Cientistas descobrem origem da barata mais comum no mundo
Estudo revela como a Blattella germanica, apesar do nome, surgiu na Ásia e disseminou-se pelo mundo
Uma equipe internacional de cientistas solucionou um mistério sobre a origem da barata alemã, atribuindo-o a uma espécie asiática há 2,1 mil anos. A proliferação do inseto, além do aumento da resistência a diversos inseticidas, torna-o um grande problema de saúde pública.
Uma equipe internacional de cientistas solucionou um mistério de 250 anos sobre a origem da barata alemã (Blattella germanica), o inseto mais comum em ambientes urbanos internos.
Com análises genômicas de mais de 280 espécimes provenientes de 17 países e seis continentes, a conclusão dos cientistas é que a espécie evoluiu há cerca de 2,1 mil anos a partir de uma espécie asiática. O resultado da pesquisa foi publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.
Embora seu nome sugira uma origem alemã, a barata não é nativa de nenhuma região selvagem na Alemanha. Na verdade, segundo os cientistas, essa espécie não tem um habitat natural em nenhuma parte do mundo. Até hoje, populações desse inseto nunca foram encontradas fora de estruturas construídas pelo homem.
"Ela se formou como espécie devido à sua adaptação aos ambientes criados pelo homem", disse Edward Vargo, co-autor do estudo e entomologista urbano da Texas A&M University, ao jornal The Washington Post. "É uma criação dos ambientes feitos pelo homem."
Depois de evoluir, a barata alemã se propagou pelo sudeste da Ásia, acompanhando os humanos em suas viagens ao redor do mundo. Além de se disseminar rapidamente, ela adquiriu resistência a diversos inseticidas, o que dificulta muito no seu controle com produtos disponíveis para venda.
Segundo o estudo, a barata alemã é um grande problema de saúde pública devido às suas ligações com a propagação de doenças, contaminação de alimentos e seu papel em desencadear asma e alergias.
Primeiro registro
A pesquisa pontua que os primeiros registros da barata surgiram na Europa no meio do século XVIII, logo após a Guerra dos Sete Anos, o que sugere que elas se espalharam pelo continente nas viagens que os soldados faziam.
Inclusive, o nome dela vem do conflito: os russos a chamaram de "barata prussiana", em homenagem ao antigo estado alemão, enquanto seus adversários alemãos a chamaram de "barata russa".
"O nome é verdadeiramente tendencioso e mostra uma preferência pessoal, nacional ou política naquela época", disse o líder da pesquisa, Qian Tang, associado de pesquisa em Harvard, ao The Washington Post.
Durante séculos, o local de origem real do inseto permaneceu desconhecido, enquanto ele se espalhava por todo o mundo. Sua taxa de reprodução é mais rápida do que a de outras espécies de baratas, o que aumenta sua capacidade de evolução. Sua resistência à maioria dos venenos usados contra ele é um dos fatores-chave para seu sucesso.
"Se pudermos conhecer a origem da espécie", disse Tang, "podemos tentar identificar o mecanismo dessa rápida evolução da resistência a inseticidas".