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Vida em lua de Urano? As revelações de nova pesquisa sobre condições do planeta

Dados enviados pela Voyager 2 em 1986 mostravam que as luas de Urano eram completamente diferente do resto do Sistema Solar

11 nov 2024 - 15h56
(atualizado em 12/11/2024 às 10h18)
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Iluistração de Urano e suas cinco maior luas
Iluistração de Urano e suas cinco maior luas
Foto: SPL / BBC News Brasil

Até pouco tempo atrás, os cientistas acreditavam que o planeta Urano e suas cinco maiores luas eram mundos completamente estéreis, sem possibilidade de vida.

Agora eles descobriram que as luas do gigante gelado podem ter oceanos e até ser capazes de sustentar vida, dizem os cientistas.

Muito do que sabemos sobre elas foi coletado pela nave espacial Voyager 2 da Nasa, que visitou o planeta há quase 40 anos.

Mas uma nova análise dos mesmos dados mostra que a visita da Voyager coincidiu com uma poderosa tempestade solar, o que levou a uma ideia enganosa de como o sistema uraniano realmente é.

Urano é um planeta nos confins do sistema solar composto um núcleo rochoso cercado por gelo.

É um dos planetas mais frios, e "inclinado" para o lado em comparação com outros planetas — o que também o torna um dos planetas mais estranhos.

Gráfico mostrando urano e suas luas
Gráfico mostrando urano e suas luas
Foto: BBC News Brasil

Cientistas tiveram a chance de analisar Urano com mais detalhes pela primeira vez em 1986, quando a Voyager 2 passou por ele e tirou fotos sensacionais do planeta e de cinco das suas maiores luas.

Mas o que impressionou os cientistas é que as informações coletadas pela Voyager 2 e enviadas para a Terra mostram que o sistema planetário de Urano (o planeta e suas luas) é ainda mais estranho do que se pensava.

Os dados coletados pelos instrumentos da nave indicavam que o planeta e suas luas eram inativos, diferentemente de outras luas do sistema solar. Eles também mostravam que o campo magnético de Urano era estranhamente distorcido — era meio "esmagado" e empurrado para longe do Sol.

O campo magnético "segura" quaisquer gases e outros materiais que saiam do planeta e suas luas.

A Voyager 2 não encontrou esses materiais, o que era um indício de que o planeta e suas luas eram inativos e estéreis.

Isso foi uma surpresa, porque nenhum dos outros planetas do sistema solar é assim.

Miranda, uma das luas de Urano, fotografada pela Voyager 2
Miranda, uma das luas de Urano, fotografada pela Voyager 2
Foto: NASA / BBC News Brasil

Mas uma nova pesquisa resolveu este mistério de longa data. Ela mostrou que a Voyager 2 passou pelo planeta em um dia ruim.

O estudo mostra que, quando a Voyager estava passando por Urano, o Sol estava passando por uma tempestade solar que criou um poderoso vento solar - que pode ter "soprado" o material dos planetas para fora do campo magnético.

Então, por 40 anos, tivemos uma visão incorreta de Urano e de suas cinco maiores luas, explica o pesquisador William Dunn, da University College London.

"Esses resultados sugerem que o sistema uraniano pode ser muito mais emocionante do que se pensava anteriormente", diz Dunn.

"Pode haver luas lá que podem ter as condições necessárias para a vida, elas podem ter oceanos abaixo da superfície que podem estar cheios de peixes!", afirma ele.

Primeira foto da Urano tirada pela Voyager 2 em 1986
Primeira foto da Urano tirada pela Voyager 2 em 1986
Foto: NASA / BBC News Brasil

Linda Spilker, que trabalhava no programa Voyager quando os dados de Urano chegaram, ainda trabalha na Nasa e disse que ficou muito feliz ao ouvir sobre os novos resultados, publicados na revista científica Journal Nature Astronomy.

"Os resultados são fascinantes, e estou realmente animada em ver que há potencial para vida no sistema uraniano", ela disse à BBC News.

"Também estou muito feliz que tanto esteja sendo feito com os dados da Voyager. É incrível que os cientistas estejam olhando para os dados que coletamos em 1986 e encontrando novos resultados e novas descobertas".

Affelia Wibisono, do Instituto de Estudos Avançados de Dublin, que é independente da equipe de pesquisa, descreveu os resultados como "muito emocionantes".

"Isso mostra o quão importante é olhar para dados antigos, porque às vezes, escondido atrás deles há algo novo a ser descoberto, o que pode nos ajudar a projetar a próxima geração de missões de exploração espacial".

Que é exatamente o que a Nasa está fazendo, em parte como resultado da nova pesquisa.

Já faz quase 40 anos desde que a Voyager 2 passou pelo mundo gelado e suas luas pela última vez.

A Nasa tem planos de lançar uma nova missão, a Uranus Orbiter and Probe, em 10 anos.

A Voyager 2 foi lançada em 1977 para estudar Jupiter, Saturno, Urano e Netuno
A Voyager 2 foi lançada em 1977 para estudar Jupiter, Saturno, Urano e Netuno
Foto: NASA / BBC News Brasil

Foi o cientistas da Nasa Jamie Jasinski que teve a ideia de examinar novamente os dados da Voyager 2.

Segundo ele, a próxima missão vai ter que levar suas novas descobertas em consideração ao projetar os instrumentos e planejar a pesquisa.

"Alguns dos instrumentos para a futura nave espacial estão sendo projetados com base no que aprendemos com a Voyager 2 quando ela passou pelo sistema, ou seja, com base em um momento em que o sistema estava passando por um evento atípico", afirma Jasinski.

"Então, precisamos repensar como exatamente vamos projetar os instrumentos na nova missão com base nas novas descobertas."

A sonda Urano da Nasa deve chegar ao planeta em 2045, que é quando os cientistas esperam descobrir se essas luas geladas distantes, antes consideradas mundos mortos, podem ter a possibilidade de abrigar vida.

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