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Cientistas "acordam" microalgas de 60 anos para entender adaptação ao aquecimento global

Algumas das microalgas criam células de repouso e afundam até o leito marinho após a proliferação terminar

8 abr 2024 - 17h24
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Resumo
Os pesquisadores da Universidade Åbo Akademi, na Finlândia, descobriram como as microalgas se adaptam ao aquecimento global em ambientes naturais, segundo os estudos experimentais apresentados na revista Nature Climate Change
Pesquisadores encontram mudanças genéticas e comportamentais de microalgas na natureza, em resposta ao aumento das temperaturas
Pesquisadores encontram mudanças genéticas e comportamentais de microalgas na natureza, em resposta ao aumento das temperaturas
Foto: Divulgação/Conny Sjöqvist

Pesquisadores da Universidade Åbo Akademi, na Finlândia, descobriram uma forma de entender como as microalgas têm se adaptado ao aquecimento global, algo que até então tinha sido um desafio. 

O estudo foi baseado no comportamento das células de microalgas de até 60 anos atrás, do Mar Arquipélago. 

Algumas das microalgas criam células de repouso, e então elas afundam até o leito marinho após a eflorescência algal (proliferação) terminar. 

Agora, os cientistas descobriram como “acordar” essas células dormentes, que estavam em núcleos de sedimentos. Elas possuem camadas cronológicas diferentes, e portanto, é possível definir uma data através de métodos geológicos.

As descobertas, publicadas na revista Nature Climate Change, são únicas em nível global, já que até não tinham evidências de que as microalgas estavam se adaptando ao aquecimento global em ambientes naturais.

Com os estudos experimentais feitos com as linhagens celulares acordadas, os cientistas conseguiram estabelecer que a espécie se adapta ao aquecimento documentado do mar. 

A temperatura ideal para a espécie aumentou em 0,89°C, enquanto a temperatura média da água subiu aproximadamente 2,5°C entre os anos de 1960 a 2020.

"Este despertar nos permitiu estudar genótipos da espécie que viveram nas décadas de 1960, 1990 e 2010. As microalgas unicelulares desempenham um papel fundamental no funcionamento do ecossistema marinho, pois formam a base da teia alimentar nesse ambiente”, afirma Conny Sjöqvist, pesquisador do projeto em Biologia Ambiental e Marinha, da Universidade Åbo Akademi.

Além disso, ele destaca que as microalgas também são responsáveis por metade de toda a produção de oxigênio do planeta, tornando a atmosfera adequada para grande parte da vida que existe no planeta, inclusive a humana.

Os pesquisadores também observaram uma mudança significativa na forma como as células atuais reagem a temperaturas mais altas, em comparação com as células dos anos 1960. 

As microalgas conseguem mudar a expressão gênica e morfologia celular para aumentar a absorção de nutrientes necessários para sustentar um metabolismo cada vez mais intenso, que ocorre por conta das temperaturas mais elevadas.

Porém, a pesquisa apontou que ao mesmo tempo, análises genéticas mostram que as células dos anos 2010 não sentiram uma mudança tão brusca de temperaturas quanto as dos anos 1960. 

A expressão gênica relacionada ao choque térmico é significativamente menor nas células atuais, o que corrobora com a observação dos cientistas sobre como as microalgas se adaptam.

A descoberta carrega uma importância diferenciada, pois apesar das microalgas terem mostrado um alto potencial de adaptação, os achados anteriores foram criticados, porque as condições de laboratório não refletem o que está acontecendo na natureza de forma realista.

Fonte: Redação Byte
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