Cientistas sugerem que lulas desenvolvem cérebro da mesma forma que humanos

Em um estudo realizado por pesquisadores de Harvard, nos Estados Unidos, cientistas conseguiram demostrar que os humanos, que se separaram das lulas há pelo menos 500 milhões de anos, desenvolveram seus cérebros da mesma forma. As descobertas foram publicadas na revista Current Biology.

O estudo abordou o grupo dos cefalópodes, que inclui lulas, polvos e moluscos. Com técnicas de imagens ao vivo, utilizando câmeras de alta resolução, cientistas foram capazes de observar embriões de lula da espécie Doryteuthis pealeii.

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A equipe de pesquisa conseguiu notar que, durante o processo de formação do cérebro, com a "neurogênese retiniana", os mecanismos realizados pelos animais foram semelhantes ao de vertebrados como os humanos. 

Foram utilizados corantes fluorescentes para marcar o tipo de célula-tronco denominado de célula progenitora neural, para que fosse possível acompanhar como ela progredia dentro da retina da lula.

A partir daí, os cientistas conseguiram ver essas células se organizando na estrutura do epitélio pseudo-estratificado, determinante para o desenvolvimento de tecidos grandes como o cérebro.

O processo, que é parecido com o que acontece com os humanos, permite que animais com espinha dorsal tenham cérebros e olhos sofisticados, e a novidade sobre a semelhança também acrescenta conhecimento sobre a variedade dos microRNAs no tecido neural das lulas.

Apesar de o grupo dos cefalópodes ser conhecido por sua inteligência, como a capacidade de guardar memórias, usar ferramentas e até sonhar, pesquisadores classificam a descoberta como "surpreendente". 

“Nossas conclusões foram surpreendentes, porque muito do que sabemos sobre o desenvolvimento do sistema nervoso em vertebrados há muito se pensa ser especial para essa linhagem”, disse a autora sênior do estudo Kristen Koenig, bióloga molecular da Universidade de Harvard, em um comunicado.