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Vacas comem cannabis, ficam chapadas e passam substância ao leite

O cânhamo, variação da Cannabis usada na indústria têxtil e fabricação de CBD, gera biomassa que poderia ser usada na alimentação bovina — mas uso é proibido

17 nov 2022 - 17h22
(atualizado às 17h29)
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Cientistas estão estudando os efeitos do tetraidrocanabinol (THC), substância psicoativa presente no cânhamo industrial, na alimentação de bovinos em comparação com sua dieta padrão, composta de milho e feno. E não é apenas para ver as vacas chapadas, não: na indústria americana, 24 mil toneladas de matéria orgânica que sobra da extração de canabinoides, como o CBD, ficam sem destino após os processos industriais.

Foto: Kim Hansen/CC-BY-3.0 / Canaltech

Como era de se esperar, os animais que se alimentam da substância ficam mais calmos, salivam mais e bocejam com maior frequência, apresentando curiosas brincadeiras com a língua, lambendo seus focinhos, também mais vezes por dia do que o normal. Esses bovinos também passam mais tempo descansando nos potreiros, ruminando tranquilamente. Seu apetite, no entanto, não apresentou mudanças.

Vacas alimentadas com cânhamo ficam tranquilas, salivam e bocejam mais — e passam a substância para o leite (Imagem: Alaina Mclearnon/Unsplash)
Vacas alimentadas com cânhamo ficam tranquilas, salivam e bocejam mais — e passam a substância para o leite (Imagem: Alaina Mclearnon/Unsplash)
Foto: Canaltech

Leite batizado

A questão mais importante, e que, primariamente, estava em investigação no estudo, era a possibilidade do THC ser passado para o leite do animal, subsequentemente chegando até o consumidor humano final. O cânhamo é uma variação da planta Cannabis sativa com menos THC do que a popular maconha, contendo apenas 0,3% da substância.

É plantado, geralmente, por conta de suas fibras, muito úteis na fabricação de cordas e itens têxteis. Nos anos 1930, a planta chegou a ser banida nos Estados Unidos durante fervores anti-drogas, o que foi revertido apenas em 2018. Apesar de expandir o mercado do óleo de CBD e produtos afins, o cânhamo não pode ser dado ao gado para alimentação de forma legal. A biomassa sobressalente acaba descartada.

Publicada no periódico Nature Foods, a pesquisa mostrou que o THC da maioria do cânhamo industrial não afetou as 10 vacas participantes dos testes: quando elas ingeriram os brotos das flores e folhas, partes com maior concentração da substância, no entanto, acabaram comendo menos e produzindo menos leite. Nesse caso, o leite também acabou apresentando níveis de THC, às vezes em níveis que excedem o máximo recomendado por agências de saúde e alimentação na Europa.

Após 2 dias sem ingerir cânhamo, a substância retornou a ser indetectável nos animais, sumindo junto com os sinais de intoxicação, como olhos vermelhos, narizes escorrendo, passos atrapalhados e postura anormal. Não há como saber, ainda, se a queda na produção de leite foi causada pelo THC ou por outros canabinoides ou substâncias químicas presentes no cânhamo.

Cânhamo e as fibras do seu caule, usadas na indústria têxtil e servindo de alimento nutritivo aos animais (Imagem: Natrij/Domínio Público)
Cânhamo e as fibras do seu caule, usadas na indústria têxtil e servindo de alimento nutritivo aos animais (Imagem: Natrij/Domínio Público)
Foto: Canaltech

Benefícios aos animais

Em outros estudos, ovelhas alimentadas com cânhamo apresentaram THC presente nos músculos e na gordura, desaparecendo semanas após a remoção do alimento de suas dietas. As pesquisas têm mostrado poucos contras no uso de cânhamo para alimentação de animais de criação, especialmente considerando o custo da alimentação comum, sempre em crescimento. A planta, que geralmente tem terminado em aterros, tem valor nutricional alto.

Outro estudo, ainda, notou o THC no plasma do gado alimentado com cânhamo, além de outro efeito inesperado: um relaxamento maior, indicado por biomarcadores de estresse. Isso foi constatado nas outras pesquisas também, com taxas de batimentos cardíacos e ritmo respiratório menores e mais tempo descansando.

Animais mais descansados e felizes são mais saudáveis, o que, talvez ironicamente, melhore os efeitos do estresse gerado pela iminência do fim de suas vidas no abatedouro. De qualquer forma, os pesquisadores apontam benefícios desse uso, como tornar a vida dos animais melhor — o que também ajuda a nós, humanos. Resta, agora, realizar estudos posteriores para entender os efeitos do leite com THC caso nós o bebamos — e se isso será maléfico ou benéfico à nossa saúde.

Fonte: Nature Food

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