:

Além dessas habilidades, descobriu-se que as T. dohrnii mudam a expressão gênica por um processo chamado desdiferenciação, que "reinicia" seu relógio biológico. Embora tenhamos conseguido desvendar o que torna o animal imortal — ao menos que seja vítima de um predador, é claro —, nunca conseguiremos replicar seu sucesso em humanos, mesmo que consigamos aplicar algumas técnicas anti-envelhecimento aprendidas com seus processos.

A vida eterna está ligada a diversos dilemas éticos e morais, já explorados tanto por filósofos quanto cientistas, para não falar no desequilíbrio natural gerado — basta olhar para o que acontece com populações animais que se tornam pragas, inviabilizando a vida de outras criaturas em um determinado ambiente. A reflexão mais profunda trazida pela T. dohrnii talvez seja: vale a pena viver para sempre?

Fonte: Developmental Biology, PeerJ

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