Vestígios de ocupação humana de 4 mil anos são achados em escavações no Rio
Quase 500 artefatos feitos com pedras e conchas, considerados vestígios de uma ocupação humana com 3 mil a 4 mil anos de antiguidade, foram encontrados nas escavações para a ampliação do metrô do Rio de Janeiro, informou o governo estadual nesta segunda-feira.
Os artefatos foram descobertos por arqueólogos, em meio a material escavado em 2013 como parte das obras para a ampliação do metrô, no canteiro de obras da Linha 4, no bairro da Leopoldina.
No local, preservado para que pudesse trabalhar uma equipe de arqueologia contratada pela própria empresa responsável pelas obras, foram achados 50 artefatos em pedra e 400 conchas.
Trata-se de artefatos característicos do Rio de Janeiro pré-histórico que podem contar a história dos grupos de nômades primitivos que passaram pelo atual território da cidade muito antes que os primeiros grupos de índios começassem a estabelecer-se, segundo o comunicado do governo.
"São peças de 4 mil a 3 mil anos atrás, do período quando os paleo-indios, que circulavam pelas terras ao redor da Baía de Guanabara, eram caçadores-pescadores, coletores e nômades (e seminômades) - ainda não haviam formado tribos, como as concebemos", detalha o comunicado.
Entre os artefatos em pedra e em conchas de ostras, mexilhões e mariscos foram identificadas pontas de lança e ferramentas como martelos primitivos, machados e raspadores utilizados para separar a pele da carne de animais caçados ou para talhar a pedra.
"As peças pré-históricas vão nos ajudar a contar uma parte importante da história do processo populacional primitivo no Rio de Janeiro. Deparar-se com uma descoberta destas no Centro do Rio, uma área que já passou por vários ciclos de ocupação e é tão movimentada, é algo fantástico", afirmou o arqueólogo Claudio Prada de Mello, coordenador da equipe que retirou os artefatos.
O arqueólogo acrescentou que o mais surpreendente é que no mesmo sítio arqueológico, em outra camada de escavação, foram achados há alguns anos cerca de 220.000 artefatos, restos e objetos de uso cotidiano da época em que o Brasil era governado pelo imperador Pedro II, como perfumes, remédios, louças, porcelanas, garrafas, cerâmicas e até joias de ouro.
Entre tais peças se destaca uma escova de dentes em marfim que estava intacta e decorada com a inscrição em francês que o identificava como propriedade de "Sua majestade, o imperador do Brasil".
Na área onde os arqueólogos fizeram as descobertas funcionava o Matadouro Imperial. Uma vez demolido e transferido de lugar em 1881, o lugar foi coberto com terra.